domingo, 15 de setembro de 2013

Aborto, Reflexão E Dilemas Filosóficos

Se uma mulher deve ter o direito de tirar a vida de um ser que está dentro de seu útero, eu tenho o direito de derrubar a minha casa com quem estiver dentro dela? Se a morte clínica se dá com a morte do cérebro, nada mais coerente do que dizer que o surgimento do sistema nervoso é muito mais relevante do que a simples concepção. Entretanto, se o rico não possui obrigações legais diante dos que padecem de fome, por que tais mulheres (e homens) deveriam ter? Parece-me que o luxo deveria ser considerado um crime. Qual é a diferença entre não parar para socorrer um acidentado no trânsito e não alimentar um faminto?

A justificação do aborto em caso de estupro pode até existir, já que uma pessoa não possui obrigações legais de oferecer os seus órgãos como meio para sustentação da vida do outro. Pode-se pensar que é absurdo destruir uma outra vítima (a criança) quando não devemos nem mesmo destruir o estuprador, entretanto, doar os  órgãos é algo opcional, mesmo depois de morto. Eu não preciso de dois ríns, mas não me obrigam a doar um deles nem dividí-lo com quem precisa mais do que eu. Pensam que, apesar da destruição alheia, eu tenho um direito inviolável sobre o meu corpo. A pessoa em formação, que precisa do meu útero, do meu coração, do meu pulmão, também estaria sujeito ao mesmo princípio. O estranho, porém, é que não dar a mão para socorrer quem está pendurado em um penhasco já é considerado crime. Quanta confusão!

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