Segundo o livro de Atos, Paulo usa esta argumentação sofrível com os atenienses. O final do texto é ainda mais sem sentido: "Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam." Como não adorar a Deus, por não saber que Ele existe, pode ser um pecado? Será que também é pecado não salvar uma pessoa de um atropelamento, mesmo não sabendo que ela foi atropelada? Será que é pecado não ajudar algum organismo em apuros que não seja visível ao olho nu? Será que é pecado não ir ajudar alienígenas que estejam sofrendo em um planeta desconhecido, simplesmente por não sabermos que eles existem? Além disso, dizer simplesmente que o Deus dos cristãos é o Deus verdadeiro não muda nada. Por que uma pessoa deveria ter culpa por não acreditar em uma divindade particular? Em primeiro lugar, existem várias divindades em questão. Ela continuaria sendo ignorante sobre qual seria a verdadeira e, ainda, que fosse apenas uma. Se alguém me apresentar 10 bolinhas de gude e disser que uma delas é premiada, isso será uma jogada de sorte. Não terá nada a ver com um "justo julgamento". Apelar para este sistema evangelístico pobre é o mesmo que dizer que há um "dragão invisível" que irá cuspir fogo em mim se eu não dizer "olá" para ele ou se eu também disser "olá" para um "unicórnio invisível" ou para um "peixe invisível". Os seguidores do "unicórnio invisível" e do "peixe invisível" também podem apresentar as suas ameaças particulares e a natureza exclusivista deles.
Pelo que podemos perceber neste texto Paulo os achava culpados em algum nível. Certamente, menos culpados do que os judeus, mas mesmo assim, responsáveis por uma grande ofensa. Deus, entretanto, poderia perdoá-los se eles se arrependessem de tal "pecado".
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