terça-feira, 30 de abril de 2013

Deus, Sofrimento E Arbitrariedade Moral

O "argumento do sofrimento", apesar de muito interessante, possui alguns problemas. Ele é muito eficiente ao tratar do senso comum e do Deus tradicional. Entretanto, o senso comum, a moral comum, é profundamente questionável. Pode parecer absurdo, mas Deus talvez pense que comer amendoim, peidar aos sábados e envelhecer sejam coisas pecaminosas. Ele pode ser bem "esquisito" no fim das contas. Nós somo esquisitos e não percebemos nossas esquisitices. Somos como ratos correndo em uma roda, totalmente escravos de nossos instintos. Assim como o meu cachorro é totalmente indiferente à música que eu ouço e eu ache uma tremenda bobagem o seu costume de correr atrás do próprio rabo. Eu não saberia dizer o que é ser uma mulher e sentir atração por um homem, nem o que significa gostar de pagode e sertanejo universitário. Estes sentimentos eu sou incapaz de experimentar. Todos nós estamos presos em nossas cavernas. É possível que Deus, caso ele exista, tenha o interesse de dar uma eternidade de prazer para a humanidade e ser indiferente à nossa "vida terrestre". A nossa moral também é totalmente temerária, repleta de contradições. Nós compramos peixes para alimentar os nossos gatos, a fim de que eles não precisem comer os peixes do aquário. Não falamos palavrões em nossa TV para que nossas crianças não se "corrompam", mas passamos filmes com fumantes e bebedores de vinho em nosso cinema, que também poderiam influenciá-las. Dizemos que a beleza estética não tem tanta importância, mas matamos a barata, por ser feia, e fotografamos a borboleta, por ser bonita. Acusamos o homem que anda nu pela rua de cometer atentado ao pudor, mas estamos fazendo um atentado à sua livre expressão. Na verdade, ele só será preso porque faz parte de uma minoria. Se metade da população quisesse andar nua, andar nu seria um direito inviolável. Enquanto todos tiverem escravos negros não veremos tantos problemas em ter um, mas nos escandalizaremos quando descobrimos este costume entre os nossos antepassados e já o termos abandonado.

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