terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Teologia, Suas Fragilidades E Pós-Modernos

Eu penso que a teologia não pode ser, de nenhuma maneira, uma fonte real de conhecimento. O que eu posso acrescentar à minha teologia é exatamente aquilo que foi dado, e só pode ser dado, por outras áreas do conhecimento. Por exemplo, a partir do momento que a ciência me dá razão para não acreditar que certas experiencias religiosas sejam algo sobrenatural, eu posso propor uma teologia onde isso também é negado. A partir do momento que a relação causa-efeito não permite a existência de uma causa para o universo, eu posso afirmar que, embora Deus possa existir, Ele não pode ser o Criador do universo, nem atemporal, pois desta maneira não seria capaz de intervir nele. Aí surge a importância da lógica, da filosofia, da ciência e de várias outras áreas. A Bíblia relata uma história onde um anjo diz que Deus somente ficou sabendo que Abrãao o temia depois que este tentou sacrificar Isaque. A forma que o mito foi narrado deixa isso mais perceptível. Deus estava testando o seu servo. Geralmente os cristãos costumam metaforizar este tipo de perspectiva ou simplesmente dizem que ela está equivocada, alegando que ele foi abandonado no Novo Testamento, algo que eu discordo em certo sentido. Antes do exílio babilônico não há na Bíblia referencias à imortalidade ou juízo final. A primeira que encontramos está no livro de Daniel. Isso explica muito bem o pessimismo do autor de Eclesiastes. Por quê, entretanto, eles aderem apenas aos conceitos mais agradáveis? Não é estranho? A tradição cristã está sendo tendenciosa ao aceitar, sem a menor reflexão, conceitos divinos como os de Anselmo e Plantinga e por acreditar que a existência do Deus cristão implicaria necessariamente na eternidade dos salvos. De qualquer maneira, no mito de Sísifo nem mesmo a eternidade poderia dar sentido à sua vida.

Hoje mesmo li um post de um destes cristão críticos do esquerdismo. Era só mais um adepto de uma teologia "cristocêntrica" que faz oposição a alguns princípios de Jesus. A crítica feita ao ricos não é porque eles são ricos, mas quanto à postura que eles possuem em relação aos pobres e à sua riqueza. Bem, não há uma teologia cristocêntrica, mas egocêntrica. Isso acontece quando eu preciso do outro para suprir o meu ego e poder fugir da minha absurda sensação de ser igual a uma outra pessoa. Os adeptos da teologia "cristocêntrica" fazem o mesmo que fizeram os soldados romanos, aproveitam aquilo que podem de Jesus. O problema em Jesus ser Deus e homem é que você nunca sabe quando Ele está falando como Deus e quando está falando como homem.

A alegação de que a união feita por "simples" interesses econômicos e políticos é imoral acaba sendo, de alguma forma, também uma crítica à cultura pré-romântica. Os cristãos pós-modernos a criticam, apesar da Bíblia ter vários exemplos dela.

Moral religiosa não é sinônimo de moral divina, muito menos é uma moral objetiva. A própria incapacidade humana de saber se realmente Deus existe ou o que desejaria, caso existisse, é uma especulação e, portanto, subjetiva. Até Deus seria incapaz de demonstrar que as Sua vontades são "objetivamente" as melhores. Jesus pode mostrar-me as marcas em Suas mãos e me dar uma razão para acreditar que o Seu Pai tem o poder de ressuscitar, mas não pode dizer-me porque seria "objetivamente" errado crucificá-Lo de novo. O fato de a vontade d'Ele nos "garantir" a eternidade, a felicidade e várias outras coisas não significa que o Seu valor seja objetivo. Uma resposta simples? Valores morais objetivos não existem, pois precisariam estar no objeto para terem objetividade. O Juízo final não faz sentido porque a justiça não é demonstrável, realizável, muito menos existe. É um conceito meramente humano e que tem em vista a perpetuação da espécie.

_

Nenhum comentário:

Postar um comentário