terça-feira, 23 de outubro de 2012

Acerca Da Morte Dos Mártires


Se eu estivesse andando pela rua e fosse abordado por um ex-namorado da minha garota, me perguntando se eu sou, por acaso, o atual namorado dela, eu educadamente responderia que sim. Se eu, entretanto, percebesse que o mesmo estivesse fora de si e armado, eu diria "namorado de quem? Sinto muito, querido, mas eu não sei de quem você está falando..." Certamente eu ligaria para ela e verificaria se estivesse tudo bem e, em seguida, procuraria a polícia o mais rápido possível. Eu não estaria traindo a minha amada ao fazer isso, apenas enganando um possível desafeto para continuar vivo.


Acho que a ideia que as pessoas possuem do que é morrer como um mártir é algo bem idiota. Não faz nenhum sentido para mim, embora eu até chegue a admirar tal gesto em certo ponto. Creio que a crença em Deus está muito além de uma confissão positiva. Morrer como mártir só faz sentido se eu ver esta negação como uma traição, mas não enxergo desta maneira. A verdadeira negação ocorre em um nível muito mais interessante. Este é um dos motivos para eu achar que a "marca da besta" é uma bobagem. Este tipo de mártir só teria lugar em uma teologia exclusivista e incoerente. Talvez, talvez mesmo, este tenha sido o motivo de Jesus ter defendido um certo exclusivismo. Se não fosse este exclusivismo inicial, muitos dos valores cristãos de nossa sociedade poderiam ter se perdido.

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