Era grande o reboliço. Todos estavam com cara de panacas diante da presença ilustre do rabino e de uma mulher acusada de adultério.
- Atire a primeira pedra aquele que nunca pecou! - provocou o rabino.
- Não diga tal bobagem, amigo! Queres, porventura, que todos aqui presentes apedrejem tão pobre mulher?! - respondi.
- Em verdade te digo que não há, além de mim, nenhum homem aqui que não seja pecador.
- Com sinceridade te informo que ninguém mais acredita em pecados hoje em dia, senhor. Certamente a apedrejarão se atenderem ao teu pedido.
- Há, entretanto, aqueles que creem em meu pai e na existência do pecado. Estes receberam a revelação da divina providência.
- Sim, de fato existem ainda aqueles que acreditam em pecado, mas como não podes me convencer de que tal coisa existe, não podes também acusar-me de tê-lo cometido. Resta-lhe dizer apenas que já feri a lei dos homens, o que não seria pecado, pois tu mesmo as quebra ao meio. O termo "pecado" possui caráter estritamente religioso e não sinto-me obrigado a denominar-me como tal. Apedreja-la-ei? Não! Meu filho é jovem demais para pecar. Confesso-lhe que ele não possui em seus punhos força suficiente para lançar uma pedra e ferir a cabeça de tão pobre mulher. Afirmo-lhe, porém, que com a ajuda de uma alavanca ele pode muito bem derrubar uma pesada rocha sobre ela e tirar-lhe a vida.
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