quinta-feira, 31 de março de 2011

A História de Um Ateu Honesto

Por que eu creio que um ateu "honesto" seria considerado pelas massas um psicopata?
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William Lane Craig e a Ressurreição de Jesus



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segunda-feira, 28 de março de 2011

Humilde Arrogância

Eu achava que seria muita arrogância da minha parte dizer algo tão óbvio como "eu não sou perfeito", mas percebi que estava sendo arrogante como ser humano ao esquecer que somos levados a acreditar tanto em bobagens como esta. Somos tão tolos que muitas vezes cremos em heróis de gravata e capa.

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O Cristianismo é Uma Religião Interesseira?

terça-feira, 22 de março de 2011

Deus, Mitologia e Natureza Religiosa

Descartar a possibilidade de um Deus, limitando-O aos relatos extravagantes e mitos criacionistas é ridículo. Como pode-se concluir que Deus não existe simplemente porque se criaram mitos ao redor de Sua figura? Não podemos dizer que Deus seja um mito pelo simples fato d'Ele sempre ter estado envolvido por mitos. Existem muitas coisas reais em meio aos mitos e provavelmente Deus é uma delas. Teríamos que descartar assim todas as coisas que estão ou estiveram relacionadas com "relatos extraordinários"?

Creio que a explicação que pode ser dada à pergunta "por que existem tantos mitos ao redor da figura divina?" seja a óbvia resposta "não há nada mais provável!" Se as pessoas realmente crêem que um Deus existe fica fácil entender porque existem tantos mitos da criação ou "milagres" dando em árvores. Todas elas estariam intelectualmente e emocionalmente empenhadas em explicar como Ele criou o mundo ou agiu virtuosamente. Todos estariam inclinados à ir além do que conhecem sobre este Deus e sobre o mundo que Ele criou, desejando estar mais próximos d'Ele e expressando tal desejo através de seus mitos. O que o evolucionismo acrescenta à questão da existência de Deus neste sentido? Nada. A mesma coisa que as demais leis existentes em um universo possivelmente ordenado por um Criador. Uma pessoa que se baseia nos mitos antiquados para descartar Deus está fazendo uma análise muito simplória do teísmo. Está caindo em um truque psicológico. Creio que haja uma necessidade de sabermos separar realidade e mitos.

Creio que a crença em livros sagrados e "inerrantes" ajudaram mais ainda o teísmo a ganhar descrédito. Todos se sentiam obrigados a empurrar goela abaixo idéias velhacas, mas que são totalmente irrelevantes para a questão da existência de Deus. A existência de anjos, demônios, céu e inferno são irrelevantes para a idéia básica de um Deus e descartáveis se necessário.

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Uma das Possíveis Explicações Para o Neoateismo

Psicologicamente o neoateismo pode ser entendido como o resultado de um mal desenvolvimento psico-social do indivíduo que cria  uma aversão as autoridades, crendo ele, serem estas reais ou não. A questão é que ele não somente não crê em Deus, mas também rejeita a qualquer custo a possibilidade ou a idéia de uma autoridade acima dele. Ele imaturamente quer mandar e demonstrar independência. Estes ateus não tem aversão a Deus porque não existem evidências de que Ele existe, mas sim porque se negam a ter uma apostura "inferior". Prova disso é que não dão a mínima para o fato de que também não existem exidências de que valores morais objetivos existem. Eles não odeiam a idéia de que tais valores existam. Estão muitas vezes preocupados como o próprio nariz. Dificilmente você encontrará um ateu cortando o próprio pescoço por negar a existência de evidências a favor de uma vida objetivamente significativa, por exemplo. Nada mais estimulante do que participar de um grupo "especial".

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segunda-feira, 7 de março de 2011

Breve Comentário Sobre um Argumento Clássico Para O Tormento Eterno?

"Todo pecado contra o Infinito é um pecado infinito que requer punição perpétua. O tempo de punição do pecado é avaliado de acordo com o grau de dignidade do objeto que foi ofendido. Um pecado contra o Infinito requer uma pena de duração eterna."

Esta foi a objeção feita pelo blogueiro Vinicius ao meu argumento cumulativo do aniquilacionismo. Apresentarei aqui minha "tréplica" à esta forma de argumentação. Eu já refutei amplamente esta frágil alegação, mas creio que poderia falar mais sobre o assunto. Prometo que procurarei analisá-la tanto filosófica quanto teológicamente.

O silogismo pode ser proposto da seguinte maneira:

1. O tempo de punição do pecado é avaliado de acordo com o grau de dignidade do objeto que foi ofendido;
2. Um pecado contra o Infinito requer uma pena de duração eterna;
3. Logo, os pecadores serão punidos eternamente.

Toda a realidade do silogismo se encontra na primeira premissa. Qual é a argumentação feita pelo Vinícius para sustentá-la? Bem, ele se baseia em um sistema de punição com o qual estamos bem familiarizados. Sempre podemos ouvir relatos de pessoas que foram presas por determinado tempo devido a algum delito cometido contra à sociedade, mas na verdade este é apenas um sistema de punição que foi criado por grupos "tolerantes" que abandoram um sistema "bárbaro" de punição. Eu particularmente acredito que seria mais doloroso para mim ser executado do que ter que passar cinco anos preso. Eu até que poderia em determinado momento discordar disso,  mas a questão é que ficamos diante de algum tipo de subjetividade. Em várias sociedades não havia esta coisa de "pagar tempo", a morte rápida seria a punição mais eficiente. O erro ao se fazer o uso de tal argumentação é que ele pega valores socio-culturais e os universaliza. É uma falácia non sequitur:

1. Nós utilizamos determinada forma de punição;
2. Deus irá punir;
3. Logo, Deus irá utilizar a nossa forma de punição.

Crendo em um Deus que está além do tempo entendo que suas decisões morais possuem implicação perpétua, mas isto não quer dizer que os pecadores serão eternamente atormentadas.

Jesus nos apresenta uma leitura diferente do juízo divino. Enquanto muitos defendem que todos os pecadores igualmente pecaram contra um Deus infinito e "merecem" uma punição sem proporção, Jesus diferenciava graus de delitos e de punição. Existem vários textos que expressam essa idéia:

"Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil."

Mateus 5. 22-26

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Jesus, O Pecado Humano e a Doutrina da Expiação Substitutiva

Uma crença defendida pela grande maioria dos teólogos é que nenhum de nós poderia ser salvo se Jesus não morresse em nosso lugar. Que Jesus é uma figura indescartável em nosso sistema soteriológico isto é uma realidade. Não é disso que eu tenho interesse em tratar. Creio que para não ser mal compreendido devo fazer uma clara distinção entre as duas crenças.

A primeira crença se baseia em nossos valores socio-culturais que nos ensinam que determinada pessoa, mesmo arrependida, deve em qualquer caso sofrer algum tipo de punição por cometer determinado delito. Mas isto é um mito. O fato de termos pecado contra Deus não quer dizer que Ele tenha que nos castigar por isso e muito menos castigar uma Outra Pessoa em nosso lugar se quiser nos salvar. Esta idéia de "alguém tem que pagar o pato" não é uma visão que esteja de acordo com muitos dos valores que podemos encontrar na figura de Jesus Cristo e Sua pregação que defendia uma visão mais simples de perdão onde um "Vá e não peques mais" é o suficiente. A verdadeira perspectiva vai muito além disso que se desenvolveu nos rituais expiatórios do Antigo Testamento.

Muitos teólogos não se limitam à pregação de que Jesus morreu por nós, mas dizem que Ele morreria mesmo se fosse pra que um único homem se salvasse ou que se existirem ou existissem seres inteligentes em outro planeta que caíram ou caíssem no pecado Jesus encarnaria também nele e morreria pelos pecadores extraterrestres. Não passa porém, de mera especulação, que a meu ver é bem problemática. Além disso, nada de incontestável nos garante que estas perspectivas sejam verdadeiras.

Prova da minha alegação é que o próprio Jesus não cria nesta perspectiva e que podemos perceber isso quando pediu ao Pai que se possível afastasse dEle aquele amargo cálice. Como pode-se perceber Jesus não cria na mesma postura adotada pela teologia contemporânea. Se Jesus cria que havia uma possibilidade de que Sua morte não fosse "tão necessária" não teria perguntado isso. Para Jesus, Seu Pai possuia outros motivos, não esse tradicionalmente defendido, para a Sua morte. Deus, creio eu, queria ensinar a troca, o perdão, o amor e fazer-nos entender a gravidade do pecado e a dor divina ao se deparar com o pecado humano. Deus queria dizer que apenas nEle se encontra a solução para todo o delito humano.

Não quero dizer que Cristo não morreu por nós e em nosso lugar, mas sim que Sua morte (não somente a morte física) não é necessária no sentido que os cristãos pensam hoje.

Esta perspectiva não diminui o Cristo ao dizer que Sua morte não é (no sentido descrito) necessária à Salvação humana, mas o exalta ao dizer que Cristo morreu mesmo sem ter a necessidade de morrer, por simples obediência ao Seu Pai e amor aos seus eleitos. A idéia de "bode expiatório" creio que não mais expressa o verdadeiro significado da morte messiânica devido ao caráter pejorativo que a expressão ganhou. Deus não é nenhuma divindade sedenta por sangue custe o que custar.

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sábado, 5 de março de 2011

Demonologia, Angelologia, Escatologia e a Teoria Tradicional da Queda


Este tópico é uma resposta ao meu amigo Lucas Dresler e sua objeção ao meu texto "A Bíblia Diz Que o Diabo Corrompeu 1/3 dos Anjos?" http://cosmovisaobiblica.blogspot.com/2011/02/biblia-diz-que-o-diabo-corrompeu-13-dos.html#comments. Lucas, pelo que se pode perceber, assim como uma popular tradição teológica, defende que a crença na queda de 1/3 da população angélica, assim como é ensinada, é biblicamente justificável. Ele nos apresenta textos, que segundo ele mesmo, confirmariam isso. Tratarei de comentá-los neste pequeno espaço.

Como geralmente fazem estes teólogos, Lucas apresenta o texto de Isaias 14. 12 que diz: "Como caíste do céu, ó ESTRELA da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!" Devemos entender que em tal texto o autor não deixa explícito que esteja se tratando literalmente de um anjo caído ou que tenha sido o lider na queda angélica. Deve-se lembrar também que a idéia de que Lúcifer é o nome de um anjo rebelde é um outro mito que foi desenvolvido mais tarde devido a um erro de tradução na Vulgata Latina. O termo latino que significa "portador de luz" é uma proposta de Jerônimo e não pode ser encontrado no texto original. O capítulo 14 de Isaías do versículo 3 ao 22 refere-se a queda e destruição do rei Nabucodonosor da Babilônia. Foram os padres e teólogos da igreja católica que lançaram o versículo 14:12 como sendo referente a queda do príncipe dos demônios Lúcifer. O versículo 4 é bem claro: "Então proferirás este provérbio contra o rei de babilônia, e dirás: Como já cessou o opressor, como já cessou a cidade dourada!"

Quanto a profecia atribuída a Ezequiel, se refere ao rei de Tiro, não à um anjo caído: "Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Jeová: Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura." Como inteligentemente pergunta Paulo de Aragão Lins em seu livro O Que a Bíblia Não Diz: Se ele era querubim protetor, ou cobridor, ou guarda, como significa sua função, ou melhor a de um querubim, pois querubim é um guarda, um guardião, ele estava ali guardando o Éden contra o que, ou contra quem? Na verdade o autor do livro profético repreende o seu orgulho e afirma que o mesmo é um homem e não Deus. O texto faz várias referências a morte e a sepultura e por isso não pode estar se referindo a Satanás.

Lucas ao tentar propor uma leitura de Apocalipse 12 utiliza Apocalipse 1:16 para dizer que estrelas podem significar anjos: "Tinha ele na sua destra sete ESTRELAS; e da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; e o seu rosto era como o sol, quando resplandece na sua força". Também cita Apocalípse 1:20: "Eis o mistério das sete ESTRELAS, que viste na minha destra, e dos sete candeeiros de ouro: AS ESTRELAS SÃO OS ANJOS das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas". Mas se esquece de que o autor afirma que "as sete estrelas" são anjos e não que "1/3 as estrelas" são anjos. Ambas as afirmações estão em contextos claramente diferentes. Ele também usa um exemplo veterotestamentário, Jó 38:7: ”quando as ESTRELAS da alva, juntas, alegremente cantavam, e rujubilavam todos os filhos de Deus?” Mas mesmo que alguém diga que as estrelas signifiquem anjos no texto de Apocalípse 12 a afirmação de que o Dragão com sua calda arrastou 1/3 delas e as lançou por terra continua sendo muito vaga. Pode por exemplo, significar que o Dragão tenha lutado com parte dos seres angélicos e prevalecido até que Miguel apareceu para guerrear ou simplesmente acusado tais anjos de não serem moralmente tão perfeitos quanto o Deus que adoram. Pode ser que 1/3 dos anjos do diabo tenha sido vencido já de início ou que a batalha causou desgosto aos anjos de Deus. Pode ainda ser que não sejam anjos, mas sim meteoritos, sinais celestes ou pragas que seriam lançadas na Terra por mero ódio à espécies humana. É inegável que nem sempre o livro de Apocalípse identifica a estrela como um simbolismo angélico.

Como dito anteriormente, "estrelas" nem sempre significam "anjos": “Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou... destruirá os poderosos e o povo santo” (Daniel 8.10, 24). Fica claro que o exército dos céus a que se refere o texto não é o exército celestial e sim os judeus piedosos que se mantiveram leais á Lei de seu Deus. Daniel também não está se referindo a um anjo caído, mas sim a um governo que haveria de vir e se opor ao "povo escolhido." O capítulo 8 de Daniel não é tão forte à favor disso, ao contrário da alegação de Lucas.

Lucas também cita Judas 1:6 para tentar defender a sua posição. Ele diz: "é nos dito que Deus tem guardado a esses anjos de indigna rebelião para o dia do juízo, o que confirma o fato de que foram expulsos do Céu com seu líder, Satanás." Mas acaba por ir além do que revela o versículo. O mesmo se limita à seguinte afirmação: "E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia." Percebe-se que o texto não diz que 1/3 dos anjos caíu do céu ou que o diabo é o lider responsável pela queda destes anjos.

Fica, portanto, o que havia se afirmado anteriormente. A crença de que o diabo corrompeu 1/3 dos anjos é uma crença que vai além do que é afirmado no texto bíblico. Apocalipse 12 fala que houve uma peleja no céu entre Miguel com os seus anjos e o diabo com os seus anjos, mas ao dizer que esta foi a rebelião inicial ou que envolveu 1/3 dos anjos vê-se que possui teológicamente uma base muito frágil. Poderia ser uma luta como qualquer outra. Devemos lembrar que se os anjos são seres imateriais a idéia de uma luta física é absurdamente simplória por parte do autor apocalíptico. O último livro  da Bíblia fala também sobre 1/3 do sol, da lua, das estrelas, das árvores, das águas e não só de estrelas. Seriam todos literais ou meros simbolos numerológicos?

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terça-feira, 1 de março de 2011

Jesus, O Novo Testamento e a Moralidade Veterotestamentária

Geralmente muitos teólogos afirmam que o caráter proibitivo do Antigo Testamento seria um "treinamento divino" ou "sombras do porvir", mas não temos nenhum motivo para considerar esta possibilidade e ignorar o óbvio. Ao olhar para o Antigo Testamento me deparo com muitos valores primitivos, supersticiosos, preconceituosos, mitológicos, toscos e sem crédito ou validade para a sociedade em que vivemos. A sua natureza proibitiva, nacionalista e em alguns casos henoteista simplesmente reflete a limitada perspectiva das sociedades antigas. Um exemplo disso, podemos encontrar no quinto mandamento, que se baseia em um mito criacionista judaico em que Deus cria o mundo em seis dias e descansa no sétimo. Nada mais natural.

Descarto até mesmo a "atualidade" dos Dez Mandamentos, pois o Decálogo não é tão sofisticado quanto parece. Jesus e os escritores neotestamentários proporam uma nova leitura para ele ao dizer que o mesmo se resume em amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, mas não é isso o que ensina o Decálogo necessariamente. Uma pessoa, por exemplo, pode não cobiçar a esposa do próximo e não amá-lo ou "respeitar" aos pais e não amá-los. Em uma sociedade machista e com um modelo de escravidão como aquela as mulheres, os servos e as servas eram propriedades como a casa, o boi, o jumento ou qualquer outra coisa. Os dez mandamentos estão mais preocupados em zelar pelos bens das pessoas, manter um controle da sociedade e elevar a religiosidade.

Prova de que o Decálogo não é tão inspirado assim é que o mandamento da guarda sabática não respeita a proposta neotestamentária do amor a Deus e ao próximo. Embora, alguém diga que uma pessoa possa adotar o sabatismo por amor a Deus, e isso é verdade, a sua guarda é um excesso ao mandamento moral, pois não é uma descrição do caráter amoroso de Deus. Se Deus, segundo Anselmo de Cantuária, é o Ser do qual nada maior ou mais perfeito pode-se pensar deve ser também Todo amoroso e devemos ter a capacidade de encontrar nEle a ação de amar a Si mesmo e ao Outro sem ter a necessidade de criar o Outro. Para que Deus possa ser Todo amoroso não pode ter este amor apenas potencialmente. O mesmo deve ser uma realidade. Diante disso, concluimos que o mandamento de Jesus aos cristãos é um reflexo de Seu perfeito, imutável e amoroso caráter revelado na Trindade. Através do amor revelado na Trindade encontramos uma lei que se apresenta como uma descrição do caráter divino, o dever de amar a Deus e ao próximo, mas nunca de guardar um dia específico da semana. Se a instituição do sábado está ligada a uma idéia temporal ela não pode ser a demonstração de um caráter imutável e atemporal. O mandamento divino é uma descrição do Seu eterno e imutável caráter e a instituição do sábado não é eterna nem atemporal.

Certa vez um de meus amigos ao defender a moralidade teista alegou que não podem existir valores morais objetivos se Deus não os criou previamente, mas eu discordo em parte. Não creio que Deus tenha "criado" valores morais objetivos, mas sim que estes sejam uma descrição de Seu perfeito e eterno caráter. Talvez alguém alegue que o sábado seja um simbolo veterotestamentário de Jesus, mas esta é simplesmente uma leitura tardia na teologia cristã.

Jesus propôs uma leitura mais elevada para o decálogo que o transcendeu e o fuzilou de vez. Embora uma pessoa não roube o seu próximo pode ao mesmo tempo não amá-lo, mas se o ama se verá inclinada a não roubá-lo. Jesus nos apresentou uma sutil mudança de perspectiva em relação aos valores morais veterotestamentários sem comprometer a sua relação com os judeus de sua época que tanto divinizavam a Torá.

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