sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sobre Cobiçar A Mulher Do Próximo

O discurso que envolve a "propriedade" é bem abrangente. Não se limita ao que é meu, pois também trata do que "deve" ser meu. Aqui começa um problema que geralmente é "resolvido" através do igualitarismo. Entretanto, a divisão igualitária é simplesmente uma entre tantas outras que são determinadas pela subjetividade. Toda distribuição está sujeita à acordos sociais. Em uma sociedade monogâmica eu tenho o direito de ter apenas uma esposa, mas o mesmo não valeria para outras sociedades. Como devemos conciliar o princípio da igualdade com o "respeito" às autoridades? Desejar a coroa de um rei é uma forma de cobiça inaceitável para um servo da majestade, mas não para um revolucionário. Para o revolucionário o mundo é de todos e o rei só está se beneficiando inapropriadamente dele. Robin Hood só é um bandido aos olhos dos que acreditam que devem algo ao rei, mas não para os que se cansaram da monarquia. Os sem-terra estão cobiçando o território que é do próximo, mas que "não deveria" pertencer a ele. Se eu vou para a rua vender sorvete, estou cobiçando os clientes de quem ali já vendia balas. Se eu desejo ser o futuro campeão da liga de vôlei, estarei cobiçando o título do atual campeão. É certo que atualmente qualquer pessoa negaria que a mulher seja uma propriedade do homem. Por que não há nenhum mandamento bíblico dizendo explicitamente que é pecado cobiçar o homem da próxima? Por mais incrível que pareça, o amigo que mais fantasia com a sua esposa pode ser a pessoa no mundo que menos estaria disposta a trair a sua amizade. Se o diabo cobiçou o trono de Deus, estamos a todo momento cientes de que Deus cobiça as almas que o diabo fez amar a tentação. Não vejo problema algum em cobiçar algo do próximo, desde que esta cobiça não cause injustiça. Tá legal, eu não acredito em justiça, mas acho que me fiz entender. O mundo que eu posso imaginar não pode estar sujeito às regras deste mundo em que vivo. Nele o meu amigo não é casado.

Os cristãos são muito duros quando dizem que os gays irão para o inferno. Não há compaixão por parte deles. Eles são curtos e grossos. Se, entretanto, perguntarmos se os fumantes dos séculos passados estariam condenados por "desonrarem" o templo do Espírito Santo, eles dirão que, naquele tempo, os fumantes não possuíam ciência de que a prática de fumar faz mal à saúde. Também dirão que várias pessoas que cometeram aborto serão perdoadas por Deus porque a discussão sobre a humanidade do feto sempre foi muito discutida e acalorada. Há aqueles que dizem que mesmo que fosse obrigatória a guarda do sábado, Deus compreenderia os não-sabatistas pelo fato de a doutrina sabática ter sido tão desvirtuada posteriormente. Por acaso, os gays sabem que a homossexualidade faz "mal"? Caso a homossexualidade cause o mal, o "mal" que ela faz não é algo tão explícito assim. Se Deus pode entender abortistas e fumantes, por que Ele não pode compreender os gays também, mesmo que os gays estejam "errados"? Estou convencido de, que segundo alguns valores da moral comum, que mesmo que o homossexualismo fosse um pecado, Deus haveria de tolerá-lo. Se Deus puderia tolerá-lo, por que eu não poderia também?

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