segunda-feira, 7 de março de 2011

Jesus, O Pecado Humano e a Doutrina da Expiação Substitutiva

Uma crença defendida pela grande maioria dos teólogos é que nenhum de nós poderia ser salvo se Jesus não morresse em nosso lugar. Que Jesus é uma figura indescartável em nosso sistema soteriológico isto é uma realidade. Não é disso que eu tenho interesse em tratar. Creio que para não ser mal compreendido devo fazer uma clara distinção entre as duas crenças.

A primeira crença se baseia em nossos valores socio-culturais que nos ensinam que determinada pessoa, mesmo arrependida, deve em qualquer caso sofrer algum tipo de punição por cometer determinado delito. Mas isto é um mito. O fato de termos pecado contra Deus não quer dizer que Ele tenha que nos castigar por isso e muito menos castigar uma Outra Pessoa em nosso lugar se quiser nos salvar. Esta idéia de "alguém tem que pagar o pato" não é uma visão que esteja de acordo com muitos dos valores que podemos encontrar na figura de Jesus Cristo e Sua pregação que defendia uma visão mais simples de perdão onde um "Vá e não peques mais" é o suficiente. A verdadeira perspectiva vai muito além disso que se desenvolveu nos rituais expiatórios do Antigo Testamento.

Muitos teólogos não se limitam à pregação de que Jesus morreu por nós, mas dizem que Ele morreria mesmo se fosse pra que um único homem se salvasse ou que se existirem ou existissem seres inteligentes em outro planeta que caíram ou caíssem no pecado Jesus encarnaria também nele e morreria pelos pecadores extraterrestres. Não passa porém, de mera especulação, que a meu ver é bem problemática. Além disso, nada de incontestável nos garante que estas perspectivas sejam verdadeiras.

Prova da minha alegação é que o próprio Jesus não cria nesta perspectiva e que podemos perceber isso quando pediu ao Pai que se possível afastasse dEle aquele amargo cálice. Como pode-se perceber Jesus não cria na mesma postura adotada pela teologia contemporânea. Se Jesus cria que havia uma possibilidade de que Sua morte não fosse "tão necessária" não teria perguntado isso. Para Jesus, Seu Pai possuia outros motivos, não esse tradicionalmente defendido, para a Sua morte. Deus, creio eu, queria ensinar a troca, o perdão, o amor e fazer-nos entender a gravidade do pecado e a dor divina ao se deparar com o pecado humano. Deus queria dizer que apenas nEle se encontra a solução para todo o delito humano.

Não quero dizer que Cristo não morreu por nós e em nosso lugar, mas sim que Sua morte (não somente a morte física) não é necessária no sentido que os cristãos pensam hoje.

Esta perspectiva não diminui o Cristo ao dizer que Sua morte não é (no sentido descrito) necessária à Salvação humana, mas o exalta ao dizer que Cristo morreu mesmo sem ter a necessidade de morrer, por simples obediência ao Seu Pai e amor aos seus eleitos. A idéia de "bode expiatório" creio que não mais expressa o verdadeiro significado da morte messiânica devido ao caráter pejorativo que a expressão ganhou. Deus não é nenhuma divindade sedenta por sangue custe o que custar.

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