A crença de que Jesus morreu para pagar os nossos pecados, como bem lembra Slavoj Žižek, é contraditória: "ou o próprio Deus demanda essa retaliação, i.e., Cristo se sacrifica como o representante da humanidade para satisfazer a necessidade de retribuição a Deus seu pai; ou Deus não é onipotente i.e., Ele é, como um herói trágico grego, subordinado a um Destino maior: Seu
ato de criação, como o ato fatídico de um herói grego, traz terríveis
conseqüências inesperadas, e a única maneira para que ele restabeleça o
equilíbrio de justiça é sacrificar o que Lhe é mais precioso, Seu próprio filho
– neste sentido, o próprio Deus é o derradeiro Abraão. O problema fundamental da
cristologia é o de como evitar essas duas leituras do sacrifício de Cristo que
se impõem como óbvias: Qualquer ideia de que Deus ‘necessita’ de
reparação, seja de nós ou de nossos representantes deveria ser banida, bem como
a ideia de que há algum tipo de ordem moral que está acima de Deus e à qual Ele
deve se conformar exigindo reparação.[ii]"
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