sábado, 5 de janeiro de 2013

Causa, Achismo, Fé E Controvérsias

Nós sabemos que Deus não criou o universo, pois este não deve possuir causa, de nenhum tipo. A causalidade está submetida ao espaço-tempo, e não o contrário, portanto, falar que o universo necessita de uma causa significa falar que o espaço-tempo precisa de uma causa, o que não faz sentido. Pode-se até mesmo dizer que o surgimento do universo não é um evento, pois o evento se dá no tempo-espaço. Deus também não seria capaz de se "temporizar", pois a Sua vontade seria a causa da Sua "temporização". É estranho ver teístas dizendo que não faz sentido acreditar que o universo possa ter vindo de nada, sendo que Deus estaria a fazer o mesmo. Digo isso porque somente no panteísmo Ele poderia usar parte de si mesmo para o criar. Mas supondo que Ele o houvesse criado o que poderíamos inferir, no máximo, é que Ele foi a "causa" do universo. Seria um equívoco dizer algo além disso, como por exemplo, dizer que a causa é pessoal, onipotente, ou que poderia criar outros universos ou fazer qualquer outra coisa. Não é porque eu consegui fazer um gol de bicicleta em um jogo que eu serei capaz de fazer isso em outras partidas, não é porque um homem tem o poder de ressuscitar mortos que Ele também deve ser ressuscitado algum dia, ter o poder de ler mentes, conhecer o futuro e trazer a paz mundial. O que realmente poderia garantir que Jesus não era simplesmente um homem com algumas habilidades sobrenaturais que se perderam após a sua morte? Se eu posso estar equivocado sobre as minhas reais capacidades, por que Jesus também não poderia? Por que Deus não poderia, como o universo, simplesmente surgir? Por que teria que ser eterno? No fim das contas, mesmo que estivéssemos certos da existência de Deus, crer que estamos nos lidando com Ele também seria uma questão de fé.

Como disse David Hume:

"Quando inferimos alguma causa particular a partir de algum efeito, devemos proporcionar uma com o outro, e não devemos jamais atribuir à causa outras qualidades senão as estritamente suficientes para produzirem o efeito. A elevação, sobre um dos pratos da balança, de um corpo de dez onças, pode servir de prova que o contrapeso ultrapassa dez onças, porém não pode jamais fornecer uma razão que ultrapassa cem onças. Se a causa, atribuída a um efeito, não é suficiente para produzi-lo, devemos rejeitar a causa ou acrescentar-lhe qualidades que a proporcionarão rigorosamente ao efeito. Mas se lhe atribuirmos outras qualidades ou afirmarmos que é capaz de produzir outros efeitos, somos desviados por conjeturas e suporemos arbitrariamente — sem base racional ou autoridade — a existência de qualidades e energias."

Há, certamente, aqueles que me criticariam pelo meu achismo, mas o que temos que realmente não seja achismo? Dizer que o amor tem valor é um achismo também. Fora poucas coisas que poderíamos citar, devemos reconhecer que os achismos compõem a maior parte das crenças de nossa sociedade e que elas não deixam de ser uma opinião só porque são compartilhadas por um grupo.

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