sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sobre A Bíblia E O Fim Da Inspiração?

Eu não leio a Bíblia como um crente, mas muitos dos meus amigos alegam que qualquer tentativa de se acrescentar algum texto aos que já existem é algo precipitado. Isto é um instinto protetor. Quem é que não irá se esforçar para cuidar daquilo que acredita ser sagrado? Segundo muitos deles, a ideia de inspiração bíblica não transcende a morte dos apóstolos, mas por que deveríamos pensar isso? O relato da mulher adúltera, por exemplo, somente foi escrito 300 anos mais tarde. Se Deus quiser acrescentar mais alguma coisa futuramente, já que esta não seria a primeira vez que algo estaria sendo acrescentado, é um direito que cabe exclusivamente a Ele. Não há nenhum critério para rejeitar esta possibilidade ao se supor um conhecimento total sobre os planos divinos. Deus poderia se manifestar mais alguma vez para a humanidade e não se limitar a Sua encarnação.

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Sobre Ser Seu Próprio Deus

Recentemente muitas pessoas ficaram escandalizadas quando a atriz Aline Morais disse que não acredita em Deus, apenas em si mesma. Eu, como religioso, posso dizer que não acho isso ofensivo. Não acredito que alguma pessoa tenha a obrigação moral de acreditar em Deus, nem que Ele seja se tal forma. Não penso que seja presunção alguém dizer que é o seu próprio Deus, dependendo do que está querendo dizer com isso, claro.

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Inclusão Hoje

Tenho um amigo direitista que perdeu a fé em Deus, mas, não sei por qual motivo, continua fazendo parte de grupos de cristãos fanáticos como o Silas Malafaia. Inclusive, ele se referiu ao debate deste entre o Malafaia e o movimento pró-gay. Segundo ele, a "moral cristã" é superior ao secularismo e o Silas Malafaia foi incrível ao defender seus direitos. Eu respondi mais ou menos isso:

"Luciano. Se você não é cristão, por que é contra a união entre pessoas do mesmo sexo? Por que a Bíblia diz que é pecado? Ela também pode ser usada para defender o estupro. Você é contra a união inter-racial também? Você acha que é fanatismo alguém protestar contra o 'direito' que as pessoas podem possuir de estuprar em nome de Deus ou de ensinar que negros são animais sem alma? Quais são os seus critérios para dizer se uma aversão é preconceituosa ou não? Se usar placas de protesto é fanatismo (como fizeram diante do Malafaia), você acha que estes (os da foto) estavam sendo fanáticos também? Por quê? Quais são as diferenças?" Bem, ele não me respondeu e, ainda, excluiu os meus comentários.

Outro disse: "Frouxo mesmo este presidente. Não dá para tratar gayzista (sim, ele usou este termo preconceituoso tão popular entre os fundamentalistas) com educação. Esse pessoal, como todo psicopata, só entende a linguagem da autoridade e da força. Tinham que ter sido postos pra fora logo na reincidência."

Eu, entretanto, perguntei: Por acaso, se um grupo de negros protestar contra a pregação de que eles são descendentes amaldiçoados de Noé, como disse o idiota do Feliciano, você irá dizer que eles estão se comportando como nazistas? Por que esta lógica só funciona para os pobres homossexuais?

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Argumento Cosmológico?

Muitos dos meus amigos teístas dizem que acreditam em Deus porque o universo não pode ter surgido do nada. Bem, se algo surgir de nada, ou seja sem causa, não do nada, é algo ilógico, e Deus não pode fazer coisas ilógicas, isso significa que Deus não pode fazer coisas surgirem do nada. Pouco importa se estamos falando do universo ou de um grão de areia. Não teríamos como fugir disso. É sem sentido dizer que o universo, como divulgam muitos adeptos do argumento cosmológico por aí, não pode ter uma causa, e, ao mesmo tempo, dizer que Deus é a causa do universo. Primeiramente, não sabemos se o universo, em sua totalidade, realmente teve um princípio. Além disso, a ideia de causa-e-efeito se aplica a eventos e não a entes. Se a ideia de causa, que deve anteceder temporalmente o efeito, não é aplicável, e realmente não é, Deus não pode ser a causa dele. Se, por outro lado, falarmos de origens simultâneas, não poderemos saber o que realmente "causou" o que. Como um Deus atemporal poderia ser a causa do universo sem negar a própria natureza? Se a causa e o efeito podem ser simultâneos, o universo poderia existir "antes" de existir e criar a si mesmo, algo absurdo.

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domingo, 25 de novembro de 2012

Deus Diferente?

Eu acho que a pergunta "e se Deus não for como pensamos?" é bem mais interessante. Não me parece que faça sentido perguntar "e se Deus não fosse como é?" Deus não poderia Ser de outro jeito, pois não haveria meio através do qual Ele poderia vir a Ser diferente. Ele, ao contrário das coisas que "criou", simplesmente é. Não existem meios pelos quais Ele vem a Ser. Existem meios pelos quais eu posso mudar. Daqui há dez anos, por exemplo, eu poderei não ter mais uma das pernas devido a algum acidente, ter um novo gosto musical ou alguma forma diferente de ver o mundo, mas não existiria nenhum estímulo que pudesse mudar a Deus.

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Inspiração Bíblica E Inspiração Messianica

Hoje, um amigo perguntou no Facebook, se a Bíblia, por acaso, afirma ser a única regra de fé para o cristão. Todos, como já era previsto, os que responderam alegaram que sim. Alguns rapazes apresentaram alguns versículos na tentativa de provar isso:

"Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas." Marcos 7:13

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra." 2 Timóteo 3:16

Um deles até argumentou: "A Bíblia está recheada de princípios de vida." e outro: "Não é a Bíblia que diz que ela é inspirada, mas Deus que diz nela." Um terceiro arriscou: "De uma coisa eu sei, existe um Deus Soberano que zela por sua palavra e seu povo, se esses acréscimos ou doutrinas estivessem fazendo algum mal para nós, ele não teria permitido, e já teria feito com que tirassem..."

O que eu acho disso? Bem, na verdade, não há. Marcos 7:73 e 2 Timóteo 3:16, por exemplo, não podem ser aplicados à totalidade da Bíblia, já que ela só foi ser terminada muito mais tarde. Também não dizem que as Escrituras são a única regra de fé e, mesmo que falassem, dizer que a Bíblia é a única regra de fé, simplesmente porque ela diz isso, é uma falácia, um argumento circular. Seria a mesma coisa que você acreditar que eu sou Deus porque eu disse isso. O mesmo princípio poderia ser aplicado ao Alcorão ou a qualquer outro "livro sagrado".

A pergunta, entretanto, a ser feita para os católicos que adoram massacrar os protestantes em debates sobre inspiração bíblica, ou protestantes pós-modernos mesmo, é "como poderíamos saber, então, se a Bíblia é inspirada por Deus?" Essencialmente, a resposta irá se basear na alegação de que Jesus é Deus porque Ele disse que era Deus. "Jesus escolheu a Pedro como a rocha fundamental da Igreja e a sucessão apostólica permite esta interpretação!" Não é praticamente a mesma coisa? Se dizer que a Bíblia é inspirada porque ela diz isso é petitio principie, e realmente é, dizer que ela é inspirada porque podemos inferir isso da ideia de que Jesus é o Deus inspirador, também é se limitar ao mesmo discurso. Isso quer dizer que as seguidoras do Henri Cristo poderão dizer que a Bíblia é inspirada, se, tão somente, seu líder religioso disser que sim? A proposição "uma coisa só pode ser inspirada se algo inspirado confirmar isso, não faz sentido" pois é auto-destrutiva e envolve uma impossibilidade epistemológica. No meu ver, este raciocínio implica em uma regressão infinita sem sentido e na destruição da teologia. "Ele disse que é, logo ele é" não é tão eficiente quanto "penso, logo existo." Há também, sutilmente, uma falácia do táxi, pois o ceticismo só é levado em consideração até onde parece ser mais propício para a crença destes grupos. "Inspirou o quê?" "O que é e o que não é inspirado?" são perguntas que podem botar ainda mais lenha na fogueira.

Alguém, entretanto, deverá objetar dizendo que Jesus não era inspirado por Deus, mas o próprio Deus. Bem, a doutrina cristológica, com a sua ideia de natureza humana inspirada por natureza divina, vai contra isso. Jesus mesmo alegou várias vezes estar sendo inspirado por Deus. Sim, inspirado.

"Eu vim não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." João 6:38

“Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou." João 5:30

Como ficou claro nos dois versículos acima, Jesus entendia que, muitas vezes, a Sua vontade e a Vontade de Seu Pai eram contrárias em algum sentido.

“O meu alimento é fazer a vontade do Pai.” João 4:34

“Cristo se fez obediente até a morte e morte de cruz.” Filipenses 2:8. Bem, ninguém sai por ai dizendo que não é obediente a si mesmo. Dizer que a natureza humana de Jesus é obediente à Sua natureza divina, Sua "verdadeira vontade", parece, segundo a moral comum, algo muito menos nobre do que alguém obedecer a vontade de Outra Pessoa.

“Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou” João 6:38. Nós costumamos ver virtude apenas em quem deixa, em algum sentido, de fazer a sua vontade para fazer a do outro. Se a de Jesus não é a mesma de Seu Pai, como as duas, contraditórias, poderiam ser ao mesmo tempo boas? Ou que virtude haveria em uma pessoa só fazer a vontade da outra sem abrir mão de alguma vontade particular?

"E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres." Marcos 14:36-37. Segundo Jesus, Ele e Seu Pai possuíam, pelo menos, alguns desejos diferentes e conflitantes.

"E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Lucas 23:34. Jesus, aqui, tentou mudar a opinião divina, achando que ela não era tão boa assim.

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sábado, 24 de novembro de 2012

Asuka

No mundo não existe bondade, nem maldade
Só existe vontade
Vontade é grande parte da realidade

Querer não é poder
Pois as vontades sempre insistem em ter
Várias possuem em mente coisas diferentes para fazer

Veja o sangue que corre em minhas veias
Se não gosto de vê-lo em outro lugar, é porque importa que elas estejam cheias
Meu cérebro me sinalizava onde quer que ele esteja
Não lhe parece útil vê-lo em uma bandeja

Não há vinho, vinagre ou cerveja
Ou qualquer porcaria que posso escolher que ali esteja
Nem em meus papéis que guardo na gaveta

Qualquer vento que passe e arreste
E faça de mim mais um pobre refém
A oração não termina no amém
Não peça para que eu dê a outra face
Já bateram nela também

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Deus E As Orações

Eu não estou convencido de que Deus atenda orações. Em certo sentido, entretanto, é óbvio que as orações possuem certa utilidade. Quem é que não se sente melhor, depois de falar com uma pessoa que ama muito e que acredita corresponder ao seu sentimento? Talvez este seja o motivo de tentarmos conversar com Alguém que já sabe tudo sobre nós. Fingimos não saber disso só para desenvolver um diálogo com um Ser tão adorável. Deus pode ter criado um mundo em que as orações são desnecessárias. Eu não vou deixar de salvar o meu filho de um acidente de carro só porque ele não pediu a minha ajuda, nem de alimentar o meu gato se ele não se esfregar na minha perna. Se Deus conhece todas as nossas necessidades, não faz sentido pensar que as orações possuem a função de lembrá-Lo disso. Eu oro porque me sinto bem, apenas por isso. As orações são, simplesmente, um recurso emocional que eu tenho, uma conversa melancólica comigo mesmo. Não faz sentido orar para que Deus converta pessoas. Isso quer dizer que Ele poderá não se esforçar para salvá-las se ninguém orar?

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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Religião E Moral

Já está mais que na hora da nossa teologia deixar para trás conceitos antiquados como "bom" e "mau" e passar a reconhecer que o relativismo é uma realidade que não pode ser ultrapassada. Não quero dizer, entretanto, que o "bem" e o "mal" não existem, embora não esteja certo de que existem, mas que não faz sentido falar sobre eles da forma que temos falado. Talvez, a opinião divina só seja mais importante subjetivamente.

Perdoe-me, mas eu me recuso ajoelhar. Se não me deste asas, como teria joelhos para dobrar?

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Desilusão Amorosa

Eu sou um cristão que admira mais a Buda do que a Jesus ou do que a Sua natureza humana. Eu sou um cristão que passou a ter mais respeito por algumas pessoas que falam palavrão do que por qualquer outra que sequer já tenha dito algum.

O cristianismo é a minha mais dolorosa desilusão amorosa, mas é algo que, com o passar do tempo, talvez sejamos capazes de superar. Um amor só pode ser a melhor cura para uma desilusão amorosa se o amor não for uma ilusão. E o amor, sinto dizer, é sim uma ilusão.

Pior do que saber que a mulher que você ama não lhe ama é descobrir que o amor que você sente por ela ou por qualquer pessoa, no fim das contas, não significa nada.

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Jesus Nú

No meu ver, Jesus possuía um discurso tão contraditório nas questões que envolviam suas convicções morais que como consequência dos seus próprios valores seria um pecador. A única forma de se sair deste paradoxo seria abrindo mão da ortodoxia. Ou Jesus não seria obrigado a fazer o que ensinava ou os seus valores eram simplesmente subjetivos. Jesus, entretanto, se apresentava como um modelo a ser seguido e isso descarta, à primeira vista, a primeira possibilidade. Se os valores divinos não são nada mais do que a opinião de Deus sobre certas questões, valores subjetivos impostos por um Ser mais poderoso, descumprir algum ponto de seus preceitos não implicaria em imoralidade, como a entendemos, apenas em uma simples discordância.

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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Paulo, Cristologia e Soteriologia

Para o apóstolo Paulo, qualquer um que não adota a fé cristã está perdido. Isso independe até mesmo de o "pecador" saber quem foi Jesus. Este fato constrangedor leva um grupo de teólogos a adotar uma explicação molinista. Segundo eles, estas pessoas não seriam verdadeiros crentes no Cristo, mesmo se o pudessem conhecer e este é o motivo da condenação. Entretanto, esta claramente não é a alegação paulina para a danação.

É impossível também saber como isto poderia ser uma verdade, mas é certamente algo muito, mas muito mesmo, improvável. Quem é que nos garante que entre estes bilhões de nãos-cristãos não há nenhum que seria um cristão sincero, se nascesse em uma família cristã? Chega a ser até mesmo uma alegação absurda por parte deste apologistas.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Se Eu Gostaria De Viver Para Sempre?


Não sei. Quando eu tiver mais ou menos uma ideia do que a vida é, eu poderei pensar se isso valeria a pena ou não.

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Jesus, O Consolador, O Sofrimento E A Trindade

Como eu já disse, sou pós-trinitariano, entretanto, não chego a negar a possibilidade de um Deus trino. Um problema da pneumatologia, no meu ver, é que Jesus propõe a figura do Consolador em Sua mensagem através de uma tentativa frustrada de dialogar com o problema do sofrimento na vida do cristão. Ao tentar dar uma resposta confortadora para os seus seguidores, já antevendo que eles seriam perseguidos por causa do Evangelho, Jesus lhes oferece um Companheiro para a difícil jornada cristã. Jesus não simplesmente diz que Ele estará presente, mas também chega a discursar sobre a Sua forma de atuação:

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro parákletos (consolador), a fim de que esteja para sempre convosco. O espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” João 14:16 e 17.

"Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade;  porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar." João 16.13,14

Bem, se conhecemos cristãos que morrem desconsolados e a promessa de Jesus se refere a um Consolador neste mundo, e não no porvir, o que podemos concluir é que Ele estava enganado ou que o Consolador não é garantia de consolo para todos os cristãos na vida terrena. Temos visto tantos cristãos sinceros sendo explorados, ludibriados e se entregando a um imenso mar de doutrinas heréticas que fica difícil acreditar que algum Ser tenha a função de nos guiar, antes de morrermos, até à verdade. O encontro com a verdade pode exigir muito mais tempo que isso. Mesmo havendo este Ser, fica impossível compreender em qual nível se dá este convencimento. Como o Espírito poderia, por exemplo, me convencer que eu devo adorar a Jesus e não a Alá? A única saída seria exercer um controle total sobre os meus sentimentos.

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domingo, 11 de novembro de 2012

Sinos Silenciosos

Senhor, se eu não for suficientemente capaz de perdoar o meu inimigo
Eu sei que és suficientemente capaz de ser piedoso comigo
Eu queria viver para sempre
Não sei se morrer é errado ou se colocaram este desejo errado na gente
O que fazer quando o Consolador não consolar?
É morrer e torcer para que Ele nos console depois que a vida findar

Eu, que, finjo não saber o seu nome
Quero te dar o meu sobrenome
Garota que nunca consegue de mim se lembrar
Pode me dar o seu telefone?
Disseram que toda a felicidade do mundo você merece herdar
Mas não deixe que eles saibam disso
Eu quero que divida um pouco dela comigo
É horrível ser feliz demais, já lhe aviso
Sem ter ninguém para a acompanhar

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O Domingo Realmente É Sagrado?

Para mim, pelo menos, ele é. Entretanto, não tem nada a ver com o tipo de sacralidade alegada por católicos e protestantes. Poder ver uma pessoa que a sua alma ama profundamente, depois de passar a semana inteira esperando por isso, é um motivo maravilhoso para pensar que tal dia seja sagrado. Como Paulo, creio que todos os dias são iguais. Me sinto inclinado a crer que todo dia é sagrado. Quem acredita na Volta física de Jesus, por exemplo, dá enorme valor ao dia em que isso haverá de acontecer.

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Outras Frases

Procurando motivos para acusar, me tornei especialista em inocentar.

Eu quero alguém que se vá, mas que vá querendo ficar.

Às vezes, alguns precisam se perder para que outros se salvem.

E o Consolador? Não me consolou.

Se Jesus fosse como alguns calvinistas que conheço, o Pai Nosso não diria "não nos deixe cair em tentação". Ele diria "não nos deixe cair em tentação quando não quiser que caiamos em tentação, mas quando quiser fazer-nos cair em tentação, então nos faça cair."

Eu não sou pior do que nenhum de vocês. Eu só cai mais vezes porque me empurraram mais vezes.

Não é possível não merecer ser o que é. Porque você não pode ser mais digno do que a si mesmo.

"Aquilo do qual nada maior ou mais perfeito pode-se pensar" nem mesmo precisa ser uma pessoa. A pessoalidade é simplesmente uma qualidade irrelevante e que só possui significado para seres que valorizam o relacionamento.

Se a paciência vem de Deus, dou toda razão a quem diz que o céu pode esperar.

Eu não acredito em um Deus amoroso que tenha um paraíso feito para poucas pessoas. Assim como não acredito que um hospital que não tolera a presença de pobres seja um bom hospital. Um paraíso que não seja acolhedor, mas sim excludente, não é um paraíso. É um clube.

Se Deus acertou na mensagem, errou ao escolher Seus mensageiros.

Se abrirmos mãos da inerrância, não faz sentido dizer que a Bíblia é um livro inspirado por Deus porque não dá para saber o que realmente estamos querendo dizer com isso. Inspirou o quê e com qual finalidade? Com a finalidade de conhecermos a moralidade objetiva, a Jesus ou a verdadeira religião? Não. A Bíblia não pode acrescentar nada consistente nesta discussão. Um pregador da teologia da prosperidade, um religioso extremista, um orador machista, um pastor homofóbico, ou qualquer alarmante que prega que Jesus voltará ainda neste ano, são tão "inspirados" quanto ela. Podem estar errados em vários pontos de suas teologias, mas não deixam de seres "usados" por Deus, nem de serem dignos de admiração por causa disso.

A única forma de Deus não ser um tolo que julga o caráter de uma pessoa pela religião que ela possui, é  fazendo a Sua atuação transcender a religiosidade.

Dividir um paraíso com um Deus mesquinho e insuportável é o maior castigo que alguém poderia sofrer.

Quando você tem mais medo de baratas do que de um exército, passa a ter mais admiração por quem te salvou deste pequeno inseto do que por qualquer soldado condecorado.

Um bom Pai não dá uma pedra ao filho que pede um pão, nem serpente ao filho que lhe pede um peixe, nem escorpião ao filho que lhe pediu um ovo. Um bom pai, entretanto, também dá quando o filho não pede.

O Pai nos dá um peixe, mas nós somos uma serpente para o peixe que ele nos deu. E os peixes são filhos dele também.

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Doutrina Expiatória-Substitutiva

A crença de que Jesus morreu para pagar os nossos pecados, como bem lembra Slavoj Žižek, é contraditória: "ou o próprio Deus demanda essa retaliação, i.e., Cristo se sacrifica como o representante da humanidade para satisfazer a necessidade de retribuição a Deus seu pai; ou Deus não é onipotente i.e., Ele é, como um herói trágico grego, subordinado a um Destino maior: Seu ato de criação, como o ato fatídico de um herói grego, traz terríveis conseqüências inesperadas, e a única maneira para que ele restabeleça o equilíbrio de justiça é sacrificar o que Lhe é mais precioso, Seu próprio filho – neste sentido, o próprio Deus é o derradeiro Abraão. O problema fundamental da cristologia é o de como evitar essas duas leituras do sacrifício de Cristo que se impõem como óbvias: Qualquer ideia de que Deus ‘necessita’ de reparação, seja de nós ou de nossos representantes deveria ser banida, bem como a ideia de que há algum tipo de ordem moral que está acima de Deus e à qual Ele deve se conformar exigindo reparação.[ii]"

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O Otimismo Paulino, O Problema Do Sofrimento E Suas Implicações

"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." Romanos 8:28

Segundo o apóstolo Paulo, não somente as coisas boas cooperam para o bem, mas as coisas ruins também cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Como eu li em um site cristão, "se caminharmos na história da existência humana, vamos observar que as coisas caóticas, ou seja, ruins, freqüentemente possibilitaram uma aprendizagem significativa para a humanidade e ao crescimento da consciência de quem é Deus e sua manifestação de amor."

Eu, entretanto, me vejo com grandes dificuldades em adotar a mesma perspectiva que o apóstolo dos gentios neste ponto. Acho que podemos concluir algumas coisas desta alegação do apóstolo Paulo:

1. Se todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, eles não poderão sofrer nenhuma forma de prejuízo, pois até mesmo o que parecer mal, será bom para eles;

2. Desejar fazer o mal não inocenta aquele que tenta trazer prejuízo ao que ama a Deus;

3. O único prejuízo real envolve o ato de não amar a Deus (eu não concordo com isso);

4. Se aqueles que amam a Deus não podem sofrer prejuízo e todos os "prejuízos" são apenas aparentes (1), pouco importa se os salvarmos ou não deles, desde que não haja o interesse de prejudicá-los.

Se eu, por exemplo, estiver andando pela rua e ver um cristão prestes a sofrer um acidente de carro, não terei nenhuma motivação para salvá-lo a não ser a influencia enganosa deste "aparente prejuízo" sobre o meu emocional. Qualquer coisa que acontecer será o melhor para ele. Eles se dará bem de qualquer jeito, seja morrendo, entrando em coma, perdendo os dois braços, amaçando o carro, etc. Acredito que até poderia ser acusado de homem de pouca fé ao tentar evitar que alguém sofra este "prejuízo" que é, na verdade, apenas um engano envolvendo minha limitada percepção sobre a realidade.

A única saída deste paradoxo, no meu ver, é supor que mesmo sendo capaz de trazer o bem de algum mal, Deus deseja e cobra do ser humano a participação em Seus projetos. Se, entretanto, a participação nos projetos divinos consiste apenas em evitar "prejuízos aparentes", impedir que uma criança pobre morra de fome teria o mesmo valor que impedir outra criança de levar um banho d'água em uma brincadeira com armas inofensivas que possuam água como munição. O ato de salvar um gato de cair de uma árvore passa a ter o mesmo valor do ato de salvar um idoso de cair da escada. O que diferencia os dois atos, entretanto, é a intenção de quem o faz, já que Deus, apesar de poder tirar coisas boas dos aparentes prejuízos, valoriza a interioridade. De qualquer forma, há uma forma de utopia neste princípio. A natureza humana nos impõe uma falsa realidade que serve mais como um meio de levar o homem a exercer determinadas funções e possuir objetivos em sua existência.

“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” I Corintios 10:13

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CÉU

A Céu é a minha cantora contemporânea favorita. Eu amo esta mulher! Posso dizer, sem vergonha, que beijo o chão em que ela pisa. Ela é o ser mais gracioso que eu já vi passar por este planeta, uma mulher repleta de sensualidade e nada vulgar.

Nunca amei tanto o nome Maria na minha vida. Ele passou a ter um novo rosto nela. Adoro aquele jeito de menina hippie, aquele olhar doce, o sorriso maroto, esta voz delicada e sua timidez tão conquistadora. Sem falar do talento enorme para cantar e para compor. Ai, ai, ai.

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De Volta Para O Futuro


Acabei de assistir novamente toda a Trilogia "De Volta Para o Futuro" e confesso que isso me deixa com uma sensação estranha. Desde criança eu sou fortemente influenciado por esta estória. O tempo é algo angustiante demais para mim. Uma garota loira linda e amorosa (uma mulher perfeita), um velho amigo, um cão fiel e muito rock in roll. Este é melhor filme que eu já vi. Karatê Kid, o primeiro filme da trilogia principalmente, e as Cronicas de Nárnia são muito especiais para mim.

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Sobre Jesus, Paulo E A Moral Comum

Se formos considerar a moral comum, como bem lembra Bertrand Russel em "Porque Não Sou Cristão", teremos que dizer que Buda e Sócrates foram moralmente superiores a Jesus. Ao contrário destes dois, por exemplo, Jesus possuía o hábito de ameaçar com o fogo do inferno a todas as pessoas que não concordassem com Ele. Castigar uma figueira que não deu frutos ou expulsar demônios e lançá-los em uma manada de porcos são atos que seriam condenados por qualquer pessoa que diga amar a natureza em nossos dias.

O caráter de Cristo foi muito influenciado por alguns valores de Sua época, muitos deles obviamente utópicos. Não é de hoje que eu digo que gosto mais de Gandhi do que de Paulo.

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domingo, 4 de novembro de 2012

Nazareth



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Jesus


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Súplica Cearense


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Legislador

Grande parte dos apologistas cristãos já desistiu de alegar que as leis da natureza precisam necessariamente de um Legislador. Do contrário, a evolução seria uma prova incontestável da existência de Deus. Se qualquer lei necessita de um legislador, a lei da gravidade já seria suficiente para não debatermos mais esta questão. O mesmo, no meu ver, deve ser dito quanto às leis morais. A ideia de um Juízo Final também não é necessária para a moralidade e descarta a existência de um Ser Pessoal.

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Deus E Religião

Eu não consigo entender um Deus que julga as pessoas pela religião que elas possuem e não pelo caráter, nem que seja mais tolerante com os erros cometidos a favor dela do que com os erros cometidos contra ela.

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sábado, 3 de novembro de 2012

Universo Milagres E Finitude

É tolice dizer que temos algum argumento eficiente para estarmos certos ou para não acreditarmos na existência de Deus. Ausência de evidência e o sofrimento no mundo são péssimos argumentos racionais no meu ver. Esqueceram de dizer para alguns niilistas que Deus pode ser niilista também.

Isso, entretanto, não quer dizer que não tenhamos motivos para acreditar que não haverá a vida eterna, neste universo pelo menos. Se as coisas se desenrolarem naturalmente, sem nenhuma forma de intervenção divina, isso é um fato. Nós não mais apelamos tanto para o intervencionalismo da providência extraordinária no nosso dia a dia. Se eu estiver descendo um perigoso morro em uma bicicleta, dificilmente irei pensar que algum Deus irá intervir nisso e pará-la com algum ato milagroso. Eu consigo até imaginá-lo dizendo "eu criei as leis da física. O resto é problema seu!". Nossa impotência nunca foi um motivo suficiente para Deus intervir e nos dar maiores conhecimentos científicos, mesmo antes de tantas mortes ocorrerem por causa de algumas doenças. Também lembro que eu não costumava voltar da escola dizendo "Não vou estudar para a prova de amanhã. Existe a possibilidade de Deus intervir miraculosamente e me dar grande conhecimento sobre a matéria", nem cogito a possibilidade de que a laranjeira que eu plantei pela manhã dê laranjas hoje à tarde. Se um assassino apontar uma arma para a minha cabeça, muito provavelmente, vou pedir para que Deus o faça se arrepender ou que traga policiais capazes para me proteger e não orar para que aconteça algum terremoto provocado por uma manada de mamutes que acabaram de ressuscitar. Os pastores "ressuscitam" os mortos da noite passada, mas não conseguem ressuscitar os que morreram há 30 anos. Meu avô seria uma ótima companhia para mim, se não fosse a falta de fé destes pastores...

É razoável crer, como muitos fazem, que Deus irá intervir no universo e torná-lo eterno. Mas também é razoável acreditar que poderemos viver sem corpos e sem ele, assim como Deus, e também é razoável acreditar que simplesmente morremos juntos com ele.

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Possível Entrevista Com Um Cristão Fundamentalista

- Você acredita em Deus?

- Sim.

- Você é cristão, certo? Por quê?

- Exatamente. Eu nasci em uma família cristã e simpatizo com muitos valores do cristianismo.

- Então a influência cultural possui alguma importância na sua crença?

- Sim, mas não só a cultural. A genética influencia muito também neste caso.

- Você não acredita que a Bíblia seja a Palavra de Deus?

- Não.

- Existem cristãos que adotam uma teologia cristocêntrica, mas se você não faz isso se torna incapaz de ultrapassar o relativismo. Qual é o seu critério, por exemplo, para dizer que é errado estuprar uma criança?

- Provavelmente o mesmo critério que é usado por você. Eu me sinto emocionalmente agredido com tal ato e faço oposição a ele.

- Nós, fundamentalistas, nos baseamos nos valores bíblicos e em todos os valores de Jesus. Eles nos fornecem uma base sólida para que possamos ultrapassar este relativismo.

- Não. Realmente não oferecem. Primeiramente porque a Bíblia possui várias contradições. Em segundo lugar, as pessoas sempre dão preferencia por rejeitar as afirmações bíblicas que as fazem se sentirem agredidas. Seu critério não é, portanto, melhor do que o meu. Em terceiro lugar, a teologia baseada na Bíblia, seja ela cristocêntrica ou não, simplesmente parte de um pressuposto. Você só pode ultrapassar o relativismo quando não mais necessita de pressupostos para sustentar o seu modelo moral. É claramente uma impossibilidade epistemológica. O seu modelo só faz sentido quando você já parte da ideia de que alguns princípios dele são verdadeiros, mas você não os pode justificar. Se você pode partir de pressupostos, eu também posso. Estará fazendo o mesmo que eu faço.

- Entendo. Entretanto, se acreditamos que TODAS as afirmações de Jesus são verdadeiras, torna-se compreensível dizer que estuprar uma criança é imoral, já que, como Ele disse, devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos.

- Eu não estou certo disso, mas se eu acredito que a afirmação de Jesus de que devemos amar o nosso próximo expressa a realidade moral, devo chegar na mesma conclusão, não?

- Acho que não por que você está fazendo uma leitura seletiva do que foi dito por Ele. Como você irá saber o que realmente está certo ou errado neste caso? Não há nada que justifique isso.

- A fé "justifica" isso. Vocês também fazem o mesmo, eu acredito. Além disso, se eu não tenho "nada" para me dizer o que é ou o que não é verdadeiro na mensagem de Jesus, você também não tem "nada" para lhe dizer que a mensagem de Jesus é verdadeira, seja total ou, pelo menos, parcialmente. Temos as mensagens de Buda, Maomé e de tantos outros pensadores espalhadas pelo mundo. Elas não me deixam mentir.

- Bem, isso é verdade. É uma questão de fé, mas você acha que a sua crença moral seja superior a minha?

- Logicamente sim. O modelo que eu adoto, apesar de partir de um pressuposto, não fere a lógica. Por outro lado, não pode-se dizer o mesmo do seu. Jesus e a Bíblia possuem valores conflitantes e que não podem ser verdadeiros ao mesmo tempo. Por isso, de certa forma pode-se dizer que nós acreditamos na mesma coisa. Certamente você não acredita que duas afirmações contraditórias sejam verdadeiras ao mesmo tempo.

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Livro Da Vida

Havia um livro que explicava eficientemente todos os mistérios sobre o universo. Quem o lia, sempre acabava por se suicidar pouco depois. Havia muitas razões para não lê-lo, mas nenhuma razão para não querer mais viver depois disso. O livro da Vida era um livro de morte.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Sobre O Ser Moralmente Perfeito E Outras Coisas

O conceito que envolve o "Ser Maximamente Grande" adotado por grande parte dos cristãos é, no meu ver, um equívoco em certo sentido. Primeiro porque não podemos limitar a ideia de Deus a ele. Em segundo lugar, não estou convencido de que apenas um Ser possa ocupar o mais alto posto em importância. Ser pessoal é, me parece, uma qualidade indiferente à esta realidade. A única qualidade necessária, pelo que entendo, deve ser a perfeição moral. Sendo assim, mesmo que eu considerasse o argumento ontológico válido, ele não seria uma prova da existência de Deus, talvez apenas de alguma realidade moral.

Ser feliz sem motivo é impossível. Não saber o motivo de sua felicidade é algo bem comum.

Gloria só para Deus? Acho que o entenderam errado.

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