sábado, 30 de junho de 2012

Eu E Meus Colegas Calvinistas

"Se você for calvinista não assista Karatê Kid depois das 19:00 hs. Se o calvinismo for verdadeiro você poderá ir para o inferno se morrer enquanto sonha que está matando seu vizinho. No portão do céu você não vai poder usar a desculpa: 'Senhor. No sonho não é pecado porque eu não tenho livre-arbítrio.'" Se não existe livre-arbítrio e a responsabilidade moral não o requer, eu estarei pecando se matar o meu vizinho, mesmo que este ato seja o resultado do efeito de uma droga que alguém colocou no meu copo sem eu perceber.

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Sobre Uma Teologia Cristocêntrica

Muitos cristãos ignoram o fato de que a superioridade do "Novo Concerto" consiste no fato de Jesus ser a Revelação Maior, o Verbo encarnado. Ignoram também que "Novo Concerto" não é sinônimo de Novo Testamento e que qualquer tentativa fanática de se propor a bibliolatria ou alguma forma de paulinismo acaba por fracassar. A teologia, de qualquer maneira, se propõe a ser cristocêntrica e isto é inegável.

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Livre-Arbítrio E Soberania

De acordo com Jean Bodin, Soberania refere-se à entidade que não conhece superior na ordem externa nem igual na ordem interna. Eu não vejo porque acreditar que Deus não seja Soberano simplesmente porque há o livre-arbítrio, mas vou deixar para tratar esta questão outra hora.

Muitos calvinistas dizem que o livre-arbítrio não existe porque Deus é Soberano. A questão é que, na visão calvinista, Deus só pode ser Soberano, e tem que ser Soberano, se o livre-arbítrio não existir. O argumento deles pode ser resumido neste seguinte silogismo: 

1. Se há livre-arbítrio Deus não é Soberano;
2. Deus é Soberano;
3. Logo,  livre-arbítrio não existe.

O interessante é que este argumento está intimamente ligado à ideia de Deus, o Ser maximamente Grande. O problema é que a definição de Deus deve envolver o atributo de Onipotência, ou seja, a capacidade de fazer qualquer coisa logicamente possível, e também a ideia de mundos possíveis. A pergunta é: o Ser maximamente Grande é capaz de criar seres dotados de livre-arbítrio? Observem bem. A minha pergunta não é se existem seres dotados de alguma forma de liberdade, mas se Deus seria capaz de criá-los, podendo estes, existir em algum mundo possível. Se o calvinista me disser "sim. Como Deus é onipotente, Ele poderia criar um mundo possível onde tais seres existissem" a conclusão a que chegaríamos é que o livre-arbítrio não fere a "Soberania" divina, pois na perspectiva contrária Deus não seria Soberano em todos os mundos possíveis. Se o calvinista, entretanto, dizer o contrário o ônus da prova passa a ser dele. Caberá a ele, provar que Deus não pode criar seres com alguma forma de liberdade.

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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mesmo Se Não Houver Justificativa A Crença Em Deus É Racional?

Esta é uma pergunta feita muito frequentemente, tanto por religiosos quanto por não-religiosos. A resposta vai depender, entretanto, do que a pessoa está querendo propor com "racional" mesmo. Se com isso ela estiver perguntando se a proposição "Deus existe" pode ser sustentada por bons argumentos ou se simplesmente a pessoa usa da "razão" para adotá-la. Muitos criticam a afirmação de que Deus não existe por ela não ser racional neste primeiro sentido. Isto, porém, não quer dizer que ela seja irracional. Se a preposição "Deus não existe" também carece de argumentação, devemos entender ambas como arracionais, ou seja, não são racionais, mas não violam regras da razão. De qualquer maneira, não há evidencialismo de nenhum lado.

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Inclusivismo De Karl Rahner

"Até mesmo um ateu…. não está excluído de possuir a salvação, dado que ele não tem agido contra sua consciência moral como um resultado de seu ateísmo."

Karl Rahner

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eternidade?

A escatologia, a epistemologia e a soteriologia de Jesus possuíam vários defeitos. Se muitos valores são abandonados por algumas pessoas neste processo, creio que o mesmo pode ser aplicado à eternidade. Se considerarmos uma escatologia que se baseia no "andar da carroça" (não-intervencionalista), o "mortalismo universal" parece ser a perspectiva mais coerente, pois existe um método para adotá-lo. Seria como a "certeza" de que o sol vai nascer amanhã, um desenrolar natural das coisas. A sensação de existência vazia, entretanto, se limitaria ao desprazer humano com a finitude, mas nada além disso. Este seria o motivo de os teólogos liberais e neo-ortodoxos não abrirem mão dos valores mais "importantes" e agradáveis do cristianismo. Se um dia eu tive a certeza da imortalidade, seja ela agradável ou não (me parecia um peso, às vezes), hoje, no máximo, creio que sou um candidato à imortalidade. Universalismo? Eu tenho teorias anteriores a ele. Esta seria um exemplo. O cristianismo não nos tira a sensação de vazio. Isto, por outro lado, não quer dizer que este vazio exista necessariamente.

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segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Doutrina da Trindade É Bíblica?

A resposta vai depender do que a pessoa entende por "doutrina bíblica". Se olharmos, por exemplo, para o Antigo Testamento poderemos encontrar dificuldades para defende-la com algum critério sofisticado, que ultrapasse a apologética desenfreada e medíocre de certos teólogos. Podemos, entretanto, alegar que determinada Revelação, assim como outras, somente foi dada por Jesus no Novo Testamento e que este traz luz a coisas e doutrinas que não foram reveladas anteriormente. Não existe necessariamente um "estupro" da teologia. Existir, biblicamente, alguma forma de unidade, como no modelo trinitariano, não faz do trinitarianismo também necessariamente verdadeiro, pois não é negada a possibilidade de existirem mais Pessoas que participam da mesma essência e que simplesmente não foram mencionadas. Poderiam ser quatro, cinco, seis, sete, etc. No mínimo três. Alguns versículos bíblicos, por outro lado, dão a ideia de que esta unidade se limita aos Três (Pai, Filho e Espírito Santo) mesmo.

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sábado, 9 de junho de 2012

Jesus e Calvinismo

1. Se somente podem ser salvos aqueles que recebem a imposição da Graça irresistível, ninguém que não receba a imposição da Graça irresistível poderá se arrepender e ser salvo;
2. Jesus não queria que algumas pessoas entendessem a Sua mensagem porque se a entendessem, se arrependeriam e seriam salvas;
3. As duas primeiras afirmações envolvem eventos mutuamente exclusivos, ou seja, não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.

Nas palavras do "maravilhoso" John Piper: Alguns podem dizer: "Sim, o Espírito Santo pode nos trazer a Deus, mas podemos usar nossa liberdade para resistir ou aceitar esse trazer". Nossa resposta é: Sem a Graça salvífica, sempre usaremos nossa liberdade para resistir a Deus. É isto que significa ser "incapaz de se submeter a Deus".

A "única" (coloquei entre "" porque existe uma outra explicação, igualmente arminiana e que já foi citada) saída deste problema filosófico é contestar a premissa número 2. Meu argumento se baseia em uma interpretação calvinista sobre uma sentença de Jesus. Os arminianos podem adotar uma leitura teologicamente diferenciada, mas um calvinista teria sérios problemas ao aceitar esta premissa. A questão é: Se a pessoa não pode se arrepender sem a imposição da "Graça" irresistível, não faz sentido adotar a interpretação de que Jesus somente falou através de parábolas para que não se arrependessem, pois Jesus estaria crendo que é possível se arrepender, mesmo sem a ação da Graça irresistível.

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Jesus, Morte E Inclusão

Recentemente o arcebispo Desmond Tutu levantou muita polemica ao afirmar que Deus não é cristão. Com isto, ele estava querendo dizer que Deus pode ser experimentado fora do cristianismo e que os não-cristãos podem chegar à salvação. Eu estou profundamente de acordo com ele. Acredito até mesmo que a narrativa envolvendo a morte de Jesus nos dá uma boa base para o inclusivismo. "E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes." (Lucas 23:33-34). Jesus mostrou-se compreensivo com aqueles que, mesmo vendo vários milagres serem realizados, não ficaram convencidos sobre a Sua mensagem. Não os culpava pela ignorância, pelo menos não totalmente, pois sabia que toda a Revelação vinha do próprio Deus. Eu gostaria de fazer uma análise do termo "perdoar", mas vou deixar isto para um outro momento. De qualquer forma, podemos ver neste pedido de Jesus uma tendencia para a inclusão, até mesmo de pessoas que não criam n'Ele como o Messias.

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domingo, 3 de junho de 2012

Teísmo e Evolucionismo

O teísmo propriamente dito nunca esteve em uma briga contra o evolucionismo. Na verdade, a briga se limitava, à primeira vista, aos relatos criacionistas aceitos pela grande maioria dos teístas. O evolucionismo não teve e nunca terá o poder de tornar a existência de Deus mais improvável. A evolução tem o mesmo peso que a lei da gravidade ou qualquer outra lei da lei da natureza. Não compete à ciência fazer julgamentos sobre a natureza ontológica das coisas.

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