quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sobre As Orações

"Olha pra mim, Senhor. Olha pra mim, porque eu preciso do teu olhar." é uma música idiota. E não estou falando da conjugação do verbo "olhar". Pedir para que Deus olhe para mim, no cristianismo, é o mesmo que pedir para que Deus vença, para que Ele seja onipotente, para que Ele me ame. Pedir para que Ele olhe para mim é como tentar "chamar a atenção" d'Ele. Os neopentecostais vivem falando sobre "chamar a atenção de Deus". Entretanto, eu só posso chamar a atenção de quem está desatento, algo que segundo a tradição religiosa seria impossível. Pode-se dizer até que é "o mesmo" que eu afirmar que só aceitarei um triângulo de presente, se ele tiver três lados. Pedir a misericórdia divina, se Deus é realmente misericordioso, é algo sem sentido. Eu não vejo razão para pedir o melhor de Deus, se sei que Ele já deseja o melhor para mim, que faz o bem independente dos meus méritos e sem desejar nada em troca. Minha falta de oração seria a abundancia da fé e não o contrário. A oração é que pode ser um sinal de pouca fé. O próprio "verbo encarnado" poderia usar a oração com a finalidade de auto-confirmação. Se eu peço para que Deus abençoe o meu dia de hoje, é porque eu não creio que a minha oração de ontem é válida para hoje. É porque o meu receio de não ser atendido me obriga a viver cada minuto a minha religiosidade. Não falar com Deus é como se não houvesse Deus. Entretanto, ele, ao contrários das pessoas com as quais convivo, não precisa ser lembrado do que eu disse há 10 anos.

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