sexta-feira, 27 de abril de 2012

Se Eu Sinto a Deus?

Se esta pergunta me fosse feita há 10 anos eu diria que certamente sim. Se fosse feita há 6 meses eu diria que não, mas hoje eu prefiro dizer que não sei. Talvez sim, talvez não. Não posso dizer que senti a "presença de Deus" simplesmente porque fui à igreja e ouvi uma mensagem bonita. E não é só porque as pregações que ouço lá me dão sono ou me fazem revirar de agonia nos bancos, mas porque eu não sei se posso apelar para este tipo de experiencia para certificar-me de que Deus existe. Isto independe de eu ter me tornado cristão, parado de beber, ter saído da depressão ou parado de trair minha mulher e bater em meus filhos. Estas coisas, apesar de serem uma forma de se experimentar a existência de Deus na minha vida, não são uma prova matemática de Sua existência. A expressão "experiencia religiosa" é muito frágil neste sentido e pode não ter nenhum significado real no fim das contas. É fraca epistemologia.

Não creio que baseadas nestes tipos de experiencias as pessoas possam estar convictas da existência de Deus ou de Seu propósito para a vida delas. Não creio no "argumento experiencial" como é proposto pelos teístas que conheço. Deus, muitas vezes, nos toca com um de Seus braços e devido ao grande número de toques que recebemos não conseguimos sequer identificá-los. Há um grande número de vozes, de cheiros, de olhares... Para ter certeza de que senti a mão de Deus em meus ombros não basta dizer que estes me consolaram, me ensinaram uma difícil lição ou me mostraram um caminho a se seguir. Preciso saber qual é a cor de seus braços, o cheiro que exalam, o corpo que a acompanham.... Me tocaram, é inegável. Só não sei dizer quem foi. Eu perguntaria o mesmo que Jesus peguntou aos seus discípulos.

Quando me casar e tiver filhos, se eu os tiver, poderei oferecer aquilo que o cristianismo me ofereceu. Não é frigidez espiritual da minha parte. A religião cristã grita em meu coração.

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