domingo, 30 de dezembro de 2012

Frases Minhas Sobre Coisas Minhas




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Sobre Valores Estéticos

Todo valor estético é, de forma inelutável, por sua própria natureza, um juízo de valor e, portanto, é simplesmente subjetivo. A subjetividade, e não a objetividade, é o critério determinante para qualquer hierarquia valorativa. Geralmente a intersubjetividade acaba sendo bem enganosa quanto à esta questão ao propor uma aparente objetividade. O valor da raça humana é o mesmo de qualquer outra coisa que exista no universo. O que há na verdade é uma falsa ilusão, que habita em todas as raças animais, do contrário, elas estariam fortemente ameaçadas. Os vegetarianos éticos estão certos ao negarem o especismo, pois não há razão, além de nosso instinto, para crermos que o homem seja mais importante do que qualquer outro animal, entretanto, ignoram, muitas vezes, que também não é possível dizer que um ser pensante seja mais importante do que uma pedra. Se não há nenhum meio de se saber como um valor é objetivo, isso quer dizer que ele não é objetivo, do contrário, poderíamos concluir a sua objetidade. Inclusive, os meus critérios para determinar o que Deus torna "objetivo" são simplesmente subjetivos. A natureza criou meios de enganar o homem, mas o tornou tão inteligente que ele passou a perceber as sua armadilhas. E isso irá custar muito caro para ela.

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

É Possível Ser Cristão Sem Guardar O Sábado?

Sim. É possível ser cristão sem guardar o sábado. Entretanto, tenho que reconhecer que o termo em questão é muito vago. Se definirmos "cristão" como aquele que faz toda a vontade de Jesus, que por sinal não era a Sua Vontade, mas a vontade de Seu Pai, teremos que reconhecer que estes praticamente não existem. Paulo, mesmo, não poderia ser considerado um cristão. Ele não fazia tudo o que Jesus fazia. A Igreja cristão, desde a sua origem, está repleta de divergências internas. Os cristãos, na verdade, até algum ponto acreditam em Jesus e em Sua mensagem. Não porque determinadas doutrinas sejam de Jesus necessariamente, mas porque em algum nível há um contato cultural e Jesus acaba sendo o Seu principal representante. Se, por exemplo, fossem encontrados documentos antigos e historicamente confiáveis dizendo que Jesus aconselhou a matar os descrentes, muitos cristãos se recusariam a fazer isso. Quando uma pessoa diz que um religioso, que também alega ser cristão, não é um cristão legítimo está simplesmente dizendo que ele não observa os mesmos preceitos ou que não possui uma escala de importância semelhante ao seu.

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Mulheres, Direitos Iguais E Proibições Idiotas

De acordo com os critérios bíblicos, os homens que tiram a camisa nestas circunstancias seriam uns pervertidos. Ideias como estas, entretanto, foram abandonadas pela nossa sociedade. Por que as mulheres não podem expor os seios onde os homens fazem o mesmo? As proibições humanas são sem sentido realmente. Algumas delas evitam a nossa extinção? Sim, mas a existência humana também é sem sentido. Não porque o homem seja mortal, apesar de termos dificuldade em encontrar sentido nisso. "Sentido objetivo" também é um conceito vazio.

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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Jesus, O Pobre E Sua Morte

"Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a Betânia  onde estava Lázaro, o que falecera, e a quem ressuscitara dentre os mortos. Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então Maria, tomando um arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento. Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava. Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto; Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes." João 12:1-8

Nestes versículos Jesus parece-me contraditório. Acho que existem várias formas de se expressar um afeto, sem apelar para este tipo de desperdício. Sua desculpa também não é a melhor de todas aqui. Se a essência da mensagem cristã é o amor ao próximo e ajudar os necessitados, acho sem sentido este tipo de prática enquanto muitos sofrem por causa de fome e frio. Talvez a alegação do evangelista de que Judas era um ladrão não passa de uma tentativa de justificar esta situação constrangedora.

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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sentido E Existência

A discussão sobre a vida ter sentido, ou não, não é algo tão simples assim. É impossível acessar certas verdades. Nem poderíamos, jamais, ignorar que a questão se limita à esta dicotomia. O fato de a vida ter um sentido não quer dizer que ele seja exatamente o sentido que gostaríamos que ela tivesse. Órgãos sexuais são profundamente constrangedores e repulsivos, mas eu nasci com eles assim mesmo. Detesto a morte e a doença, mas não sou capaz de me livrar delas. Talvez o sentido da vida seja a coisa em que menos conseguimos encontrar sentido. Ela não é aquilo que é pintado pelos cultos ou pelos bonitos ou pelos ricos ou por qualquer outro grupo "superior". Entendo que alguém possa encontrar mais sentido em funk do que em Beethoven. Eu não consigo fazer isso e tenho dificuldades até para tolerar este tipo de coisa, mas o que poderia fazer? Como poderia argumentar com quem dá comida ao cão que alimente o mendigo que dorme na porta da nossa casa ou que não culpe uma pedra por tê-lo feito tropeçar? Não posso acusá-lo de ter juízos arbitrários, eu também tenho os meus. Como disse o filosofo franco-argelino Albert Camus, "esse coração que há em mim, posso senti-lo e sei que ele existe. O mundo, posso tocá-lo e também julgo que ele existe. Aí se detém toda minha ciência, o resto é construção." Como pessimista, entretanto, estou profundamente inclinado a crer que toda a moral humana seja sem sentido, assim como a sua existência. Sim, o pessimismo é tudo o que tenho, se ele corresponde à realidade já é outra coisa.

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Argumentos Ateológicos

 
Eu, apesar de todo apreço que possuo pela religiosidade, gosto bastante de alguns argumentos ateológicos. Inquestionavelmente eles são muito superiores aos teístas. Os argumentos ateológicos são de duas naturezas: lógicos e evidenciais. Eu, entretanto, prefiro o primeiro tipo e vou me limitar a alguns deles:

Argumento cosmológico

Se a relação causa-efeito requer tempo, e realmente requer, Deus não pode criar o tempo e ser a causa do universo ou de qualquer outra coisa. Uma vez que Deus não pode fazer coisas logicamente impossíveis não pode ser o Criador do universo, nem intervir nele, tendo o mesmo que ser incausado. Isso significa que, ao contrário do que foi dito por Paulo, a existência do mundo é totalmente indiferente à existência de Deus. O argumento cosmológico perde o sentido porque um Deus atemporal não pode criar o universo, o argumento teleológico perde o sentido porque Deus não pode organizá-lo, o argumento experiencial perde o sentido porque Deus não pode se comunicar com o ser humano e o argumento ressurrecional perde o sentido porque Deus não pode interferir no mundo realizando milagres. Se, entretanto, Ele não é atemporal, pode não pode Ser eterno.

Argumento Amoral

Para que Deus seja moralmente perfeito é necessário que a moralidade seja objetiva. A moralidade objetiva, entretanto, não existe em nenhum mundo possível. Se a bondade divina não pode ser tomada arbitrariamente, logo Deus não existe. Alguém, entretanto, pode crer em Deus, apesar e achar que a Sua santidade é apenas subjetiva.

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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um Amor Para Recordar

Estou, neste momento, assistindo ao belo filme "Um Amor Para Recordar". Foram alguns amigos, um em especial, que me orientaram a assisti-lo. Na época eu não curtia muito filmes "melosos", mas aprendi a ter muito carinho por alguns deles. Tal filme tornou-se um dos meus favoritos. Uma das falas que a protagonista acabou de dizer me chamou bastante a atenção. Ela afirmou que não pode haver misericórdia sem um mundo com o mal. Esta é uma crença muito popular entre os cristãos. Eu, entretanto, não acredito que isso seja verdade. O simples fato de poder fazer o mal e não fazê-lo, ou de não pensar em fazê-lo, mesmo que o "pudesse" fazer, já envolve alguma forma de misericórdia. Se Deus não precisa criar seres que se corrompam e, em seguida, perdoá-los para Ser finalmente Bom, um mundo não precisa disso para ser bom também.

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Frases Ao Vento

Sobre Roma Ter O Cetro Da Verdade Antes Do Cisma

Eu acho estranho ver uma igreja se separar, por causa de suas divergências político-religiosas internas, e uma corrente se considerar a única verdadeira, simplesmente por se manter em Roma. Segundo Jesus, a adoração feita a Deus, em Espírito e em verdade, não pode ser reduzida à mera geografia. Muitos, como os ortodoxos, alegam que o "cetro da verdade" foi uma posse do catolicismo até o momento do Cisma. Bem, o fato de concordarem com alguns pontos anteriormente não quer dizer que estavam certos. A discordância e a separação simplesmente concede-nos um meio através do qual é possível demonstrar que todos os grupos não podem estar certos sobre certas questões ao mesmo tempo. Nunca houve um "dono da verdade" na Igreja cristã, nem mesmo Jesus chegou a sê-Lo.

No mundo evangélico os demônios falam, berram, dançam e se contorcem. Deus, entretanto, não dá um suspiro sequer.

"O salário do pecado é a morte." Esta afirmação paulina é questionável em muitos pontos. Sabemos que o mito da Criação não fornece nenhuma base consistente para esta perspectiva. A morte existia muito antes do ser humano existir e, conseqüentemente, muito antes do pecado existir também. Esta ideia está intimamente relacionada ao sistema veterotestamentário e à prática de oferecer sacrifícios humanos e animais. Possui implicações em certas posturas escatológicas, já que o aniquilacionismo e outras perspectivas foram profundamente influenciada por ela.

Algo que exista necessariamente não precisa ser aquilo do qual nada maior ou mais perfeito pode-se pensar, pois ambos conceitos são diferentes e um não implica necessariamente no outro. Sendo assim, qualquer coisa que eu puder imaginar como tendo uma inexistência impossível, se torna necessária e impossível de não existir. Eu poderia provar a existência de uma pizza, se a definir como necessária. Até porque a alegação de que somente Deus pode ser necessário é apenas um pressuposto religioso, mais nada.

Deus, segundo a religião cristã, possui atributos comunicáveis e incomunicáveis. É fato que realmente existem atributos que Ele não pode comunicar. Entretanto, muitos destes supostos "atributos incomunicáveis" não nos dão nenhuma razão para que o consideremos como tais a não ser a confissão bíblica e a tradição religiosa.

O sofrimento humano? Se Deus sendo onipotente, onisciente e Todo-bom pode tolerá-Lo, por que eu não poderia?

Como bem lembra o estudioso pluralista John Hick, a ideia de que Jesus possui duas naturezas, uma humana e outra divina, não passa de uma formulação dos concílios de Nicéia e Calcedônia. Os teólogos nunca foram capazes de tornar inteligível a ideia de que Jesus possui duas naturezas. Jesus, como bem diz Hick e outros importantes estudiosos, foi um judeu que se tornou, em seus últimos anos de vida, um pregador e curador carismático. Chamou discípulos e foi visto por eles como o Messias, mas não afirmava ser a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, nem tinha o interesse de fundar uma nova religião porque cria que dentro de alguns anos Deus haveria de intervir e instaurar o Seu Reino na Terra. É totalmente sem sentido este valor que os ortodoxos dão aos Pais da Igreja.

Deus, dependendo do que entendemos por isso, não pode ter uma natureza humana, nem se tornar humano. Por outro lado, se Jesus possuiu uma natureza humana incapaz de pecar, que foi extinta após a Sua ascensão, isso que dizer que ela superou o pecado por seus próprios esforços e Deus, agindo injustamente, não salvou um merecedor de salvação.

A ideia de um "Deus atemporal" é extremamente problemática. Ele, aliás, nada, pode ser a causa do tempo porque a causa deve anteceder temporalmente o efeito. Este Deus torna-se incapaz de ser a causa de qualquer coisa. Teorizar a existência de milagres torna-se, portanto, algo impensável.

Eu sou vegetariano há quatro anos, mas há um bom tempo abandonei o vegetarianismo ético. Sou um relativista desinteressado. Todo sentido é simplesmente algo inventado e este fato não costuma me motivar muito.

Eu perdi a fé, tudo aquilo que disseram que eu não poderia perder. Ela realmente possui seus benefícios, eu não nego. A fé pode me ajudar a correr como eu nunca poderia correr nesta vida, entretanto, nunca será capaz de me fazer correr tão rápido ao ponto de voar. Correr velozmente, para mim, não basta. Eu desejo mais do que poderia ter.

Por muito tempo o meu critério para rejeitar as outras religiões consistiu apenas no fato de não haver nenhum motivo para acreditar nelas. Com o passar do tempo percebi que também não havia nenhum motivo para acreditar no cristianismo. O meu inclusivismo teológico possuía ainda uma humildade comprometida, pois ele dizia que eu deveria tolerar a possibilidade do outro estar errado, mas não pensava seriamente na possibilidade de eu estar errado.

Muitos dizem que optar pelo teísmo é um meio de se sair do niilismo. Isso é obviamente falso. Assim como é falso que a crença em Deus acaba com a fome, a morte, a doença e a guerra. A crença em Deus pode até mesmo estar passando esta responsabilidade para algo que não existe.

Há alguns anos eu pensava que dedicar-se à ficção era uma perda de tempo. Hoje, acho que perdemos tempo com a realidade.

Nós costumamos chamar de medíocre tudo aquilo que parece ir contra a nossa visão do que seria favorável à nossa existência e aos "bons modos", entretanto, não percebemos que a nossa existência e os "bons costumes" são igualmente medíocres.

Se o corpo não fosse feito para se ver, ele seria invisível.

Um problema sério da teologia cristã é que ela requer a inocentação daqueles que, apesar terem péssimos meios, possuem boas intenções e todas as pessoas, em algum sentido, possuem as melhores intenções possíveis.

Nada melhor representa o todo do que a ausência de significado.

Enquanto houver tempo tudo será perda de tempo.

Filosofar sobre a sua inutilidade não o fará mais útil.

Eu só sei que o que sei é suficiente para me atormentar.

Eu não estou me tornando cada vez mais egoísta. Eu simplesmente acho que não mais me importo comigo. Pelo menos, não tanto quanto antes.

Nada é o resumo de todas as coisas.

De que adianta uma fé que remove montanhas se o que você deve fazer, na verdade, é aprender a conviver com elas?

O sentido do segundo Adão se revela a partir do primeiro Adão e o primeiro Adão não possui sentido nenhum.

Vegetarianos éticos deveriam impedir que os gatos comessem ratos ou que os galos estuprassem galinhas.

Música, bebida e mulheres.

O homem é, por natureza, incapaz de compreender a grandeza de sua própria inutilidade.

O sentido intrínseco da vida é simplesmente viver para poder se reproduzir e perpetuar os genes. Não há, nem pode haver, nenhum sentido transcendental.

A excentricidade nem sempre é resultado da necessidade exagerada de aparecer. Em alguns casos ela é uma consequência do dom de ver com certa naturalidade alguns elementos que não são tão comuns em nossa sociedade.

É um equívoco julgar uma pessoa pela cor, pelo tamanho ou pelo sexo. Somos todos igualmente inúteis e a nossa inutilidade não tem nada a ver com alguma destas coisas.

Entendo que o sofrimento seja o mega-fone de Deus, para acordar um mundo surdo, mas no meu caso, bastaria ele tocar no meu ombro. Eu despertaria com o mais belo sorriso.

É muito difícil respeitar a superstição alheia e inaceitável é a indiferença quanto a sua própria superstição.

O que me faz duvidar de um homem que se diz capaz de ler mentes não é que eu ache isso realmente impossível, afinal, se este fosse o caso, eu poderia provar que Deus não existe, mas é que eu não conheço nenhum homem capaz e ler mentes. O fato de conseguirem fazer através de um truque, entretanto, não quer dizer necessariamente que eu ele um truque também. A relação causa-efeito é simplesmente um pressuposto.

Jesus não é exatamente o tipo de Messias que pregava o Antigo Testamento. Este é o motivo dos judeus o rejeitarem. Jesus, ainda por cima, disse que surgiriam vários pregadores bem semelhantes a ele, mas não exatamente iguais e que poderiam enganar-nos e mandar-nos para o inferno. Por este motivo que o messianismo não fazer sentido para mim. Se não for para aceitar um Messias diferente do que foi anunciado, eu acabaria por desclassificar o próprio Jesus como Messias e, em seguida, classificá-Lo como um falso Messias, o menos Messias de todos.

Inicialmente eu achei as leis do AT idiotas, assim como muitas leis existentes no mundo. Hoje acho que todas as leis tem o mesmo valor. "Se for dirigir, não beba" só possui um significado mais nobre do que "dr for plantar, não misture sementes" no campo da subjetividade.

A pneumatologia não faz sentido. É estranho acreditar que o Espírito Santo substituiu a Jesus e que, mesmo assim, acreditar que Jesus continua atuando.

Se o Espirito Santo, só pode oferecer o silêncio, acho que ele não seria necessário, pois Jesus, ao "deixar" os Seus discípulos, poderia oferecê-lo. Ele apresentou o outro consolador exatamente porque o silêncio divino, em certas circunstancias, não seria capaz de consolar.

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Se Sou Liberal?

Eu não sou ortodoxo, nem neo-ortodoxo, nem liberal. Teólogos liberais ainda pressupõem muita coisa que eu acho problemática. Eu prefiro adotar o termo "pós-liberal". Meu comprometimento com a religião é mais emocional do que intelectual, assim como é a minha relação com meus pais e meus amigos. A acho intelectualmente pobre, emocionalmente impossível de ser abandonada e profundamente particular. Não possui para mim peso de verdade. A religião é simplesmente como óculos coloridos para ver o mundo.

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O Sofrimento, A Onipotência E Suas Implicações

 
Nós evitamos fazer certas coisa às pessoas porque cremos que estas possam causar prejuízos reais para elas. Se, entretanto, Deus possui o poder de tirar coisas boas de coisas más, isso quer dizer que todo o prejuízo que podemos sofrer ou causar é simplesmente algo aparente e trivial. Não há realmente nada que me faça sentir obrigado a evitar prejuízos aparentes. Se um estupro ou um atropelamento pode, e deve, ser convertido em um benefício por Deus, não há motivo para eu encará-lo como algo ameaçador. Isto, entretanto, é uma ideia profundamente anticristã que, ironicamente, é uma implicação inquestionável de uma ideia profundamente cristã. Quanto maior for o poder divino de beneficiar, menor deverá ser a nossa dificuldade em ter motivos reais para evitar certas coisas. Considerando isso, eu posso imaginar uma conversa estranha com Deus onde Ele me diz "não faça isso", eu pergunto "por quê? Pode causar algum prejuízo?" e ele responde "não. Não pode causar nenhum prejuízo real. Eu só não quero que você faça isso". No fim das contas as proibições divinas acabam sendo simplesmente vazias, sem sentido e arbitrárias. Há uma grande dificuldade em tentar conciliar estas duas ideias sem chegar à esta conclusão, pois as "proibições divinas" acabam perdendo o sentido. Se eu faço alguma jogada aparentemente prejudicial a mim no jogo de Xadrez e logo depois ela, por desatenção do meu oponente, acaba me beneficiando, não posso vê-la como um mal no fim das contas ou algo que certamente não poderia ter feito. Prejuízos aparentes não são reais ameaçadores.

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sábado, 15 de dezembro de 2012

Sobre Os Pontos Bíblicos Em Comum

O fato de os escritores, especialmente os neotestamentários, possuírem muitas semelhanças em suas pregações não quer dizer nada sobre a veracidade das mesmas. Eu poderia apresentar vários dispensacionalistas que possuem muitas crenças em comum nas questões escatológicas. As superstições pós-modernas, assim como as medievais, são compartilhadas, e foram, por massas incontáveis. A Igreja primitiva trabalhava com a doutrinação e a tradição e estava limitada a um contexto social. Não há, portanto, nada de extraordinário em encontrar algum tipo de consenso.

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Sobre Não Reduzir O Seu Tempo De Vida

Me lembro de uma amigo que argumentou que o homicídio é imoral porque uma pessoa está negando ajuda à outra ao deixar de existir. Segundo a logica dele, pode-se dizer que existe um tempo certo para existir. Eu acho isso um equívoco. Se não existe um "tempo certo" para outras coisas do nosso cotidiano não acho que a vida deveria ter. Há, na verdade, uma estranheza causada pela nossa realidade. Pode ser absurdo ver alguma pessoa morrendo com 30 ou 40 anos hoje em dia, mas no passado, onde a vida humana era muito mais curta, isso não pareceria. Se daqui há alguns séculos as pessoas possuírem uma longevidade superior à nossa parecerá absurda, para eles, a nossa miserável existência. O princípio de que diminuir o seu tempo de vida é algo imoral possui lá suas implicações. Quantos dos nossos hábitos não cooperam para este quadro? Fumo, má alimentação, sedentarismo, humor, exposição ao sol, etc. Acho que uma lista honesta acabaria por ser extremamente extensa. Não devo ignorar ainda que me parece absurdo pedir para quem está pendurado em um abismo que me empreste um lápis para anotar um telefone.

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Sobre Aniversários

Sempre achei estranha esta prática de alguém te dar parabéns por ter feito aniversário. Parece que você acabou de, sem esforço algum, fazer um grande favor à humanidade. Poderiam se contentar em dizer apenas "felicidades!" ou coisa do tipo. É com o passar do tempo, entretanto, que você começa a entender melhor o que é a existência, se é que realmente a podemos entender, e se vê obrigado a chamar quem insiste em existir de louco ou dar-lhe os parabéns por ainda ser capaz de encontrar motivos para existir, mesmo sem saber bem o que é isso.

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A Revolta Dos Peixes


E o homem triste enganou ao diabo
Vendendo a este a alma que já não tinha
E não pode ir para o inferno e ser atormentado
Teve que se contentar com o que sofre deste lado da linha

Ninguém se perturbara com isso
Depois que um homem encontrara uma resposta do tipo
"Porque Deus prometeu não dar serpente em lugar de peixe!"
Isso causou um enorme reboliço
Entre os peixes que estavam presentes

Disseram que eramos como uma serpentes para eles
Que agíamos como monstros ao prende-los em redes
Antes que todos pudéssemos dizer amém
Os peixes perguntaram: Senhor, por caso, não somos Seus filhos também?

No Juízo Final a água inundou
E somente o que era peixe se salvou
Até mesmo Noé
Que assitia a tudo de pé
Teve que nadar, mas não escapou

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Sobre A Etenidade

Eu confesso que vejo com um certo estranhamento quando os cristãos são questionados sobre o motivo de fazerem o bem e eles acabam dizendo que fazem isso para irem para o céu e fugirem do inferno. Eu acho que o único lado bom da eternidade é poder fazer o bem por toda a eternidade. Se isso não for possível, valeu, pelo menos, a intenção de desejar isso.

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Inferno

Me parece realmente absurdo, segundo alguns dos nossos valores subjetivos, que alguém sofra a eternidade por causa de pecados que cometeu durante uma vida finita. Muitos teístas, entretanto, costumam argumentar que o tempo de punição no "inferno" acaba sendo proporcional ao pecado que foi cometido contra um Ser infinitamente Majestoso. Bem, como eu já disse uma vez, de acordo com o cristianismo todo ato imoral acaba sendo cometido contra Ele. Tanto que, possivelmente, Tiago disse que quem desrespeita a um preceito da Lei acaba por desrespeitar a todos os demais também. Quem rouba ao próximo rouba a Deus. Sendo assim, para serem justos, acho que também deveriam condenar ladrões de galinhas e de tampinhas de caneta à prisão perpétua.

Há aqueles que adotam uma perspectiva como a de C. S. Lewis. Acreditam que Deus não lança as pessoas no inferno, elas é que se trancam nele, por dentro, por causa de seus egoísmos. Se o inferno, mesmo sendo apenas um tormento mental, for mais atormentador do que qualquer coisa imaginável quem é que vai optar, sob tortura, por continuar com seus vícios? Quem é que não iria enlouquecer com tais tormentos? Se as aflições da Terra já nos enlouquecem imaginem as que poderiam existir lá. Bem, um Deus amoroso não nos deixaria atormentar loucos que, perderam até mesmo, toda a percepção da dor em sua completa insanidade, não?

Outros alegam que os perdidos odiarão cada vez mais a Deus e, por isso, dia após dia receberão a recompensa pelos seus pecados. A Bíblia, entretanto, vai contra esta interpretação.

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Maria Sharapova


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Sobre O Poder Divino

Uma vez que o sofrimento é um problema sério para a perspectiva cristã majoritária há esta necessidade de se questionar a crença no atributo de onipotência divina, caso queiramos ainda considerá-Lo possuidor de onisciência e oni-benevolência. O fato de Deus não ser onipotente não é tão simples como parece ser. A pergunta que me vem à mente é: "em que consiste e até onde vai o poder divino?" Também me pergunto, se o motivo de Deus não acaba com certos sofrimentos que existem neste mundo qual esperança eu deveria ter de que Ele possa fazer isso no futuro? Isto é algo realmente desagradável. Tira-nos aquela sensação de ter tudo sobre controle.

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Por Que Eu Não Dou Tanta Importância Ao Batismo E À Santa Ceia?

Eu não sou muito dado à liturgia. Gosto de contemplar apenas. Acho algo muito bonito, mas sou antissocial em excesso.

Vocês lavam os pés uns dos outros? Ungem a cabeça e lavam o rosto antes de jejuar? Já cortaram algum membro dos seus corpos? Costumam deixar de lutar por seus pertences? Sacodem a poeira das sandálias ao saírem da casa de um descrente? Só ofertam depois de terem se reconciliado com o seu irmão? Bem, eu não. Nem condeno quem não faz estas coisas.

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Jesus E A Oração

Jesus propõe uma refutação à prática pagã de fazer orações repetidas e, aparentemente, refutou a Si mesmo. Segundo Ele, não há esta necessidade de se pedir muito porque Deus já conhece todas as nossas necessidades. Isto, entretanto, deveria valer para qualquer pedido feito em uma oração. Se, por outro lado, fazer repetidas orações é uma tolice não há sentido na parábola do Juiz Iníquo.

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Sobre A Crença Em Deus Ser Uma Escolha

Acreditar em Deus não é uma escolha assim como acreditar no Papai Noel ou na minha mãe não é uma escolha. A razão não pode me dar garantia de que a realidade é esta que eu percebo com os meus olhos, mas meu cérebro é programado para acreditar nela. Não é algo que eu consigo escolher. Não posso dizer para mim mesmo que a existência das demais pessoas não passa simplesmente de uma ilusão da minha cabeça, se é que eu realmente possuo uma cabeça. Isto, entretanto, não quer dizer que eu esteja fadado a morrer com a mesma opinião, nem que não possa deixar de crer em Deus algum dia. Nossas opiniões sofrem mudanças, mas não podem ultrapassar certas barreiras. Não importa o que você faça, eu não irei conseguir acreditar que você possui um unicórnio de estimação, que há um monstro embaixo da sua cama, nem que eu sou um androide projetado para viver com a convicção de que é um ser humano. É desonesto da minha parte comparar a existência de Deus a de seres mitológicos? Bem, isso quer dizer que você não consegue acreditar na existência deles e por isso os considera mitológicos. Ilógicos, pelo menos, eles não são. A questão é que existem fatores anteriores que determinam a nossa crença ou a nossa descrença.

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Jesus, A Tentação E O Corpo

"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno." Mateus 5:27-30

Ao contrário do que muitos dizem, Jesus está criticando apenas a cobiça pela mulher alheia, ou seja, o adultério ou o desejo de consumá-lo, não necessariamente o desejo de realização sexual com alguma mulher que não seja a sua esposa. Este texto em especial não fala nada, seja a favor ou contra, as relações sexuais pré-maritais ou a prostituição. Me lembro da história de um católico que teve uma ereção enquanto dançava com uma mulher e constrangido, com o seu "pecado", correu para a sua casa e amputou o próprio pênis. Geralmente há uma grande crítica feita a pessoas que chegam a este extremo. Não há, porém, indícios de que este ensino de Jesus não deva ser tomado de forma literal. Apesar isso, não conheço nenhum apologista cristão que defenda este tipo de prática. Jesus, entretanto, não está dizendo necessariamente que você deve arrancar o seu olho, ou a sua mão, se ele o "fez" pecar em alguma oportunidade, mas se ele te impede de viver uma vida em santidade. O princípio de Jesus é o de que devemos nos afastar da tentação a qualquer custo e que a amputação se torna valida quando há esta necessidade. As pessoas que acham este ensinamento absurdo sempre acabam por se limitar a um simbolismo, mas não vejo nenhuma razão para pensar isso. Por que este extremo da parte de Jesus? Certamente porque Ele via o pecado como algo absurdamente perigoso e imoral e que Deus, inflexível, haveria de recompensar tudo na eternidade. Se o corpo humano é uma propriedade divina e Deus é capaz de suprir todas nossas necessidades por que deveriam achar a explícita interpretação literal absurda? Nenhuma.

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Tatuagem

Eu recentemente passei a ter uma queda por mulheres tatuadas. Creio que isto esteja ligado ao meu envolvimento, também recente, com a arte, devido o meu desencantamento com a teologia e com a filosofia. Eu vejo uma mulher tatuada como uma alma artística ou como uma mulher que sabe apreciar uma bela obra de arte. Eu não tenho tatuagem, mas gostaria muito de ter uma mulher que possua alguma, que, preferencialmente, faça uma homenagem a mim através dela.

Os argumentos principais utilizados pelos conservadores falam sobre proibições veterotestamentárias, origens pagãs da tatuagem e a alegação de que certas modificações corporais impedem-nos de ser à imagem e semelhança de Deus. São, no meu ver, todos argumentos bobos. Como será que se sentem as pessoas que tiveram partes de seus corpos queimadas pelo fogo ou as que tiveram alguns de seus membros amputados? Será que meras transformações físicas podem tirar-lhes a "imagem e semelhança" de Deus? Eu pensaria exatamente o contrário.

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sobre "Mulheres Vulgares"

As mulheres que viveram no século XVII achariam vulgar a mais recatada de nossas mulheres. A ideia de "vulgaridade", assim como a de "simplicidade" e "modéstia", é bem subjetiva. A Bíblia não encara estas coisas como nós encaramos hoje em dia. Se vulgar seria toda mulher que não está de acordo com a sua cultura ou com parte dela? Acho que não. Não é possível dizer qual parte da cultura está "certa" ou "errada", nem dizer que esta seja "superior" ou "inferior" a qualquer outra. Como poderei saber qual é a luva menos indecente: a que cobre toda a mão ou apenas parte dela? Acho que esta discussão é meio boba. É como se todo mundo usasse camisetas vermelhas e se escandalizasse com pessoas que passassem a usar camisetas verdes. A roupa formal de hoje é a roupa vulgar de ontem. Estamos louvando os "audaciosos vulgares" do passado. Se é compreensível a existência de sociedades que não usam roupas, como é o caso de muitas sociedades indígenas, também é compreensível que algumas sociedades usem mais ou menos roupas do que a nossa ou que qualquer outra. Se eu não me escandalizo com a nudez dos índios, por ser simplesmente algo pertencente à cultura deles, por que deveria me escandalizar com mulheres que usam roupas curtas? Bem, por mais curta que seja uma roupa, ela sempre cobrirá mais do que roupa nenhuma, não?

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Siliconada E Perfumado

- Seus seios são falsos. Como você pode querer ter um homem verdadeiro?
- Você usa perfume?
- Sim. Uso.
- Bem. Este não é o seu cheiro verdadeiro...

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O valor que a "lógica do mártir" possui na religião partidarista não é compartilhado com o inclusivismo. Se o namorado atual de Maria for abordado pelo ex-namorado dela, estando este armado até os dentes, poderá simplesmente mentir a fim de preservar a sua vida e viver com ela após este desagradável evento. Se a negação, que por si mesma é irrelevante neste aspecto, é apenas aparente não há uma traição à divindade. Pão, pão, queijo, queijo.

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domingo, 9 de dezembro de 2012

Que Coisa Mais Fofa!


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Budismo

Homem toca os pés da estátua do Lingshan Grand Buddha em Wuxi, na China.

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Jesus E Demonstrações "Sobrenaturais Superficiais"

Segundo os evangelhos, Jesus culpou uma figueira por não ter frutos. Irado a amaldiçoou ao ponto dela secar. Esta foi uma demonstração "superficial" de um milagre. Jesus já havia realizado vários milagres e, por este motivo, não precisaria fazer isso para demonstrar o Seu poder. Estranhamente Ele culpa uma planta de não lhe ter dado o que comer, mesmo que aquele não era o seu tempo de dar frutos. Considerando o contexto é bem improvável que Jesus estivesse querendo dar um ensinamento simbólico através do evento. Os discípulos o ouviram amaldiçoar a planta, não parece ter sido algo premeditado por Jesus. Este princípio de que apenas seres pessoais podem ser agentes morais foi totalmente desrespeitado ali. Logo em seguida Jesus ensinou que se os Seus discípulos não duvidassem poderiam mover montanhas. Este, entretanto, seria um milagre "sem sentido" também, apenas uma demonstração de poder, como aquelas que podemos ver em filmes hollywoodianos. Não há, aparentemente, nenhum benefício a ninguém. É apenas a promessa de Jesus de que podemos experimentar a grandeza do poder divino. Não há cura de cegos, surdos ou coisa do tipo. Por outro lado, não me lembro de ter visto este tipo de coisa. Se isto fosse verdade os cientistas poderiam recriar os nossos cérebros e fazer os milagres serem algo constante e chateador. Se alguém se jogar do nono andar de um prédio, será que irá conseguir se salvar simplesmente porque não tem nenhuma dúvida de que isso irá acontecer? Não há nenhum indicativo de que o pensamento positivo tenha este tipo de poder.

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Sobre Judas Iscariotes

Eu acho que a maioria das pessoas está equivocada a respeito de Judas. Não estou dizendo que eu seja mais um adepto de teorias da conspiração feitas em cima de algum livro apócrifo que o considere um herói. Realmente acredito que ele tenha traído a Jesus, mas não penso que a crença de que Judas tenha se "salvado" seja totalmente falsa. Há, ao que me parece, dois extremos opostos. O valor do apócrifo de Judas é mais filosófico e teológico do que histórico, pois apesar de não poder nos dar detalhes sobre os eventos envolvendo o relacionamento de Jesus com os Seus discípulos revela algo que eu acredito que nós não conseguimos, ou não queremos ver.

Acho que somos capazes de "salvá-lo", se levarmos em consideração o que Jesus ensinou sobre o perdão. Judas traiu a Jesus, mas apresentou posteriormente um grande descontentamento com o seu ato. Meus amigos geralmente questionam isso propondo a dicotomia arrependimento x remorso. Segundo eles, Judas não teve um arrependimento sincero. Bem, o que seria um arrependimento sincero? Vamos analisar um dos textos que narram este acontecimento:

"Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos,
Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo.
E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.
E os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue.
E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros." Mateus 27:3-7

Pelo que podemos perceber Judas reconheceu o seu pecado, se arrependeu de tê-lo cometido e se tivesse a oportunidade de cometê-lo novamente, não o faria. Alguém pode dizer que apesar disso, Judas não acreditava na ressurreição de seu Mestre, mas quem dos seus discípulos acreditava? Jesus estava em descrédito total com eles. Me parece que o fato de Judas ter traído a Jesus no momento mais crítico, ter sido um de seus discípulos e morrido enforcado tenha motivado esta representação tão negativa dele. O que pensar de uma pessoa que teve um final tão triste, logo depois de ter traído o Filho de Deus? Será que ele realmente roubava as ofertas do alforge ou isso não passou de uma artimanha do autor tentando apresentar mais provas de que Judas era um sujeito materialista? Mesmo que isso parecesse verdade, isso não quer dizer que ele não tenha se arrependido após trair a Jesus. Ninguém iria jogar dinheiro fora por nada. As "afirmações" de Jesus sobre Judas nunca foram muito claras. Tanto que os seus discípulos nunca desconfiaram dele. Provavelmente são profecias historicizadas, ou seja, relatos manipulados tardiamente tendo a intenção de mostrar um Jesus que sabia de tudo, afinal, isso o faz parecer ter tudo sobre controle. Acho estranho, por exemplo, que alguém tenha tido acesso à oração feita no Getsemani, quando Jesus supostamente chamou Judas de "homem da perdição". Vale lembrar que Jesus foi orar em particular, voltou e encontrou os discípulos dormindo e que esta ocasião foi seguida por eventos extremamente tumultuosos. Jesus não teria tempo de falar sobre a Sua oração com nenhum deles, nem há nenhuma referência bíblica à alguma possível revelação posterior sobre o ocorrido. Assim como os judeus de sua época, Judas foi pintado de forma negativa pelos evangelistas e é inegável tal hostilização.

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Jesus E Religiosidade

Jesus alegava estar fazendo a vontade de Seu Pai. Em certo sentido, portanto, pode-se dizer que o seu ensinamento não é, nem se propõe a ser, cristocêntrico.

A superstição seria, no meu ver, o único meio de Deus levar alguém a acreditar n'Ele. O que Deus não poderia revelar sobre si de outra maneira, poderia revelar através da superstição.

Eu simpatizo muito, muito mesmo, com o budismo e com os islâmicos progressistas. Sou uma cara "certinho", despreocupado com a vida e que nunca reclama de nada, mas muitas vezes me imagino em um palco, completamente bêbado e repleto de fumaça de cigarro, diante de uma plateia atenta e apaixonada, tentando cantar músicas que dizem o quanto eu odeio a minha vida.

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Sobre O Milagre Da Vida

Talvez algum dia os nossos filhos criem a fórmula da imortalidade, consigam sair deste universo antes que ele se acabe e se esqueçam de todos os mortais que morreram aspirando a eternidade. Como é estranho ter inveja de quem ainda nem nasceu. Talvez Deus não nos dê o paraíso de uma forma tão mística quanto pensamos e o único milagre em questão seja o, já há muito tempo conhecido, milagre da vida.

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Sobre O Deus Enganador

Há alguns dias um amigo cristão me disse que é extremamente idiotizante da minha parte supor que um Ser sobrenatural nos engane ou permita que sejamos enganados e que, por isso, um sistema soteriológico que se baseie na confissão de uma crença em determinada divindade é algo utópico. Bem, o Deus cristão, por exemplo, se enquadra neste quesito. Não é Ele quem confunde os sábios? Quem preferiu revelar a sabedoria aos pobres e fracos? Quem falou por meio de parábolas para que alguns não a entendessem? Quem permite que o ministério do engano prospere pelo mundo?

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Porque A Teologia Cristocêntrica É Um Apelo Indevido À Autoridade

Até mesmo a teologia cristocêntrica, esta que possui Jesus como a base hermenêutica, é falaciosa. Primeiro, não podemos saber se Jesus realmente é Deus. Além disso, é impossível saber em qual nível se dá esta suposta relação entre a Sua natureza humana e a Sua natureza divina. Nossa teologia cristocêntrica poderia estar equivocada ao supor que o centurião não teria uma fé maior do que a dos judeus. Os equívocos em uma teologia cristocêntrica não precisam necessariamente se limitar, nem se limitam, aos "equívocos superficiais". Mesmo as afirmações não-contraditórias de Jesus são questionáveis. Algo não se torna verdadeiro simplesmente por ser logicamente possível, querido Anselmo.

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Lógica Da Teologia Pós-Moderna

Se alguns dos meus amigos querem convencer alguém de que a opinião que eles possuem é verdadeira, eles se apressam em apelar para a Bíblia. Se for apresentado algum texto que eles não gostam, eles podem simplesmente distorcê-lo ou ignorá-lo alegando que a Bíblia não é a inerrante Palavra de Deus. Dizem que a teologia deve ser cristocêntrica, mas sequer refletem sobre o que Jesus disse sobre tal questão e vão logo apelar para os Pais da Igreja. Se também não gostarem do que foi dito por algum deles, simplesmente apelam para algum filósofo cristão, ou não, que pensa da mesma maneira ou de alguma forma semelhante. Pelo que dá para se perceber, todo o discurso deles se limita a um argumento circular e apelo indevido à autoridade.

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Religião E Discriminação

Uma coisa é uma religião ensinar que Deus existe e que Ele deseja o bem de todas as pessoas. Dizer que Ele criou o universo e que possui algum plano além deste mundo. Outra, totalmente diferente, é alegar que alguma pessoa seja moralmente inferior. Isso já me parece algo agressivo. Por que a religião deveria ser uma exceção e ter o direito de descriminar as pessoas? Eu sei que devemos respeitar a religiosidade, mas desde quando ensinar, por exemplo, que os homossexuais são pecadores não é algo discriminatório? Podemos conceber o "respeito" ao desrespeito algo respeitoso? Se uma religião pode ter este direito, porque não deveria tê-lo também outras áreas do pensamento humano? Quem não for capaz de provar a veracidade de alguns princípios de sua religião, ou pelo menos, torná-los socialmente aceitáveis, que se cale. Se, por outro lado, acha que eu esteja errado ao propor estas exigências, lembro que você provavelmente exigiu mais moral por parte do Bin Laden. Se você acha o 11 de setembro um absurdo talvez entenda o que eu penso sobre a sua teologia. Façamos assim, matemos Bin Laden e se Alá não gostar, Ele que venha reclamar pessoalmente.

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Preconceituosos Como Silas Malafaia

A homossexualidade não é natural? Por acaso, os demais pecados também não são? Não é da natureza humana todos os seus vícios? O que a genética nos oferece nem sempre é o melhor para nós. É nela que também se encontra a tendência para o alcoolismo, o interesse sexual por crianças, inclinação dos que possuem síndrome de Down para o ateísmo (já que religiosos fundamentalistas o odeiam), depressão, etc.  O que a genética nos oferece nem sempre é o melhor para nós. É nela que também se encontra a tendência para o alcoolismo, o interesse sexual por crianças, inclinação dos que possuem síndrome de Down para o ateísmo (já que religiosos fundamentalistas o odeiam), depressão, etc. Hipócritas como o Silas Malafaia defendem a existência da alma quando dizem que vão para o céu, mas sequer cogitam a possibilidade de a razão da homossexualidade estar na alma e não no corpo.

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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Evangelização?

Calvinista:

- Oi. Bom dia. Eu gostaria de dizer que Deus te ama.

- Ah! Você é aquele garoto calvinista, certo?

- Sim. Sou eu.

- Mas você me disse uma vez que Deus não ama a todas as pessoas, lembra? Você me disse que Deus ama a alguns e os predestina para a salvação e a outros Ele odeia e predestina para a condenação, certo?

- Sim. Eu me lembro.

- Bem. Então você não pode me dizer que Deus me ama. Você não sabe nem mesmo se Ele o ama. Você deveria dizer: Oi. Talvez Deus ame você. Entretanto, é possível que Ele te odeie também.

- Se eu te disser que Deus pode te odiar, isso poderá afastar você d'Ele.

- Há falta de fé da sua parte? Pois prefere mentir ao crer que Deus possa atrair-me a Ele?


Pós-Calvinista:

- Oi. Bom dia! Eu gostaria de dizer que Deus te ama.

- Ah! Você está dizendo que Deus me ama ou que segundo a sua religião Deus me ama?

- Bem. Você tem razão. Realmente não é possível saber se Deus existe, nem saber se Ele é como eu penso que Ele é.

- Certo. Se por outro lado, esta for simplesmente uma confissão doutrinária, ela não possui nenhum valor para mim. É como se  você me dissesse: "Venha para a minha Igreja porque, apesar de não sabermos se Deus existe e se Ele te ama, nós vivemos ensinando que Ele realmente existe e te ama!"

- E se eu te disser que talvez Ele exista e que talvez até te ame também?

- Neste caso, eu acho mais razoável. Quer tentar de novo?

- Sim, por favor. Oi. Bom dia! Eu gostaria de te dizer que talvez Deus exista e talvez até te ame também.

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Silas Malafaia, As Malafaietes E Minhas Conversas No Youtube

"Nunca bati em homossexual, não odeio homossexual!" Silas Malafaia.

Lógica do Enchi-a-mala-Faia: se eu achar o negro inferior, desde que eu não bata nele, não é preconceito. Só há preconceito em caso de agressões físicas, é isso?

"Para Francis Charlie,
Você faz uma analogia de homossexual com negro que não tem nada a ver! Negro nasce negro e não tem nada de errado nisso! Já a pessoa que vira homossexual, essa sim, está errada! O Silas não tem preconceito nenhum contra gays, ele apenas não é a favor da homossexualidade e não dos homossexuais!"

E daí que não nasceram assim? Qual é a diferença? Eu tenho uma cicatriz na perna e não nasci com ela. Existem várias mulheres loiras que não nasceram loiras e várias pessoas que fizeram cirurgias estéticas. Por acaso nascemos com roupas? Por que não criar uma lei que as "cure" disso? Você mesmo também não é como nasceu. Várias pessoas, na Antiguidade, sofreram preconceito por serem canhotas. Eram obrigadas a aprender a usar a mão direita. O fato de poder aprender o oposto não significa nada.

"Típico dos gays, comparar homossexual com negro, tomara que nenhuma negro esteja vendo isso, se não tu tá ferrado maluco."

Qual é a diferença?

"Negro nasce negro, e gays não, simples assim cabeção"

Você nasceu com roupa?

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Breves Considerações Sobre O Sofrimento

O problema do sofrimento não é um problema do mal necessariamente. Ao contrário do que apologistas como o William Lane Craig propõem, não é preciso ver o sofrimento humano como um mal para acreditar que exista, mesmo que apenas aparentemente, uma contradição em relação à existência de Deus. Você não precisa ver uma coisa como imoral para rejeitá-la ou evitá-la. Eu não gosto de doces, mas não saio por aí dizendo que as pessoas que o consomem estão destinadas ao inferno ou coisa do tipo. Nem todas as nossas  aversões se encontram no domínio moral. O fato de não serem morais, portanto, não quer dizer que eu não possa saber nada sobre a pessoa em questão. Se você, por exemplo, encontrar um celular repleto de funk's, poderá chegar a conclusão de que ele não é meu, pelo simples fato de saber que eu detesto funk. No fim das contas, você poderá me perguntar só para confirmar mesmo esta grande impossibilidade. Sabemos também que dificilmente um casal corintiano irá comprar para seu filho de 2 meses uma camisa do Palmeiras ou do São Paulo. A proposição, "o mal existe, logo Deus existe", não é necessária, dessa forma, no problema do sofrimento e ele, nem por isso, deixa de ser um problema para o teísta.

A questão é que uma pessoa que ama outra tenta evitar que ela sofra certas formas de frustrações. Isso não envolve necessariamente toda forma de sofrimento. Evitar toda forma de sofrimento realmente seria um equívoco. Um belo exemplo são os pais super-protetores que acabam estragando os seus filhos, tornando-os extremamente sensíveis e dependentes. Há como que uma "régua mental" dizendo: até certo ponto alguma forma de sofrimento é aceitável, mas a partir dele já não é mais tolerável. Nenhuma pessoa que "ama verdadeiramente", por exemplo, irá dizer que um estupro ou um assassinato envolvam uma forma de sofrimento aceitável. Nenhuma pessoa que ama diz: "eu sei que a minha amiga está se envolvendo com um mal elemento e que sofre o risco de ser estuprada a qualquer momento, mas eu vou torcer para que isso ocorra e ela possa se tornar uma pessoa mais humilde." Se estas forem, entretanto, formas aceitáveis de sofrimento, não deveríamos ser tão rígidos com quem os inflige. Se Deus não permite que sejamos tentados além do que podemos suportar, isso quer dizer que quem nos tenta não nos tenta mais do que poderíamos suportar. Por outro lado, nós só somos tão exigentes com estas pessoas porque pensamos exatamente o contrário. Não há uma "suportabilidade individual" na empatia, apenas no egoísmo e na indiferença. Pouco importa se o outro pode suportar a dor que Deus permitiu que ele sofresse, eu não posso suportar vê-lo sofrer esta dor. Ou Deus deveria tê-lo tentado menos ou deveria ter me feito cego. Endurecer o meu coração para a dor alheia é algo que sequer passa pela minha cabeça.

O livre-arbítrio, tão cultuado entre os cristãos, não me parece ser uma desculpa razoável. Grande parte das desgraças que causamos é realmente vinda de nós, mas nós não podemos ser a nossa própria criação. Eu não posso ser responsabilidade total de mim mesmo. Ninguém pode, por exemplo, me culpar por sentir atração por mulheres e ser mortal ou por gostar mais de algumas coisas do que de outras. A minha natureza, criada por Deus, é a minha identidade e Ele possui Sua responsabilidade sobre ela. Deus não precisa transformar bandidos e assassinos em robôs bondosos, bastaria criar cadeias mais eficientes. Se as cadeias, por outro lado, "estupram" o livre-arbítrio, deveríamos esvaziar todas as que criamos. O inferno também, pelo mesmo motivo, deveria ser esvaziado, pois impediria que os atormentados pratiquem as suas maldades. Me estranha achar, como esta cultura, que é mais certo garantir o direito de Hitler matar judeus do que o direito de os judeus viverem. Deus não precisa esperar pelo pior para ter o direito de punir o homem. O homem peca com o pensamento. Mesmo que os seus braços e pernas estivessem presos no pensamento ele ainda seria livre.

Que Deus traga professores e pão, pois ele só nos enviou missionários que levaram o nosso pão embora. Eu não permito que um desinformado diga a alguém do meu amor. Se não for um bom mensageiro, eu lhe dou uma rasteira antes mesmo dele chegar nele.

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sábado, 1 de dezembro de 2012

Sobre Jesus Dizer Aquilo Que Apenas Deus Poderia Fazer

A teologia cristã alega que Deus possui basicamente dois tipos de qualidades. A primeira se refere aos atributos incomunicáveis, ou seja, que somente Deus pode possuir. Como podemos encontrar na Wikipedia: Diz-se incomunicável, pois refere-se a um atributo constituinte da natureza mesma de Deus, diferente dos chamados "atributos comunicáveis", tais como amor, sabedoria, santidade, os quais podem ser comunicados e compartilhados pelas suas criaturas. Esta dicotomia, entretanto, é simplesmente especulativa. Segundo muitos apologistas, nós podemos inferir, de forma incontestável, a divindade de Jesus através do que Ele disse sobre si mesmo. Jesus, segundo eles, alegou poder fazer coisas que somente Deus poderia fazer. Bem, como é que podemos saber que somente Deus poderia fazer certas coisas? Esta é uma alegação que envolve muito a subjetividade e é extremamente especulativa. Quem é que nos garante que não possa existir algum outro ser, não divino, que possua certas semelhanças com a divindade? Segundo este site é possível saber, se baseando em algumas afirmações de Jesus, que Ele é Deus. O texto começa dizendo: "As seguintes citações das Escrituras, direcionadas a Jesus, só são logicamente explicadas à base de sua divindade."

Eternidade

"E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse." João 17:5

Me parece que Jesus não está necessariamente dizendo que é eterno, apenas que Sua glória é anterior à "criação" do mundo. Várias interpretações são possíveis. Poderia se tratar de um anjo encarnado ou algum outro ser, talvez até mesmo igualmente eterno. Se podemos imaginar um universo eterno e, nem por isso, ele chega a ser uma divindade, também é possível imaginar um Ser eterno que não seja Deus ou tão "nobre" e grandioso quanto Ele.

Se Jesus é Deus, Ele não pode morrer. Sabemos, entretanto, que Ele morreu. Morreu apenas a Sua natureza humana? Bem, Jesus morreu e se apresentou como alguém que estava totalmente dependente da intervenção de Seu Pai e da ressurreição para voltar a viver. Jesus, Paulo e Pedro discursam sobre a ressurreição apresentando-o como uma figura passiva neste processo. Ele não ressuscita a si mesmo, nem é capaz de fazer isso. Nem mesmo se propõe a teoria de que o corpo de Jesus é ressuscitado por Sua outra natureza:

"E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não são ressuscitados. Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados." 1 Coríntios 15:14-17

Paulo não fala sobre um Jesus que se ressuscitou ou coisa do tipo. A ressurreição é um ato miraculoso exclusivo do Pai. Alguém pode dizer que a natureza divina de Jesus poderia ressuscitar a Sua natureza humana, mas optou por colocá-la na total dependência de Seu Pai. Entretanto, se esta postura por parte da natureza divina do Filho de Deus resulta da legalista doutrina expiatória-substitutiva, isso significaria que ela também não é onipotente, pois dependeria da vontade do Pai.

"Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.” (João 2.19). Este texto, talvez seja o único que aparentemente contradiz o que eu digo.

"Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." João 6:38

Pelo que parece, Jesus achava que a Sua opinião era menos importante do que a de Seu Pai. Ele não propõe uma teologia da dupla natureza. Sempre Ele estava alegando que desejava fazer a vontade de Seu Pai e não de Sua natureza divina. Talvez Jesus esteja dizendo que o profeta é um representante de Deus. Que este é o meio que Ele escolheu para se comunicar com o Ser humano.

Onipresença

Há algum texto bíblico que pode ser utilizado para dizer que os anjos são onipresentes? Vou pesquisar depois. Estou com preguiça agora. É possível, por outro lado, imaginar a existência de algum ser que seja onipresente, mas que, mesmo assim, não seja Deus.

Onisciência

Jesus, claramente, não apresentou-se como um Ser onisciente. Muitos teólogos alegam que os demônios não são capazes de ler pensamentos, mas isso não pode ser confirmado. Como poderíamos saber disso? Isto me parece mais um uma tentativa de querer propor, mesmo que inconscientemente, a superioridade divina. Uma pessoa, entretanto, não pode ser considerada onisciência simplesmente porque sabe de coisas que não teria como saber. Jesus, apesar de prever muitas coisas, não sabia a data de Seu retorno, foi ver se havia frutos na figueira, se surpreendeu com a fé do centurião e com a incredulidade de alguns. Pode-se dizer que o único motivo que temos para não acreditar que os anjos sejam oniscientes é a negação de Jesus, em Sua escatologia, de que os anjos saibam a data do fim dos tempos, mas é algo também profundamente especulativo.

Onipotência e Soberania

"E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra." Mateus 28:18

Se Deus é mais poderoso que os demônios, eles não podem ser onipotentes. Jesus, entretanto, não tomou para si este atributo. Por que uma das Suas naturezas, a humana, não era onipotente? Especulação, aparentemente feita apenas pelos cristãos, não por Jesus.

Segundo Mateus 28:18 e João 17:2;3, toda a autoridade, inclusive sobre a humanidade, é dada a Ele pelo Pai, não por Sua natureza divina. Jesus sequer fala sobre esta suposta "natureza divina"

Salvação

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." João 5:24 (Veja João 10:27, 28; 11:25)

"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece." João 3:36

Ele acaba se contradizendo em Marcos 10: 37;40:

"E eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado; Mas, o assentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado."

Ao contrário daquela ideia, posterior, de que Ele iria ao céu preparar as moradas de Seus discípulos, aqui Jesus não é Quem reserva os tronos, mas sim, pelo que parece, o Seu Pai.

Somente Deus pode salvar ou perdoar pecados? Os cristãos provavelmente diriam que sim. Temos alguma razão para achar isso? Além de textos bíblicos ou da crença popular dos judeus na época de Jesus? Não poderia haver realmente nenhuma exceção?

A alegação de que somente Deus pode ser adorado também é bastante questionável.

"Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo." João 9:5

Em certo sentido pode-se dizer que Jesus não é mais a luz do mundo. Alguém pode dizer que Ele ainda está aqui, mesmo que imaterialmente, como havia prometido para os seus discípulos, mas com esta frase parece que Jesus está se referindo ao Seu ministério terrestre, do contrário, a conjunção "enquanto" não faria sentido.

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Frases Soltas


"Nosso desafio não é o de criar cristãos, mas de criar pessoas honestas, humanas, solidárias, compassivas, respeitosas da natureza dos outros. Se conseguirmos isso é o sonho de Jesus realizado." Leonardo Boff, filósofo, teólogo e escritor.

"O eterno nem sempre é o melhor. Pode ser simplesmente aquilo que, mesmo com o passar do tempo, não foram, nem serão capazes de resolver."

"Não seja muito agressivo na sua evangelização. Algumas pessoas não precisam acreditar no amor de Deus para se sentirem amadas."

"Se todas as crianças que morrem irão para o céu, eu não entendo um Deus que as deixe crescer antes de morrer, nem que não veja o aborto ou o 'assassinato' de uma criança como um ato sábio ou repleto de misericórdia."

"Eu já fui solipsista na minha infância, ou seja, eu acreditava que eu era a única coisa que realmente existia, que as outras pessoas e o universo em geral só existiam na minha imaginação, e que se eu deixasse de os imaginar estes também deixariam de existir. Nunca fui capaz de provar qualquer coisa a este respeito. Simplesmente desisti, optado por viver neste grande Matrix."

"Não é possível saber se Deus realmente é bom. Achar que Ele pode criar um novo mundo, nos garantir a imortalidade e conferir a felicidade é uma coisa, achar que estas coisas não são apenas agradáveis, mas também são boas, já é outra coisa."

"Se não existem coisas como 'bom' e 'justo', isso significa que Deus não pode estabelecer certos atos como morais e imorais. Uma coisa pode ser boa e má ao mesmo tempo? Se o bem e o mal são simplesmente representações subjetivas, em algum sentido, é possível. Uma maçã pode ser uma 'boa' fruta para João e ser uma 'má' fruta para Maria. Considerando a fruta, entretanto, ela não pode ser, no mesmo sentido, 'boa' e 'má' para João. Ele há de achar ou uma coisa ou outra."

"Querer provar a veracidade de um religião é algo extremamente utópico. Enquanto nós matamos e morremos por causa da 'verdadeira religião', o mundo pode estar repleto de divindades, ou seres sobrenaturais, brincando com as nossas percepções."

"Me convenci de que aquilo tudo era absurdo e, como resultado, passei a acreditar no absurdo."

"Se é possível ser cristão sem rejeitar o homossexualismo? Sim. Assim como é possível ser cristão sem rejeitar as tranças, as jóias, o dízimo (uma ordenança veterotestamentária). Assim como é possível ser cristão e não acreditar que Jesus já tenha voltado, como pregava a escatologia imediatista da Igreja Primitiva, assim como é possível ser cristão e comer sangue ou como é possível ser cristão e não acreditar no dilúvio."

"Eu não consigo imaginar um céu sem peitos porque não consigo me imaginar sem gostar se peitos."

"Eu não trabalho com a ideia de certo e errado. Simplesmente tenho em mente a ideia de contratos sociais. Qualquer teoria que se proponha a falar sobre a moralidade divina é falha."

"Não é porque alguma pessoa, assim como você, acredite, mesmo que inconscientemente, em valores morais objetivos que eles existem. Assim como não pode se dizer que Alá exista, simplesmente, porque duas pessoas, que dialogam, acreditam nele."

"Não peça para que eu olhe para o lado bom das coisas. Não existe lado bom. Diga para que eu faça de conta que há um lado bom."

"Aqueles que acreditam que a idolatria é pecado e que Jesus possuía duas naturezas, deveriam tomar cuidado para não adorarem, por engano, a natureza humana de Jesus."

"A maior fragilidade da teologia cristocêntrica consiste na impossibilidade de se saber em qual nível se dá a relação entre a natureza humana e a natureza divina de Jesus."

"Você mais me machucou com palavras do que alguém poderia me machucar com uma surra."

"Segundo Jesus, a pior forma de tentar ajudar um pobre é dizendo que ele deve se tornar rico."

"Em certo sentido eu sou amoral. Para mim, a honestidade não é uma coisa boa, nem uma coisa má. É só algo que me cativa. Assim como me cativam as rosas."

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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sobre A Bíblia E O Fim Da Inspiração?

Eu não leio a Bíblia como um crente, mas muitos dos meus amigos alegam que qualquer tentativa de se acrescentar algum texto aos que já existem é algo precipitado. Isto é um instinto protetor. Quem é que não irá se esforçar para cuidar daquilo que acredita ser sagrado? Segundo muitos deles, a ideia de inspiração bíblica não transcende a morte dos apóstolos, mas por que deveríamos pensar isso? O relato da mulher adúltera, por exemplo, somente foi escrito 300 anos mais tarde. Se Deus quiser acrescentar mais alguma coisa futuramente, já que esta não seria a primeira vez que algo estaria sendo acrescentado, é um direito que cabe exclusivamente a Ele. Não há nenhum critério para rejeitar esta possibilidade ao se supor um conhecimento total sobre os planos divinos. Deus poderia se manifestar mais alguma vez para a humanidade e não se limitar a Sua encarnação.

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Sobre Ser Seu Próprio Deus

Recentemente muitas pessoas ficaram escandalizadas quando a atriz Aline Morais disse que não acredita em Deus, apenas em si mesma. Eu, como religioso, posso dizer que não acho isso ofensivo. Não acredito que alguma pessoa tenha a obrigação moral de acreditar em Deus, nem que Ele seja se tal forma. Não penso que seja presunção alguém dizer que é o seu próprio Deus, dependendo do que está querendo dizer com isso, claro.

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Inclusão Hoje

Tenho um amigo direitista que perdeu a fé em Deus, mas, não sei por qual motivo, continua fazendo parte de grupos de cristãos fanáticos como o Silas Malafaia. Inclusive, ele se referiu ao debate deste entre o Malafaia e o movimento pró-gay. Segundo ele, a "moral cristã" é superior ao secularismo e o Silas Malafaia foi incrível ao defender seus direitos. Eu respondi mais ou menos isso:

"Luciano. Se você não é cristão, por que é contra a união entre pessoas do mesmo sexo? Por que a Bíblia diz que é pecado? Ela também pode ser usada para defender o estupro. Você é contra a união inter-racial também? Você acha que é fanatismo alguém protestar contra o 'direito' que as pessoas podem possuir de estuprar em nome de Deus ou de ensinar que negros são animais sem alma? Quais são os seus critérios para dizer se uma aversão é preconceituosa ou não? Se usar placas de protesto é fanatismo (como fizeram diante do Malafaia), você acha que estes (os da foto) estavam sendo fanáticos também? Por quê? Quais são as diferenças?" Bem, ele não me respondeu e, ainda, excluiu os meus comentários.

Outro disse: "Frouxo mesmo este presidente. Não dá para tratar gayzista (sim, ele usou este termo preconceituoso tão popular entre os fundamentalistas) com educação. Esse pessoal, como todo psicopata, só entende a linguagem da autoridade e da força. Tinham que ter sido postos pra fora logo na reincidência."

Eu, entretanto, perguntei: Por acaso, se um grupo de negros protestar contra a pregação de que eles são descendentes amaldiçoados de Noé, como disse o idiota do Feliciano, você irá dizer que eles estão se comportando como nazistas? Por que esta lógica só funciona para os pobres homossexuais?

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