Desde cedo percebi que o problema da teologia é que tudo pode ser justificado, depende apenas de qual versículo bíblico eu use. Com a moral, entretanto, é a mesma coisa. Tudo depende do pressuposto que eu adote ou priorize. Se eu acho agressivo filmar uma mulher que, desapercebida, troca a roupa na cabine de uma loja, devo achar agressivo espiar a sua calcinha em um descuidado cruzar de pernas ou admirar os seus seios quando o seu vestido escorregar. Talvez o pensamento seja uma forma de estupro e um perfeito egoísmo. Tudo depende dos pressupostos adotados. Se, porém, eu posso imaginar que alguém queira se matar e peça para que eu faça isso, eu posso imaginar que tal mulher me deseja quando ela não me deseja de fato.
Segundo um amigo, a zoofilia é condenável quando um animal demonstra desinteresse no coito. Bem, isso pode ser considerado um estupro. Entretanto, o mesmo já ocorre no meio animal há séculos e, de acordo com certo pressuposto, deveríamos impedir que o mesmo acontecesse.
A única forma de se fazer oposição ao aborto antes da formação cerebral é se tornando vegano. Ninguém está nem aí para preservar a vida dos espermatozóides nem de outras células do corpo. Toda parte do corpo é um ser humano em potencial.
Se Deus não nos tenta mais do que podemos suportar, cometer qualquer crime, mesmo sob alguma forma de opressão, é injustificável.
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