sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dilemas Éticos

Se futuramente teremos várias empresas vendendo o suicídio assistido, por que criticar tanto a indústria do cigarro?

Ser totalmente transparente é algo totalmente contraevolutivo. Em pouco tempo correríamos o risco de morrer. Não ser transparente é uma necessidade em muitos casos. Uma prova é a existência de senhas secretas no banco e no Facebook. Não compartilhar é dizer que não confiamos em ninguém. É acusar. Algo que o cristianismo certamente condenaria.

Se eu devo punir aquele que roubou para não morrer de fome e que tem este como o único recurso, eu devo punir aquele que mata em legítima defesa ou que comete qualquer delito sob a pressão de ter uma arma apontada para a sua cabeça. Havendo coação ou não, ainda é uma escolha.

Ao mesmo tempo acho que não deveria e que não deveria tentar impedir que alguém use a sua liberdade para jogar-se se de um penhasco, por simples momento de tristeza. Principalmente se sei que ela poderá me agradecer depois de passada a tristeza por impedí-la de cometer o "absurdo" de se matar. Qual momento deveria ser o mais importante? Me sinto obrigado, de acordo com outros critérios, a escolher o primeiro.

Creio que a religião se desfará com o tempo. De fato, desejo que o cristianismo se acabe. Por quê? Porque por mais liberais e inclusivas que as pessoas se tornem, sempre teremos que lidar com grupos fundamentalistas possuidores de "verdades esquecidas". O fim do cristianismo é o que de melhor deve acontecer. Todo cristão deveria torcer pelo fim dele, mesmo sendo cristão, pois ausência de religião não é ausência de Deus.

Eu não cometeria suicídio no momento. Se no futuro o cometerei, eu não sei dizer, embora ache de fato possível. Vivo porque, por enquanto, ainda encontro razões para viver.

É pecado tirar relinho. Tentar cortar a pipa do outro, quando este não quer ser cortado, é cobiçar a propriedade alheia. O relinho só seria permitido depois que ambos os pipeiros sinalizassem interesse no duelo.

Enquanto os crentes dizem que os gays não devem ter o direito de se casarem, eu penso que as pessoas devem ter o direito de se casarem até mesmo com animais.

Vender animais deve ser tão errado quanto vender pessoas e órgãos humanos, já que eles são seres vivos e não simples "objetos". O mesmo deve ser dito sobre a alface, qualquer fruta, legume ou verdura que eu compro na feira. Destruir uma plantação de rosas é tão errado quanto pisar na grama e matar um mosquito é tão cruel quanto matar uma borboleta logo depois de arrancar-lhe as asas. Dizer que sou dono do meu cão ou do meu gato é tão errado quanto dizer que sou dono da minha esposa, dos meus filhos ou dos meus empregados. Não somos "dono e propriedade", somos parceiros! Por isso, a necessidade de uma sociedade anarco-comunista e ambientalista. A eugenia já existe e se manifesta disfaçadamente no nosso ato de escolher amigos e parceiros sexuais. Ela já existe entre os animais e as plantas de forma mais desvelada. Geralmente podemos perceber isso em nosso prato e nossas panelas. Acho esquisito este nosso costume de criticar nossos filhos quando eles tentam destruir um formigueiro e nunca pedir para alguém desviar o carro e não estacionar em cima de uma formiga. Assombrosa contradição!

Exigir que o meu cônjuge ame apenas a mim, fantasie apenas comigo e me tenha como a pessoa mais amada do mundo é um completo egoísmo.

Jesus estava totalmente equivocado ao defender a bem-aventurança do misericordioso, dizendo que Deus também seria misericordioso para com ele. Se Deus é "misericordioso" apenas com o misericordioso, isso quer dizer que de fato Ele não é misericordioso. Se Ele exige esta forma de misericórdia de seus servos, deveria ter a mesma misericórdia também. No cristianismo, diz-se que não devemos pagar o mal com o mal, pois se fizermos isso, Deus irá pagar o nosso mal com o mal dele e que o mal que ele pode causar é pior do que qualquer mal que podemos fazer a outra pessoa. O discurso das bem-aventuranças é pobre e leva-nos a buscar a pobreza, o desespero, a fraqueza, simplesmente para garantirmos a salvação em outro mundo. Não deixa de ser niilismo.

Jesus disse que se alguém quiser as nossas túnicas, devemos dar nossas capas também. Pode-se dizer que nenhum destes incontáveis cristãos chatos que vemos em blog's e no Youtube deveria ser contrário ao esquerdismo nem crítico de Marx. Marx seria motivo para eles darem tudo o que possuem.

Um homem que morre por um cachorro é chamado de idiota, um cachorro que morre por um homem é chamado de herói.

Dizer que Deus é o ser do qual nada maior ou mais perfeito pode-se pensar e que Ele é incapaz de deixar de existir simplesmente porque Anselmo disse isso, é um apelo à autoridade. Não há nenhuma razão para pensarms isso. Dizer também que Jesus é contra a união gay porque Paulo pregava isso também é um apelo indevido.

Cristão capitalista é aquele que não cobiça a sua mulher, mas cobiça os seus clientes. Quem abre uma padaria está cobiçando os clientes que compram pão na padaria ao lado ou os que gastam o seu dinheiro de outra maneira. Como apostar uma corrida ou partcipar de um torneio de futebol sem cobiçar o título que pertence a outro corredor ou a outro time de futebol? Apenas se os esportes não forem mais de competição, mas de parceria.

É bem provável que o inferno estará repleto de pessoas que negaram ter soltado algum pum e que disseram falso testemunho contra o próximo ao dizerem, direta ou indiretamente, que quem peidou na verdade foi outro alguém.

Há quem diga que nunca devemos impedir que alguém pregue a discriminação desde que não exista agressão física. Bem, muitos dos que pensam assim batem palmas quando um patrão que cometeu abuso de autoridade é processado ou quando um racista é preso. O ato do patrão, entretanto, pode ter algo a ver com sua ideologia e não envolver  agressão física. O mesmo valeria para pessoas que espalham informações caluniosas e difamatórias sobre outras pessoas. De qualquer maneira, o dano físico, que pode ser uma consequência destas ideologias, não é o único nem o mais doloroso que se pode sofrer e dano é dano.

Mudar de cidade, trocar de emprego, sair de uma escola e entrar em outra, perder contato com alguns amigos e fazer amigos novos não quer dizer que o seu estado anterior tenha sido um completo fracasso nem mesmo que você tenha fracassado em algo. O fato de eu não ser mais criança não quer dizer que eu tenha fracassado como criança, apenas que eu não sou mais criança. O mesmo vale para o casamento. Nenhuma união foi feita para ser eterna nem deixa de ser positiva por durar menos do que a média. Minha fase pré-escolar deu certo porque eu saí dela e não porque me mantenho ainda lá. Aprendi a me dar bem com os meus pais e o fato de não viver com eles na mesma casa não quer dizer que a minha primeira família tenha dado errado.

Os religiosos fundamentalistas são um problema sério para o anarquismo. A relação entre ateus ou entre ateus e religiosos liberais acaba por ser bem menos problemática.

Nos últimos anos não fui um crente no cristianismo, mas um torcedor.

Eu me vejo incomodado com o tempo. Eu sou um boneco em suas mãos, pois eu me transformo de tempos em tempos. Não gosto e nunca gostei do nazismo, mas creio que flertaria com ele se tivesse a eternidade pela frente, pois o tempo me torna imprevisível até para mim mesmo. Tudo o que eu tenho é a minha essência e nada mais! Se eu tivesse a eternidade, flertaria com tudo o que abomino. Por isso a felicidade eterna não existe. Em algum momento, mesmo que ínfimo, eu passaria por uma tristeza tão profunda, mas tão profunda, que eu mesmo daria fim à minha vida. Não precisaria de muito tempo para isso. É pura matemática! Se eu tenho pensamentos suicidas em uma vida curta, o que se falar sobre a eternidade? Mesmo que o homem descubra a fórmula da eternidade ou que Deus lhe dê a eternidade para viver, em algum momento o homem desejará o contrário e, depois de concretizar o seu intento, não poderá desejar viver novamente, pois os mortos nada desejam. Na eternidade, este Deus que respeita as nossas escolhas, se sentiria obrigado a atender o nosso desejo de não mais existir e teria a necessidade de criar mais seres que viveriam em nosso lugar até chegarem à mesma fadiga existencial. Tudo o que sobra-nos é um círculo vicioso e sem sentido. Eu desejo a eternidade agora, mas desejarei a eternidade por toda a eternidade? Em alguns momentos o céu poderá ser um inferno. A diferença é que os "santos" não têm a obrigação de ficarem nele. E se de fato morrerem, sabemos que os mortos não desejam voltar a viver.

No meu ver, a vinda de um ser deve se dar de forma totalmente acidental, nunca causada conscientemente ou por negligência. Não me vejo, de acordo com alguns pressupostos, com o direito de trazer à vida um filho sem ter o seu consentimento. Principalmente levando em conta que entre meus filhos possam se encontrar Schopenhauer e Cioran. O fato de a reprodução ser instintiva, por si só, não justifica este ato, assim como a preservação da espécie não está acima de todas as coisas, pois parece-me perfeitamente aceitável que a humanidade se sacrifique em função de um "bem maior". Salvar uma pessoa de um possível acidente, sem saber se ela quer sofre-lo, é errado? 

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Esquizofrenia Do Dia A Dia

É antiético causar sofrimento ao próximo ou criar preconceito a seu respeito, sejam suas motivações religiosas ou não. Vejo como mais antiético ainda culpar as pessoas em nome de uma religião que não pode ser confirmada como verdadeira e de um Deus que não se sabe se existe e que parece improvável. Não há pecado maior do que falar em nome de Deus? Os religiosos se comportam como Lúcifer. Não é possível saber qual é a vontade de um Deus calado. É antiético pregar a homofobia e a religião não deixa de ter seus preconceitos simplesmente porque as pessoas são livres para acreditar no que quiserem. Podem acreditar, mas que é preconceito é. Se deseja ter esta postura religiosa, deve assumir-se com um inimigo da ética, como Kierkegaard se assumiu.

Se eu estivesse de fato convicto de que as crianças vão para o céu, eu daria um jeito de cometer o maior infanticídio da história, mesmo sendo o infanticídio um pecado. Não haveria nada mais nobre do que me perder em função da redenção de tantos seres humanos. Eu seria um segundo Jesus Cristo. A única diferença é que eu não mereceria o céu. E exatamente por este motivo eu seria melhor do que ele. Se eu estivesse convicto de que todas as pessoas irão para o céu, eu teria filhos espalhados pelo mundo inteiro, mesmo não podendo sustentá-los e educá-los.

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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Outros Dilemas

Suponhamos que você seja o(a) dono(a) de um bar e receba a visita de menores pedindo bebidas alcóolicas e cigarro. O que faria? (a) Não daria, pois é crime; (b) Daria, por simples interesse econômico; (c) Daria, por uma questão ética, já que eles, como todos cidadãos, possuem direitos iguais que lhe são negados pelo Estado (d) Outro (e). Este é um dos meus dilemas éticos. Se, entre outras coisas, podemos discutir a redução da menoridade penal, podemos discutir sobre muitas outras coisas também. O debate seria interminável, pois o cidadão deve ter o direito de fazer o que quiser, por mais absurdo que isso pareça, desde que não cause mal ao próximo sem o consentimento deste.

Eu não tenho nada contra o suicídio. Talvez eu me suicide algum dia. No momento, entretanto, eu tenho encontrado razões para continuar vivo. Sem Deus, ou sem um gênio da lâmbada, a vida não é inútil, no máximo ela pode ser considerada apenas menos últil. Ou mais útil para aquele que aborrece a eternidade.

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sábado, 6 de julho de 2013

Sonos Leves

Eu sempre tive uma queda pelo pluralismo religioso. Seu problema, entretanto, consiste no fato de que ele acaba sendo sistematizado sobre a ideia inclusiva pós-moderna. Embora esta postura pareça ser a mais ética possível, não há porque pensar que a divindade deveria dar valor a isso. Ao supor que Deus é experimentado em todas as religiões eu sou obrigado a pensar porque a sua revelação seria maior na minha religião do que na religião alheia, já que todos temos uma relação com Ele. Deve-se dizer que a única coisa que podemos ter no pluralismo é a doutrina de Deus ou talvez nem esta. Doutrinas da salvação, da perdição, do pecado e outras doutrinas seriam mais questionáveis e ficariam com um papel secundário.

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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Dilemas


Meu maior dilema moral é "por que ser moral?" Por que me importar tanto? Raskolnikov me atormenta. Tenho me tornado um monstro! Não é possível servir a Deus por toda a eternidade porque o homem muda com o passar do tempo e seus valores também mudam. Certamente serei tido como um bárbaro amanhã. O homem mais nobre de hoje há de ser o mais imoral em alguns anos.

Não é verdade que no niilismo o universo é indiferente ao sofrimento humano. O universo é tudo aquilo que existe. O sofredor, que não deseja sofrer, e aqueles que desejam o seu "bem" não são indiferentes ao seu sofrimento. Parte do universo tem prazer com o sofrimento de João, outra parte compartilha de sua dor e a outra é indiferente à ela. O "universo", o todo, não se torna favorável caso Deus exista, pois as pedras não amam, são indiferentes ao sofrimento humano. Bem, eu não fico infeliz por não ser amado por uma pedra.

Eu estou incomodado com a democracia. Ela nem sempre é um bom negócio.

Se defende-se que os adolescentes possuem certa "consciência razoável" e que as pessoas possuem o direito de fazerem suas próprias escolhas, por mais absurdas que elas pareçam, deve-se concluir que um menor não pode ser proibido de beber ou fumar. Isso é um ataque à sua liberdade. Obrigá-lo a estudar e proibir que ele dirija seriam a mesma coisa. Se a pessoa tem o direito de desejar a própria morte, não há problema em que alguém a mate, desde que tenha o consentimento dela. Tudo isso soa como absurdo porque a vida é absurda.

Fé não é conhecimento. O conhecimento é factivo e a fé é infactiva. No conhecimento não se pode saber algo que não é. Está exatamente na fragilidade da fé a sua suposta força. Isso está claro no fideísmo.

Se não fazemos o mal, pode ser por medo de carregarmos a culpa. É egoísmo. Se alguém pudesse fazer isso por nós, nos contentaríamos.

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