domingo, 23 de outubro de 2011

Argumento Experiencial

Possuo alguma divergências com Craig e Plantinga quanto ao argumento experiêncial, mas também, ao meu ver, as experiências pessoais aqui sejam válidas. Eu creio que o argumento experiêncial não precisa limitar-se necessariamente à uma experiência direta com Deus. Qualquer possível experiência sobrenatural seria suficiente para pelo menos propor a possibilidade do sobrenatural como uma realidade.

Eu não saberia dizer se realmente todos os cristãos poderiam se basear em uma experiência sobrenatural com Deus para confirmar a sua crença, mas tenho uma tendência para não crer nisto. Eu posso falar por mim. Acho que uma vez que os cristãos pensam que Deus existe, ou pelo menos, reconhecem esta possibilidade não há motivo real para Deus se manifestar. Deus, através de Sua providência ordinária poderia propor um mundo onde as pessoas creiam n'Ele mesmo sem apresentar um motivo racional para a crença em Sua existência. Eu sou uma pessoa muito questionadora e é interessante que somente passei a conhecer motivos reais para crer em Deus quando me vi diante do niilismo e do cientificismo ateista. A verdade, por mais cruel que ela fosse, me interessava muito. Realmente existem motivos muito bons para crer que Deus existe e eu sem os conhecer já cria. Esta posição teológica pode ficar ainda mais robusta quando eu creio que os ateus possam ser salvos, mesmo não crendo em Deus.

Não penso que todo argumento experiêncial seja válido, mas não tenho também nenhuma obrigação de provar para os outros a minha experiência. Primeiramente, porque a minha crença pode ser racional independentemente de eu ter a capacidade de provar isto para as demais pessoas. E depois não creio que o ceticismo honesto leve alguém ao inferno, isso se eu acreditasse no inferno. Se é razoável questionar deve ser razoável viver o questionamento. Deixar de trair a esposa, sair do alcoolismo e passar a estar mais de acordo com a moral comum, para mim não são um argumento razoável para crer na veracidade de uma religião ou do sobrenatural. No meu ver elas possuem mais um efeito emocional do que qualquer outra coisa.

Eu posso dizer que eu possuo algumas experiências sobrenaturais. Também muitos outros cristãos e não cristãos alegam também ter tido. Algumas delas realmente são bem simplórias, mas não poderia dizer que seriam todas.

Lembrando que uma vez que eu sou adépto do inclusivismo, não tenho qualquer obrigação, seja ela moral ou simplesmente lógica, de levantar objeções as experiências de pessoas com religiões e posições teologicas bem diferentes das minhas. Se proponho, por exemplo, o argumento ressurrecional não tenho obrigação de derrubar os argumentos de outros grupos religiosos. Dizer que os adéptos de outras religiões também possuem argumentos ou experiências sobrenaturais está longe de ser uma grande objeção ao sobrenaturalismo.

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