sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Sobre Católicos E Ortodoxos Chatos

Eu não acredito que a Bíblia seja um livro inspirado por Deus, entretanto, cheguei a crer nisso por um bom tempo. De qualquer forma, sempre existiram alguns "teístas superiores" alegando que a a minha crença na inspiração bíblica só faria sentido se eu adotasse as suas convicções religiosas. Geralmente são católicos e ortodoxos. Segundo eles, só podemos dizer que a Bíblia é um livro inspirado se o grupo responsável pela sua compilação também for inspirado. Bem, primeiramente, eu não preciso ter uma visão mística da Bíblia para ser cristão. Em segundo lugar, eles acabam sendo bem seletivos. Existiam realmente centenas de textos, mas foram feitas diversas alterações antes do concílio de Cartago (397 d. C). Livros que não constavam nas primeiras compilações foram inclusos enquanto livros, como o Evangelho de Tomás, foram exclusos. Alguns dos excluídos, inclusive, foram perseguidos e colocados no Index de obras proibidas. Os "pais da igreja" possuíam várias divergências e estavam errados acerca de várias questões. Estes "teístas superiores" não acreditam em tudo o que foi defendido pelos pais da Igreja. Seria, até mesmo, impossível fazer isso, pois quando você diz que um carro é apenas amarelo está automaticamente dizendo que ele não é verde ou vermelho. Gostaria de saber qual tipo de "inspiração" chega a ser esta. Será que Deus, indeciso, mudou de opinião várias vezes? Ele não poderá mudar de opinião posteriormente?

Jesus possuía uma mensagem essencialmente escatológica. Cria que o fim dos tempos deveria ser visto pelos seus contemporâneos. Ele não era mais "coerente" do que qualquer pregador alarmista que conhecemos. A ideia de sucessão apostólica sequer passava pela sua cabeça. Foi uma invenção de seus discípulos. Em um longo prazo, entretanto, a ideia de sucessão perde o seu verdadeiro significado. Os discípulos não eram os donos da verdade, muito menos os seus sucessores eram. Os apóstolos e as igrejas viviam se desentendendo. Diante disso, o conselho de Paulo foi que todos buscassem respeitar a diversidade, sem qualquer sentimento de superioridade. Um católico ou um ortodoxo que não tolera um protestante ou o considera um cristão de segundo nível é alguém que não tolera a diversidade. Se um gentil pode ser filho de Abraão por que um protestante não pode ser cristão? E daí que "abandonaram" o catolicismo e a Igreja ortodoxa? Não "abandonaram" eles também o judaísmo? Eu não me sinto obrigado a ser católico porque alguns pais da igreja eram católicos, assim como não me sinto obrigado a ser judeu porque Daniel era judeu.

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