terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Sobre Deus E A Empatia

A Bíblia é "um" livro antropocêntrico e sustenta suas doutrinas no especismo. Sabemos, entretanto, que o especismo é ilusório. Não há nenhuma razão para achar que o ser humano seja um animal mais importante, embora para o cristão, somente este seja capaz de encontrar a salvação. Se um dia dermos de cara com extraterrestres possuidores de faculdades que não possuímos, poderemos ser considerados ignorantes demais para que eles se importem com a nossa morte. Que valor determinadas especies poderiam dar a um ser incapaz de ler mentes, interpretar o significado de todos os sons e idiomas e sobreviver a catástrofes astronômicas? Se uma pessoa deseja não morrer nunca, acaba sendo tida como uma tola que não aceita a vida como ela é, mas o mesmo não vale para aquele que não deseja morrer assassinado. Isso é estranho, não seriam ambas as situações imposições daquilo que chamamos de realidade? A diferença é que, até certo ponto, nos acostumamos mais com a morte natural do que com a morte resultante do envelhecimento.

Penso que quanto maior Deus for, será mais improvável que Ele se importe conosco. O que nos leva a desejar o bem do outro é a empatia, a nossa predisposição em trazer benefício àquilo em que nos enxergamos. Se Deus for realmente tão grande quanto dizem, como Ele seria capaz de se ver na dor alheia? Se a diferença que há entre Deus e o homem é infinitamente maior do que a que há entre um homem e um verme, ou Deus não se importa conosco ou deveríamos ser mais bondosos com os vermes que conhecemos. Se Deus é muito superior ao homem, morrer por um "verme humano" é um péssimo negócio.

O que nos faz valorizar as coisas é simplesmente o fato de podermos perde-las. Se Deus, entretanto, sempre tem a capacidade de tirar benefícios de todas as coisas, acho que não exista algum motivo para Ele dar atenção à nossa existência. Se é possível fazer um mundo melhor, sem precisar trazer os dinossauros de volta à vida, acho que o mesmo vale para a humanidade.

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