domingo, 7 de outubro de 2012

Deus E Moral Objetiva

Quando a questão é a moralidade objetiva, eu sou adepto de um agnosticismo forte. Não simplesmente nego saber se eles realmente existem, mas também nego a possibilidade de se saber isso. Deus, dada a Sua onisciência, seria o único capaz de conhecer a moralidade objetiva. Uma vez que estes valores existem, e dada a sua impossibilidade de ser analisada, Deus torna-se incapaz de provar a Sua existência para os demais agentes morais. A Sua saída torna-se, então, propor um "emotivismo moral", alguma forma de inclinação para a mesma. Neste modelo, a moral objetiva existe, ninguém pode provar isso, mas todos creem nesta verdade, mesmo não podendo justificá-la. As pessoas são, neste sistema, julgadas pela fé que possuem simplesmente. A questão que deve ser respondida pelos filósofos cristãos é "como Deus pode conhecer a moral objetiva, se a moral objetiva não pode ser conhecida?" Uma vez que o conhecimento requer um modo de se comunicar com tal informação, fica difícil pensar como é que Deus pode saber que Ele é Bom. Dizer que Deus sabe que Ele é Bom não é o mesmo que dizer que Ele sabe o que eu fiz na semana passada, que um triangulo tem 3 lados ou que 2+2=4.

Me parece que a única forma de se defender a onisciência divina é, portanto, provando não simplesmente que valores morais objetivos não existem, mas provando que valores morais objetivos não existem em nenhum mundo possível. Seria a única forma de pensar em Deus de acordo com o conceito de Anselmo, "o Ser do qual nada maior ou perfeito pode-se pensar" ou como diria Alvin Plantinga, "o Ser maximamente Grande."

Se, por outro lado, valores morais objetivos não existem, dizer que Deus é Santo, amoroso, Bom e Fiel perde o sentido. É o mesmo que dizer que café é bom, que eu gosto de flores, insetos e da cor vermelha. Uma pedra, um sapato velho e um estuprador podem ser tão santos quanto Deus. Conceitos como "pecado", "expiação", além do dever de amar ao próximo como a si mesmo, perderiam o seu valor. Isto seria algo não agradaria muito um cristão "ortodoxo".

Devemos lembrar que Deus não se torna injusto ao impor a Sua subjetividade. Se não existem valores morais objetivos, Ele não pode ser injusto ao fazer isso.

Pode haver moralidade sem Deus? Até hoje ninguém demonstrou que isso é logicamente impossível, nem que é necessário acreditar em um Juízo Final para que ela exista. O que os objetores geralmente fazem é apelar para a falácia da ignorância, pedindo a formulação de um modelo onde isso seja possível.

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