domingo, 19 de maio de 2013

Confissões Sinceras

C. S. Lewis foi alguém que genialmente levantou questionamentos profundamente pertinentes e os analisou mediocremente. Entretanto, seu espírito fantasioso, inquieto e imaginativo me conquistaram como poucos. Lewis, tenho que reconhecer, foi um péssimo silogista. De qualquer maneira, gosto mais de Lewis do que de Chesterton, por causa de sua visão universalista. O otimismo de Chesterton, assim como o de Leibniz, era algo doentio. Nunca entendi o otimismo dele. Mario Ferreira dos Santos combatia o niilismo. Ninguém que combate o niilismo merece crédito no que fala. Um homem coerente dialoga com o abismo.

O sistema judaico-cristão sempre foi "desrespeitoso" com os animais. No relato mítico, o tentador do homem no Éden foi um animal, mais tarde comparado ao próprio demônio. Os cruéis rituais de sacrifícios só serviram para derramar o sangue destas criaturas. Jesus, segundo o Novo Testamento, fez com que os demônios matassem uma manada de porcos. Ele foi piedoso com os demônios, mas não se preocupou em guardar os porcos do sofrimento. Fez uma figueira secar simplesmente porque não havia lhe dado algo para comer. O "bom mestre" nunca multiplicou pães para alimentar os cães que tinham fome nem chorou ao ver uma ovelha ser devorada por um leão. Jesus e o Antigo Testamento criaram a cultura da indústria cárnica, endureceram os corações, e deram continuação à uma moral em que o sofrimento animal não causa nenhum peso na consciência. Se algum cristão abomina o vegetarianismo ético hoje, é por peso na consciência, pois não quer reconhecer que o cristianismo foi por tanto tempo indiferente à esta questão.

 "Que Deus console as famílias dos mortos na tragédia!" Se Deus não estava aqui para evitar a tragédia, por que estaria aqui para nos consolar? Ele não permitiu várias tragédias maiores? Eu não oro porque não vejo diferença entre orar e não orar.

 O casamento popular é algo egoísta. Nos casamos porque desejamos que o amor de alguma pessoa seja apenas nosso. O que falar de uma mãe que salva de um incêndio o próprio filho e não o de outra mãe? Evitar a dor do próprio filho é evitar a própria dor. Um homem só traz o mendigo que mora na frente de sua casa para morar com ele depois que descobre que ele é seu pai. Na verdade, passou por vários anos do lado do morador de rua e nunca lhe deu uma moeda sequer ou direcionou-lhe uma palavra. Por acaso o pobre homem não poderia ser pai de alguma outra pessoa? Se salvar o próprio filho não fosse egoísmo, dar prioridade aos famíliares, em qualquer circunstância, não seria egoísmo também. De igual modo as pessoas costumam ter relações sexuais com pessoas que as atraem fisica ou intelectualmente. Sempre há um interesse por trás do encontro dos corpos. O sexo, infelizmente, nunca é feito por compaixão, apenas por paixão. Não há doação de verdade.

Se no fim dos tempos Deus me acusar de algum pecado oculto, eu o desafiarei a prová-lo. Eu não acreditaria em um juíz que possui na mão um controle remoto que pode fazer com que o réu diga tudo o que ele quer dizer.

Eu sou responsável pelo meu destino, mas não sou responsável por tudo o que sou.

Filosofia, literatura, boa música, filmes e mulheres bonitas.

Deus não criou o homem para que ele fizesse a sua vontade, assim como eu não faço uma pá para não utilizá-la como uma pá.

Primeiramente não se sabe se Deus existe. Em segundo lugar, não se pode ter conhecimento de suas vontades. Também não é evidente que Deus, caso exista, não seja preconceituoso.

Tomé foi menos cético do que deveria ser e, mesmo assim, é ridicularizado por sua descrença até hoje.

As pessoas usam perfume e penteiam o cabelo porque não gostam de todos os seus atributos ou gostam menos de alguns deles. Não somos obrigados a gostar de todos eles nem de algum em especial.

Não é possível observar a relação causa-efeito no milagre. O milagre nunca é uma prova de algo, mas simplesmente um pressuposto.

Um naturista não precisa gostar da Playboy. Pelo contrário, ele pode ter aversão ao photoshop e à manipulação da imagem em função de um ideal inalcansável e que acaba sendo muito crítico em relação às mulheres, exigindo destas uma beleza irreal e ignorando a beleza natural delas. Eu não gosto da Playboy da era do photoshop e estou ciente de que muita gente não gosta. O trabalho dela vai exatamente contra a essência naturista. Eu nunca amei tanto a imperfeição e nunca fiz tanta questão de conviver com ela.

Eu sou naturista, não no sentido de que tenho o costume de andar nú em público, mas no sentido de que compactuo dos ideais naturistas.

Viva ao naturismo! Viva ao vegetarianismo ético! Vivao ao feminismo! Viva à anarquia e ao comunitarismo! Viva ao ceticismo!

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sábado, 11 de maio de 2013

Bobagens Solitárias

 Se não é arrogância acreditar que sou o que de mais especial há para Deus, não é arrogância acreditar que eu mesmo sou o próprio Deus.

Eu questiono os valores da nossa sociedade. Sei que grande parte deles não terão valor nenhum amanhã. Serão até mesmo ridicularizados por nossos descendentes. Faço isso em nome do prazer. Se eu posso questionar as proibições de minha religião em função de uma vida mais feliz, posso questionar qualquer moral, mesmo que não seja religiosa. Só sou escravo do presente onde não posso me desvencilhar dele. Questionar o presente é antecipar o futuro.

Estou cada vez mais cético quanto ao conhecimento humano. Vivemos de fato em uma Matrix. Isso é inquestionável.

Cada religioso, dentre tantas correntes teológicas e religiões, diz que Deus não é de confusão. Como Deus não é de confusão se o homem é de confusão? Os homens que dizem isso são homens extremamente confusos.

Os fins não justificam os meios. Deus está reprovado. O fim reduz os meios ao nada.

Os mesmos objetos não devem causar as mesmas emoções sobre pessoas diferentes. Quando gostamos muito de alguns deles costumamos excluir os que não gostam ou não gostam tanto quanto nós gostamos. Há objetos que entendemos como possuidores de valores universais, mas não são.

Me confundiram com um virtorioso porque eu fui o que demorou mais tempo para ser derrotado. O primeiro que caiu já sabia qual seria o fim de todos.

Fé não é conhecimento. Sendo assim, uma pessoa não pode ser punida por ter conhecido a mensagem evangélica e a rejeitado. Conhecer a mensagem não é conhecer a Deus.

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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Esquizofrenia Particular

Eu não sou a mesma pessoa que fui ontem, no ano passado ou há uma hora. Aquela pessoa está presa no passado. Não posso ser responsabilizado por causa de algo feito por ela, assim como não posso ser culpado por algo que não fiz ainda ou realizei em algum universo paralelo. Eu sou o que sou. Algo que foi ou será não pode ser eu ainda. Do contrário, eu deveria ser punido por tudo isso. O que nos faz julgar o evento passado ou presente é simplesmente a incapacidade de prevê-lo e a desnecessidade de ter que conviver com ele. Mais tarde arranjamos uma maneira de "divinizar" este princípio dando um significado mais profundo para ele. Fazemos de tal maneira porque queremos desta maneira. Deus prometeu-nos um paraíso onde comeremos capim, mesmo sabendo que detestamos comer capim, e a única razão de termos prazer em esperar pelo nosso futuro é saber que passaremos a gostar de capim e que comê-lo será causa de felicidade, embora isso não seja totalmente compreensível enquanto este tempo não chegar.

Por que eu não deveria fazer ao outro aquilo que não gostaria que me fizessem? Não seria o medo de que me retribuam o mal que eu posso lhes fazer ou de sofrer o mal ao não ser capaz de entender que o outro, apesar de possuir semelhanças comigo, ainda é outro?

Cometi um crime imperdoável. Um crime perfeito, inimaginável, mas tive que contar para ter o prazer de explicá-lo detalhe por detalhe.

Torço para que Deus não exista. Assim não precisarei fingir compreender a sua indiferença ao meu sofrimento por todos estes anos.

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