quarta-feira, 23 de maio de 2012

Parábola Do Dragão Na Caverna Ou Uma Parábola Pluralista

Suponhamos que alguém lhe diga que dentro de determinada caverna há um dragão e você percebe que esqueceu algo muito importante dentro dela. Se você é um amante de desenhos como "Historinhas de Dragões", onde os dragões são pintados como seres extremamente simpáticos, é muito provável que se sentirá mais tentado a entrar na caverna e conversar com ele do que em recuperar o objeto esquecido. Se, porém, você tem a mesma visão que a maioria das pessoas tem sobre dragões, é muito provável que você pense duas vezes antes de entrar nesta caverna. Baseado na crença popular sobre os dragões, você pode dar preferencia por entrar na caverna com um escudo e uma espada e não com um dicionário ou flores. Na verdade, nossa tendencia é representar sobre os dragões tudo o que aprendemos sobre eles e não considerarmos a possibilidade de os mesmos são serem exatamente como pensamos.

Quando penso em Deus, penso algo parecido. Acho bem idiotizante pensar que ao entrarmos na "caverna", Deus irá dizer algo do tipo "Alá? Como você ousa me chamar pelo nome errado?!" (como se Deus tivesse um nome), ou "como você ousa negar que Eu sou Três em Um?!" Eu não vejo razão alguma para acreditar que uma pessoa seja necessariamente imoral por não possuir um conhecimento "mais sofisticado" de Deus. Esta possibilidade se torna ainda menor quando se crê que este Deus não julga as pessoas segundo a ignorância que elas possuem. Não se esquecendo também que existe uma diferença enorme entre conhecer o cristianismo e saber que o cristianismo (qual cristianismo?) é verdadeiro.

_

domingo, 20 de maio de 2012

Tem Como Saber Se é Deus Quem Se Comunica Conosco?

Como eu já disse, não tem como saber. Não tem como saber nem mesmo se eu estou sentado na frente do computador e não tendo apenas uma ilusão. Muitas das percepções que eu tenho do mundo podem ser falsas. Quem garante que eu não sou simplesmente um cérebro sofrendo estímulos em um laboratório, para ter determinadas sensações? Penso que Deus, se Ele quiser, pode sim se interagir conosco. Tenho a mesma perspectiva de C. S. Lewis, se Deus quiser Se revelar, Ele pode, e se não quiser, ninguém poderá pegá-Lo em Seu banho matinal.

E se forem vários seres sobrenaturais? Bem, em primeiro lugar, para que Deus se comunique, não precisa comunicar também a realidade de Sua divindade. Se Ele quiser, pode por exemplo, já que é o mais poderoso, minimizar a influencia dos demais seres ou criar situações em que fiquemos mais inclinados à ouvir a Sua mensagem, mais do que a de outros seres, também imatérias.

O fato de Deus não ser material não quer dizer que o mesmo não possa se comunicar com o ser humano, se tiver interesse. A mensagem divina não precisa envolver nenhum evento extraordinário. Muitos de nossos instintos, como por exemplo, a nossa consciência de uma responsabilidade moral, podem estar relacionados a estas mensagens. A impossibilidade se encontraria na esfera epistemológica, pois a dificuldade está em identificar a "voz" divina e não na impossibilidade da mesma ser transmitida. A questão não é se podemos ouvir a mensagem divina sempre que desejamos, mas sempre que Deus deseja.

_

sábado, 19 de maio de 2012

O Pecado Existe?

Não sei. Talvez ninguém saiba. Se Deus existe, o pecado realmente existe, pois uma vez que Deus é o Ser maximamente grande, sabemos que um Ser moralmente perfeito é superior a um ser moralmente imperfeito. Com "moralmente imperfeito", não estou me referindo necessariamente à um ser imoral ou falho em obedecer regras morais, mas também, e mais especialmente, a um ser que não tem a moralidade (objetiva) como uma extensão de sua natureza. Por definição, Deus não pode ser moralmente imperfeito, nem imoral, apenas um deus menor poderia sê-lo. A moralidade objetiva, entretanto não precisa estar de acordo com os nossos valores. Seria o velho problema epistemológico mesmo. Se, por outro lado, Deus não existe, e o universo não foi criado por Ele, mas por algum outro ser sobrenatural, isto quer dizer que o pecado também não existe. O que podemos concluir a partir disso, é que nenhuma teologia pode afastar de sua esfera a doutrina do pecado, independentemente de como ela se manifeste, mas isto já se torna possível em alguma religião não-teísta, como o budismo, por exemplo.

O argumento cosmológico não demonstra que o criador do universo é necessariamente moral, nem podemos chegar à esta conclusão. Pode, e ao mesmo tempo, pode não ser. Pode até ser imoral. O "argumento" da ressurreição e nenhum outro seriam capazes de provar isso, somente um argumento à favor da existência de Deus necessariamente. O pecado pode ser apenas uma ideia que desenvolvemos em nosso processo evolutivo para simplesmente conservar a nossa espécie, um fruto da exploração e da superstição e uma desculpa para o fato de Deus permitir tanta coisa desagradável. Mas pode também ser um erro horrível, o qual nunca poderemos realmente compreender quão danoso é, devido a uma postura liberal que também podemos encontrar no mundo pós-moderno. Crer a partir da ressurreição é uma leitura dos fatos, não se sustentar em um fato.

A moral não é algo que você pode tocar, respirar ou levar para testar em um laboratório. Deus, por ser onisciente é o único que pode realmente saber que o pecado existe. E como a onipotência consiste apenas em poder fazer coisas logicamente possíveis, Ele não não pode realmente nos provar a existência de tais valores, mesmo que eles existam.

_

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Deus, Amor E Calvinismo

1. Quando se ama alguma pessoa, se deseja o bem dela;
2. Deus não deseja o bem de todas as pessoas;
3. Logo, Deus não ama todas as pessoas.

É possível amar uma pessoa e, ao mesmo tempo, desejar o mal dela?

"Calvinistas. Se eu posso amar as pessoas, e mesmo assim, desejar o mal delas, Hitler não foi nenhum monstro."

_

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cristão Anonimo

"Se eu não puder torná-lo cristão, me contentarei ao influencia-lo com meu cristianismo. Que sejas um cristão anonimo, se este for o plano de Deus."

_

O Argumento Cosmológico Diz Que Deus Criou O Universo?

Não. O argumento cosmológico não diz que foi Deus quem criou o universo. O que diz isso são as religiões como o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Deus é por definição, o Ser maximamente grande, e o Ser Criador do Universo não precisa ser necessariamente o Ser maximamente grande, nem mesmo um ser onipotente. Isto entretanto, não quer dizer que Deus não existe, apenas que não é necessário. Existe a possibilidade também de Deus existir e não Ser o Criador do universo. Ou seja, podem existir seres com a capacidade de criar, com a orientação divina ou não, o universo. Estes criadores não-divinos, e não-onipotentes, poderiam ser o motivo de o mundo não ser o tão "ajustado" como gostaríamos. Então, se alguém vê nas imperfeições que o nosso mundo possui, um motivo para adotar o teísmo aberto como única alternativa, deveria considerar esta possibilidade também. Quem adota o teísmo aberto por este motivo exclusivamente, deve considerar esta alternativa. Já que, aparentemente, a pessoa não está tão preocupada em ser "ortodoxa", talvez não terá algum problema com esta ideia.

_

terça-feira, 15 de maio de 2012

Sobre Os Que Rejeitam O Cristianismo

Como eu havia dito uma vez, quando olhamos para o Antigo Testamento "o problema dos não evangelizados" praticamente não existia já que o texto é fruto de um povo com uma visão de um Deus nacionalista. Somente a partir da figura de Jesus e da pregação paulina, que o Deus judaico-cristão começa um processo de universalização significativa de Sua mensagem. Paulo, diante deste paradoxo, escreve Romanos 1 desejando apresentar uma justificativa para a condenação daqueles que não aderem todos os princípios cristãos, mas a sua argumentação possui várias fragilidades que foram tratadas aqui. A alegação paulina não fica de pé quando leio Kant e Descartes. Existe uma diferença significativa entre um pessoa conhecer o cristianismo e saber que o cristianismo é verdadeiro. É só uma mal entendido sobre a questão e que já de cara rejeita a inclusão. O problema epistemológico continua.

_

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Aniquilacionismo, Crença E Instinto

Quando alguém me diz que valores morais objetivos não existem, percebo que existe uma diferença bem significativa entre isto e definitivamente crer que eles não existem. Meus amigos podem até falar que tais valores não existem, mas não podem fugir do fato de que creem que eles são reais. É um instinto muito forte. Mais forte do que o instinto sexual. Posso discursar belamente contra a moral em um momento e logo após isso, esbofetear um homem que agredia uma idosa inofensiva. Os discursos contra a moralidade são os mais sofisticados possíveis porque o indivíduo que a nega, sente a necessidade de se justificar. É a sensação de "honestidade" que nos leva a considerar esta perigosa possibilidade, e nem percebemos isso.

A Wikipedia define o "aniquilacionismo" como uma doutrina escatológica minoritária que diz que as almas dos pecadores serão aniquiladas após a morte de seus corpos físicos. Considerando este tipo de definição, não posso me declarar aniquilacionista. Sou um imortalista condicional não-aniquilacionista.

_

E Se O Pluralismo For A Verdadeira Cosmovisão?

Bem, se o pluralismo for verdadeiro, e isto é logicamente possível, não existe necessariamente uma superioridade do cristianismo sobre qualquer outra religião. O pluralismo também não precisa ser necessariamente cristocêntrico, no mesmo sentido, nem ter pontos em comum com o cristianismo. A crença em livros sagrados, na existência do pecado, na eternidade dos santos e na punição dos "maus", entre tantas outras coisas, torna-se descartável à primeira vista. O pluralismo traz mais dúvidas sobre a realidade sobrenatural do que o inclusivismo.

_

Sobre O Sincretismo Religioso

Bem, como já disse, não vejo o sincretismo religioso como um problema necessariamente. O cristianismo mesmo é o resultado da influencia de outras religiões. Isto, entretanto, não quer dizer que todas as influencias sejam aceitáveis. Uma vez que o cristianismo é a "verdadeira religião" (detesto esta expressão) e as demais são inferiores em muitos pontos, penso que muitas das fragilidades delas poderiam ser nocivas ao cristianismo ou causar um retrocesso no seu conhecimento sobre Deus e Sua mensagem.

_

sábado, 12 de maio de 2012

Missiologia


Quanto à missiologia, creio que a função dela não é, na verdade, libertar os outros religiosos das "falsas religiões", já que elas possuem suas formas particulares de entender e viver o sobrenatural, mas poder dar a qualquer não-cristão a capacidade de conhecer melhor a Deus e Sua mensagem. É exatamente a superioridade do cristianismo a base da motivação missionária. Levar os não-cristãos a entender o amor de Deus, que pode estar meio que obscurecido em outras religiões. O cristianismo poderia, portanto, oferecer um consolo maior do que o vazio existencial que alguém pode encontrar no budismo, por exemplo. A simples influencia do cristianismo sobre as demais religiões é algo profundamente poderoso.

_

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Existência De Deus E Argumentação

Nestes anos debatendo sobre a existência de Deus, tenho percebido que muitos dos chamados "argumentos para a existência de Deus" não são propriamente argumentos para a existência d'Ele. Pelo menos, à primeira vista. Digo isto, me baseando, por exemplo, em debates como os do filósofo William Lane Craig. Acho que a dicotomia teísmo x ateísmo não é suficiente para abarcar todas as questões levantadas nestes debates, mas apenas para satisfazer os interesses dos grupos de ambos os lados. A dicotomia que percebemos, na verdade, é entre naturalismo e sobrenaturalismo. É uma diferença sutil em relação à primeira proposta, mas elas não são exatamente a mesma coisa.

Argumento experiencial. O argumento experiencial, mesmo se fosse válido, não seria capaz de nos ajudar a saber se o que se comunica conosco é um Deus, um espírito de um morto, um espírito enganador, ou qualquer outra entidade sobrenatural... Mesmo que pudesse fazer isso, ainda assim não poderia nos revelar se o Deus que se comunica conosco é tão exclusivista quanto o Deus das teologias tradicionais. O argumento experiencial é invalido não só para provar a existência de Deus, mas é mais invalidado ainda quando o que se propõe a fazer-nos algo tão pretensioso como identificar o "Deus verdadeiro".

Argumento Cosmológico. Este argumento, no meu ver, seria suficiente apenas para argumentar a respeito de uma realidade além do nosso universo. Se quando entendemos Deus, como um Ser possuidor de determinados atributos, poderíamos dar ao cosmos apenas uma realidade sobrenatural, ou seja, ela precisaria ser Deus necessariamente.

Argumento Moral. É possível que algum ser seja moralmente perfeito e, que mesmo assim, não tenha certas qualidades como, por exemplo, ser atemporal, imaterial, onipotente, onipresente, e onisciente? Acho que podemos dizer que por não poder ser contingente, deve realmente ser atemporal e imaterial. Mas como no argumento ontológico, há uma exceção neste caso também. Uma vez que somente Deus pode ser moralmente perfeito, o argumento moral implicaria necessariamente na existência de Deus. Caberia apenas justificar a premissa "valores morais objetivos existem."

Argumento Ontológico. Se considerarmos o argumento ontológico, talvez ele seja o único capaz de argumentar a favor da existência de Deus. Penso assim porque o argumento está intimamente relacionado à definição de Deus.

Argumento Ressurrecional. O argumento ressurrecional não tem a finalidade apenas de tornar a existência de Deus mais plausível do que implausível, mas também de identificar qual seria o verdadeiro Deus. Em um debate com o popularizador islâmico Jamal Badawi, por exemplo, o Craig alega que o Alcorão não fornece uma base sólida para o Jesus histórico. Além disso, propõe o argumento ressurrecional como uma tentativa de demonstrar que o Deus cristão seria verdadeiro e Alá e apenas um mito. Entretanto, o Craig ignora que, assim como no cristianismo e no judaísmo, "religiões dos Livros" também, a crença de que o livro sagrado é inerrante não é necessária à fé. Outro ponto interessante também é que sobrenaturalidade não é prova de divindade. O que eu quero dizer com isso? Bem, este argumento pode ser interessante se for oferecido a um naturalista, mas não para um adepto de outra religião. Isto porque o próprio cristianismo não nega a possibilidade de um evento sobrenatural em outras religiões. A Bíblia inclusive, chega a citar vários casos onde supostos sinais sobrenaturais foram realizados por "pecadores". Ela chega a alegar que "espíritos enganadores" podem realizar sinais a fim de enganar os incautos. Esta ideia está tão bem desenvolvida nela que alguns cristãos fundamentalistas ainda vão um pouco além e anunciam a vinda de um anticristo que pode, entre outras coisas, fazer fogo cair do céu. Me lembro que quando eu fazia parte deste grupo, cheguei a me perguntar várias vezes "como eu vou saber identificar o anticristo? E se não for ele, e eu estiver rejeitando o próprio Deus?" Craig ignora também o pluralismo religioso e as teologias inclusivas, pois existe a possibilidade de Deus ser verdadeiramente experimentado em todas as religiões. Um evento sobrenatural de uma religião não poderia ser, por exemplo, um argumento contra a religião do outro. Baseando-me nisto, acho que posso dizer que a ressurreição de Jesus ou qualquer outro evento miraculoso não poderá nunca ser um argumento sério a favor do cristianismo. Creio que esta "briga" entre as religiões se dá muitas vezes por mero capricho de seus adeptos. Um homem de uma religião vê ao longe um outro religioso e pensa: "como aquele sujeito tem a ousadia de não adorar o meu Deus e ficar adorando o deus dele? O meu Deus me dá o sol, a terra e a chuva para plantar, os animais para comer, a vaca que me dá leite, e aquele ingrato perde seu tempo sem oferecer-lhe qualquer gratidão?!" De repente, o religioso do outro lado o vê murmurando e pensa exatamente a mesma coisa em relação ao primeiro. Ambos não percebem que os dois só possuem alguns costumes diferentes na prática religiosa. A chuva cai e falta para ambos, para os dois o sol aparece e se esconde. Não há castigo por causa da ingratidão de um deles. Na verdade, acaba sendo simplesmente uma questão de interpretação.

Creio que podemos concluir que a posição mais sóbria é o pluralismo religioso, mas confesso que por questões culturais tendo para o inclusivismo, ou seja, acabo por dar primazia ao cristianismo. O inclusivismo é possível, mas nunca poderemos saber se é ele ou o pluralismo a verdadeira doutrina. Ambas são logicamente possíveis. A verdade é que sempre seremos escravos de nosso limitado conhecimento sobre a realidade...

Não quero discursar sobre todas as possíveis implicações do pluralismo religioso ou do inclusivismo, mas se  ainda insistirmos em manter uma doutrina soteriológica e dermos o mesmo peso de valor ao pluralismo, ao exclusivismo e ao inclusivismo, concluiremos que a possibilidade do exclusivismo estar correto é de 1 em 3, ou seja, existe o dobro de possibilidade de uma teologia não-fundamentalista estar correta.

Como havia dito nos posts anteriores, sou um cristão inclusivista. Reconheço o pluralismo como uma possibilidade, talvez remota, mas o exclusivismo, dependendo do que se entende por ele, acaba me engasgando. Não desce.

_

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Livro Da Vida?

Uma vez que Deus transcende à esfera espaço-tempo não podemos conceber o Livro da Vida como um objeto físico. Se a Bíblia fosse escrita nos nossos dias, Deus usaria calça jeans e carregaria um iPhone no bolso de trás.

_

domingo, 6 de maio de 2012

O Paradoxo De Pedra É Eficiente?

A primeira pergunta a se fazer é em qual sentido o paradoxo se faz eficiente. Se a pergunta é se através dele pode-se concluir que qualquer conceito de onipotência é ilógico a resposta é não. O paradoxo de pedra ignora que Deus não é um ente físico, portanto apelar para força física não faz sentido. Além disso, a ideia que ele tenta propor simplesmente leva a se pensar no conceito de onipotência. Deus onipotente, no conceito filosófico mais sofisticado, é um Ser que pode fazer tudo aquilo que é logicamente possível.

_

Inerrância Bíblica

Bem, a interpretação literal da Bíblia, no meu ver, definitivamente não pode ser desligada do fundamentalismo. Os primeiros capítulos do Gênesis apresentam 2 e não apenas um relato da Criação. Estes possuem vários sinais que determinam facilmente a influencia da mitologia babilônica. O próprio fato de Deus criar a luz antes de criar o sol já é uma demonstração de que os escritores queriam reduzir a importância das divindades astrológicas. Além disso, a literalidade do relato é requerida por personagens bíblicos posteriores. Os mitos criacionistas simplesmente nascem do anseio humano em tentar explicar o mundo existente. E o mais importante é que uma vez que a Bíblia não precisa ser inerrante, não há a necessidade de se apelar, mas sim se limitar a uma resposta mais simples. Os mitos também não se limitam aos relatos da Criação, mas incluem, por exemplo, a crença de que a volta de Jesus se daria ainda no primeiro século, algo que Paulo teve que responder depois em uma carta para os tessalonicenses ou a crença de que a teologia natural é suficiente para concluir que as religiões que não pertencem à esfera judaico-cristã são claramente falsas, algo que vemos em Romanos 1.

_

sábado, 5 de maio de 2012

Diversidade Religiosa

Uma vez um amigo católico me disse que não vê protestantes, como eu, como não-cristãos, mas sim como 'irmãos distantes' e eu respondi "estive do seu lado e estarei onde você estiver. Como ainda assim posso ser um amigo distante? Jesus disse que devemos amar o nosso próximo porque uma vez que o amamos não conseguimos não estar próximos."

_

Análise Do Geena

Como já havia dito, o Geena é um simbolo do juízo final. Usei como base algumas observações do blog Cristianismo Puro:

- A Bíblia ensina que o Geena é um tipo de condenação para pecadores (Mateus 5:22; 23:33)
- A Bíblia ensina que o corpo (não a alma exclusivamente) é lançada no Geena (Mateus 5:29,30; 10:28).
- A Bíblia ensina que quando o corpo e a alma são jogados no Geena, são destruídos. O verbo empregado é APOLLYMI ("destruir"), e se encontra no infintivo aoristo, ou seja: uma destruição pontual, não um processo de torturamento (Mateus 10:28).
- A Bíblia diz que o fogo do Geena é AIWNIOS (Mateus 18:8,9; 25:41).
- A Bíblia ensina que no Geena o verme não morre e o fogo não se apaga (Marcos 9:42-50; cf. Isaías 66:22-24).

Fonte http://cristianismopuro.blogspot.com

_

Acerca Da Obrigação De Se Amar

Alguns costumam objetar que um dos problemas do Deus cristão é que Ele obriga um homem a amar o outro. Eu acho que é muito complicado alguém dizer que o cristianismo "obriga" um homem a amar o outro sem primeiro deixar claro o que está querendo dizer com "obrigação". Mas, de qualquer forma, esta é uma alegação auto-contraditória. Afirmar que eu sou "obrigado" a não "obrigar" ninguém é obrigar de alguma maneira. Uma vez que existe este princípio indissociável do amor, a única coisa a ser feita seria rever os conceitos de alguns termos existentes.

_

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Deus Como Ser Indefinível

Um amigo ateu geralmente argumenta que dado o fato de que todas as pessoas que ele conhece possuem opiniões divergente sobre o que seria Deus, deve-se concluir que Ele não existe, mas eu penso exatamente o contrário. Uma vez que somos incapazes de saber o que é x não podemos dizer que x não existe. Se alguém chegar para mim e falar "oi, Edson. Tenho algo no meu bolso!", eu não vou responder "Não, não tem porque eu não sei o que seria." Não posso dizer se a existência de Deus é ilógica se não conheço nenhum de Seus atributos. Na verdade, a dificuldade em compreender o que Deus realmente seria acaba sendo uma razão para não dizermos que Ele não existe.

_

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Guarda Sabática?

Primeiramente, deve-se perceber que a observância do Decálogo não é feita no Novo Testamento como foi feita no Antigo. Jesus propôs uma nova leitura dos mandamentos ao dizer que os mesmos são o resumo do dever de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. A leitura veterotestamentária não é tão "nobre" quanto se pensa. O hábito de guardar o sábado, em certo sentido, possui o mesmo valor que o hábito de jejuar, oferecer sacrifícios animais, rasgar as vestes e jogar cinzas sobre a própria cabeça. É um valor que está intimamente ligado à cultura de um povo. O sábado deve ser entendido, então, como algo que deve promover um descanso para a alma e para o corpo humanos e não como um fardo para uma sociedade fragmentada como a nossa. Paulo propõe em  Romanos 14. 5, 6: "Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus." Devemos portanto, guardar o sábado? Bem, tomando cuidado com o que estamos querendo dizer com "devemos", a resposta deve ser dada individualmente. O cristianismo pode sim descartar a guarda do sábado e somente adotar a Cristo aguardando a salvação, o eterno sábado.

_

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Bíblia E Algumas Perguntas "Geniais"

Um grande problema dos religiosos e também dos "céticos" é crer que qualquer questão relevante para o homem, do ponto de vista existencial, filosófico, científico, histórico ou até mesmo teológico, tenha que ser revelada na Bíblia. O conhecimento e a existência humano estão envolvidos por uma ligação dos mais variados fatores. Qualquer crença de que ela tem a função de revelar todos os mistérios do universo é equivocada. A própria Bíblia diz isso ao afirmar que somente Deus é dono de infinita sabedoria. Um ateu não está dizendo nada genial ao perguntar "onde a Bíblia colocou os dinossauros?", nem um religioso está sendo prudente ao perguntar "onde estão os alienígenas na Bíblia?". Além disso, existe uma diferença muito significativa entre "verdade literal" e "verdade fundamental" encontrada em uma narrativa mítica da Bíblia. A Bíblia está repleta de mitos porque os mitos são inseparáveis do homem e de sua linguagem. A própria tentativa de tentar eliminá-los resultou nos mitos pós-modernos.

_