segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Sobre O Método Histórico-Crítico E O Relativismo

Eu acho o método-histórico muito interessante, entretanto, reconheço as suas fragilidades básicas. Talvez porque o teólogos não têm sabido fazer uso devido dele. O método histórico-crítico não pode ser utilizado para dizer se determinada sentença é verdadeira ou falsa, plausível ou implausível, pois isso já seria uma falácia genética. Eu posso explicar a crença de terminadas pessoas dado o lugar que elas ocupam no espaço-tempo, mas a veracidade dela já pertence a um outro campo. Não é errado dizer que alguns escritores do Antigo Testamento apresentavam a opinião de suas épocas quando defendiam o apedrejamento dos próprios filhos e negavam a existência de vida além do túmulo, mas eu não seria capaz de falar sobre a implausibilidade delas apenas a partir disso. A crença cristã na eternidade, assim como a crença na existência do diabo, também possui influência cultural por parte do zoroastrismo e nem por isso chega a ser contestada. Ambas as perspectivas podem ser verdadeiras, não importa se é a mais recente (que não pode ser verdeira por ser mais nova, falácia ad novitatem) ou se é a mais antiga (que não pode ser verdadeira por ser mais antiga, falácia ad antiquitatem). Haveria também a necessidade de se dar alguma razão para pensar que a minha crença também não esteja sujeita à minha cultura. Até mesmo o fato dela ser transcultural não é uma razão para estar imune à mesma objeção, já que ela possui uma natureza etnocêntrica qualquer etnia pode estar correta desde que seja o centro. Para ser sincero, a minha crença nem mesmo precisaria ter uma fonte cultural para poder estar errada. Se analisar as fontes da crença for um critério suficiente para descartá-la, eu teria que negar que a minha crença tenha outras formas de fontes, mesmo não-culturais, e inferir que se ela possuir influencias emocionais, biológicas ou psicológicas é falsa. As pessoas são cristãs porque possuem influências culturais e as ateias são ateias pelo mesmo motivo. Isso não quer dizer que ambas estejam erradas. Comportamentalmente eu não acho que mude alguma coisa. O fato de termos gostos e valores diferentes dos nossos antepassados e dos nossos sucessores não quer dizer que devemos revê-los, quer dizer apenas que não devemos entendê-los como absolutos e transculturais.

Eu não sei se eu gosto de Deus porque, caso Ele exista, eu não sei como Ele é. Eu sei o que as pessoas costumam falar sobre Ele, mas isso é algo muito diferente. É fato que eu não seria capaz de gostar de algumas coisas simplesmente porque descobri que Deus gosta delas. Se eu gostar de Deus será porque eu vejo nele algo que gosto. Antes de me perguntar se eu amo a Deus, deveriam me explicar sobre qual Deus estamos falando.

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