sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sentido E Existência

A discussão sobre a vida ter sentido, ou não, não é algo tão simples assim. É impossível acessar certas verdades. Nem poderíamos, jamais, ignorar que a questão se limita à esta dicotomia. O fato de a vida ter um sentido não quer dizer que ele seja exatamente o sentido que gostaríamos que ela tivesse. Órgãos sexuais são profundamente constrangedores e repulsivos, mas eu nasci com eles assim mesmo. Detesto a morte e a doença, mas não sou capaz de me livrar delas. Talvez o sentido da vida seja a coisa em que menos conseguimos encontrar sentido. Ela não é aquilo que é pintado pelos cultos ou pelos bonitos ou pelos ricos ou por qualquer outro grupo "superior". Entendo que alguém possa encontrar mais sentido em funk do que em Beethoven. Eu não consigo fazer isso e tenho dificuldades até para tolerar este tipo de coisa, mas o que poderia fazer? Como poderia argumentar com quem dá comida ao cão que alimente o mendigo que dorme na porta da nossa casa ou que não culpe uma pedra por tê-lo feito tropeçar? Não posso acusá-lo de ter juízos arbitrários, eu também tenho os meus. Como disse o filosofo franco-argelino Albert Camus, "esse coração que há em mim, posso senti-lo e sei que ele existe. O mundo, posso tocá-lo e também julgo que ele existe. Aí se detém toda minha ciência, o resto é construção." Como pessimista, entretanto, estou profundamente inclinado a crer que toda a moral humana seja sem sentido, assim como a sua existência. Sim, o pessimismo é tudo o que tenho, se ele corresponde à realidade já é outra coisa.

_

Nenhum comentário:

Postar um comentário