Pelo que podemos verificar nos escritos neotestamentários este parece ser o caso. Segundo Paulo e os demais escritores, Jesus esteve totalmente em um estado de "sono" e sujeito ao socorro divino. Existem vários textos que defendem esta idéia. Pedro, por exemplo, em Atos 2 cita o Salmo 16. 8 ao falar sobre Jesus e defende o aniquilacionismo nos versículos 34 e 35 ao dizer:
"Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés."
Ao contrário do que Norman Geisler afirma em seu livro Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia, Pedro não diz que Davi não subiu corporalmente ao céu, mas sim que Davi realmente não subiu. O apóstolo ensina que Davi não preenche os requisitos necessários, que não é um morto que está a direita de Deus. Somente Jesus depois de ressussitado, segundo ele, preenche a citação.
Paulo também em 1 Corintios 15. 20 fala acerca da morte de Jesus: "Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem." Na visão paulina, Jesus "dormiu" assim como todos os demais mortos.
Diante desta afirmação vejo que é necessário que coloquemos a doutrina bíblica da inerrância em questão, pois como conhecedor das obras de Anselmo de Cantuária, René Descartes e demais obras filosóficas cristãs vejo como um erro atribuir a Jesus a mesma condição dos outros mortos por vários motivos. Partindo da crença de que Jesus é Deus e que Deus é definido como um Ser perfeito e que uma das suas perfeições é a existência necessária, ou seja, não a simples existência, mas ser incapaz de não existir creio também que talvez os escritores bíblicos não possuiam consciência da implicação filosófica de se atribuir a Jesus a mesma condição dos demais mortos.
O aniquilacionismo e a divindade de Jesus são portanto inconciliáveis? Creio que não seja este o caso. Devemos lembrar que Jesus possuia uma dupla natureza. Partindo disso, podemos dizer que Ele é um caso à parte, pois houve apenas a aniquilação temporária de Sua natureza humana e que a Sua natureza divina, imortal, não física, eterna e necessária transcendeu à morte corpórea.
Assim Jesus, sendo Deus é um ser necessário em Sua natureza divina e o aniquilacionismo verdadeiro se aplicado apenas à natureza humana.
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