quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Sofrimento E O Deus-Lagarta

Não vejo sentido em falar sobre "limites do mundo natural", pois as chamadas "leis da natureza", como é o caso da gravidade, são simplesmente descrições e não há nada além da observação da relação entre eventos para garanti-las como certas. Se há algum "limite" para o mundo natural é a lógica e este é o limite de qualquer mundo que possa existir. Por isso é equivocado usar os termos "milagre" e "sobrenatural" ou pensar que seja impossível a minha própria "divindade" se eu cogito o divino. O que significa ser "deus" ou "sobrenatural"? "Sobrenatural" parece dar a ideia de algo que está acima da natureza. Deus, se existe, possui uma natureza e não pode estar acima dela. Alguém pode dizer que o fato de eu nunca ter visto alguém ressuscitar e ir para o céu não quer dizer que isso não irá acontecer. Entretanto, o fato de eu não ser capaz de ressuscitar pessoas hoje não quer dizer necessariamente que eu não poderei fazer isso amanhã. Se eu tenho certeza de que existo, mas não estou certo sobre o Outro, e tanto eu quanto o Outro poderemos fazer isso um dia, nada mais sóbrio do que adorar a mim mesmo. Posso dizer que não existo desde sempre, mas se posso ser eterno, como pensam alguns religiosos, eu posso ser um deus sem o saber no momento, uma divindade em evolução. A divindade em evolução é a menos absurda. É o deus que nasce como lagarta e que só poderá nos levar às flores depois de tornar-se uma borboleta. É um deus que não é totalmente dono de si mesmo e que explica o sofrimento no mundo. É uma lagarta insensível, egoísta, comilona e estúpida hoje que se tornará a nossa luz verde amanhã, um deus que evolui com o restante do universo.

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