sábado, 27 de outubro de 2012

Fé De Certos Pregadores

A Bíblia, ao contrário do que muitos pensam, especialmente os católicos, não possui a frase "quem dá a Deus, empresta ao pobre." Esta, na verdade é uma frase da Castro Alves. Entretanto, a mesma ideia acaba sendo expressa no livro dos Provérbios: "Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício." (Provérbios 19.17) O "engraçado" é que os pastores que defendem a teologia da prosperidade só dão ênfase à oferta dada à igreja. Por que tais pastores não exercem a fé que exigem de seus seguidores? Por que eles não tem fé para doar todos os recursos que as suas igrejas possuem para os necessitados e esperam pelo "pagamento divino"? Imagine se eles fizessem isso duas vezes por ano, como na Fogueira Santa? Eles poderiam vender a Record, doar o dinheiro para a caridade e no fim do ano Deus proveria uma emissora muito melhor. Quem sabe já teriam tomado posse da Rede Globo, não?

Deixando um pouco a ironia de lado, Jesus falou mais sobre dar alimentos e vestidos aos pobres do que sobre dar oferta ou dízimo para o Templo. Criticava, inclusive, a hipocrisia e abuso dos fariseus sobre os mais necessitados. Os apóstolos ensinavam que cada um deveria cooperar com o que propor no seu coração. Paulo, além de criticar o interesse por riquezas, trabalhou com tendas para não ser pesado aos cristãos de sua época.

"Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." [1 Timóteo 6:6-10].

É bizarro ver os pastores ignorando todo o texto citado acima e achando que resolvem alguma coisa quando dizem que o erro está apenas no "amor ao dinheiro", um conceito que acaba sendo tão fragilizado que seria suficiente para inocentar qualquer um. Eles não vêem problema algum em rejeitar as advertências quanto aos perigos da riqueza, mas quando a questão é sexualidade, por exemplo, eles até proíbem o beijo entre namorados. Por que eles não usam o mesmo rigor que impõem àqueles que namoram quando se referem às riquezas? E os pobres dos homossexuais então? Coitados. As pessoas contextualizam os versículos bíblicos a favor de todo mundo, menos deles.

Tiago criticou todo o que pede para o nu se vestir, mas não lhe dá roupa alguma. Os pastores, por outro lado, possuem fé suficiente apenas para dizer para seus membros que se eles doarem todo o seu dinheiro para as suas igrejas, Deus irá prover comida. Não possuem fé para pagar nada sem dinheiro. A fé deles é basicamente a de que a fé dos outros irá suprir todas as suas necessidades. Me perdoem, mas ter este tipo de fé é muito fácil.

"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." (Mateus 6:19-21)

Jesus ensinou a dar dinheiro aos pobres. Algum tempo se passou e neste telefone sem fio alguns entenderam que, na verdade, eles devem é tirar o dinheiro deles.

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