sábado, 26 de janeiro de 2013

Sobre Uma Possível Teologia Pós-Liberal

Eu cheguei a um ponto em que a discussão entre calvinistas, arminianos, tomistas e outros grupos é uma total perda de tempo. Não questiono simplesmente a validade dos sistemas soteriológicos existentes, mas a própria necessidade de um sistema soteriológico. Este princípio vale para qualquer outra discussão teológica. A teologia deve fazer uso de ferramentas que estejam fora dela. Apelar para a Bíblia ou para a pessoa de Jesus, ignorando Sua figura histórica, é se basear em algo extremamente frágil. Eu posso tirar de Jesus o que admiro n'Ele, mas certo de que a minha admiração por certas coisas se limita simplesmente a uma opinião. No máximo, o que me resta é a crença de que n'Ele se encontra algum mistério, seja ele qual for. Nisso consiste o meu relativismo. É bem provável que se algum anjo me dissesse no céu que há um mundo onde Deus permite o sofrimento, que eu não acreditaria. Eu diria: Sofrimento? O que é isso? E após receber várias informações sobre este termo, eu diria não acreditar no que o anjo acabava de me falar. "Não, não é possível. Deus seria incapaz de permitir um absurdo destes. Este mundo certamente não existe, nem nada parecido." Bem, este mundo existe e eu estou nele. Não há melhor argumento do que este, não? Então, creio que estaria cometendo o mesmo erro se dissesse que o fato de Deus existir garanta que eu possa viver eternamente ou dizer que Ele seria incapaz de atormentar as pessoas no inferno. Se a morte deixou de ser banal, por que o inferno não poderia também?

Eu exijo a punição do Bin Laden não porque eu esteja certo de que ele não esteja fazendo a vontade de Deus ao mandar matar norteamericanos, mas porque não sou capaz de tolerar a sua forma de religiosidade. "Feliz aquele que pegar os seus filhos e os despedaçar contra a rocha!" Salmos 137. 9. Eu não estou dizendo que ele esteja certo ou errado, até porque não acredito em certo e errado, mas vou confrontá-lo onde nossos interesses se chocarem e eu não serei capaz de conviver com ele. Até porque eu preciso estar vivo para pensar em conviver.

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