sexta-feira, 3 de maio de 2013

Esquizofrenia Particular

Eu não sou a mesma pessoa que fui ontem, no ano passado ou há uma hora. Aquela pessoa está presa no passado. Não posso ser responsabilizado por causa de algo feito por ela, assim como não posso ser culpado por algo que não fiz ainda ou realizei em algum universo paralelo. Eu sou o que sou. Algo que foi ou será não pode ser eu ainda. Do contrário, eu deveria ser punido por tudo isso. O que nos faz julgar o evento passado ou presente é simplesmente a incapacidade de prevê-lo e a desnecessidade de ter que conviver com ele. Mais tarde arranjamos uma maneira de "divinizar" este princípio dando um significado mais profundo para ele. Fazemos de tal maneira porque queremos desta maneira. Deus prometeu-nos um paraíso onde comeremos capim, mesmo sabendo que detestamos comer capim, e a única razão de termos prazer em esperar pelo nosso futuro é saber que passaremos a gostar de capim e que comê-lo será causa de felicidade, embora isso não seja totalmente compreensível enquanto este tempo não chegar.

Por que eu não deveria fazer ao outro aquilo que não gostaria que me fizessem? Não seria o medo de que me retribuam o mal que eu posso lhes fazer ou de sofrer o mal ao não ser capaz de entender que o outro, apesar de possuir semelhanças comigo, ainda é outro?

Cometi um crime imperdoável. Um crime perfeito, inimaginável, mas tive que contar para ter o prazer de explicá-lo detalhe por detalhe.

Torço para que Deus não exista. Assim não precisarei fingir compreender a sua indiferença ao meu sofrimento por todos estes anos.

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