sábado, 16 de novembro de 2013

Sobre A Melancolia Na Arte

O paraíso, como a Bíblia o apresenta em certos momentos, é um lugar que não tolera a tristeza. Certamente, melancólico como eu sou, eu não poderia ter espaço nele. Como eu poderia viver em um lugar onde não sentisse a mesma angústia que sinto ao assistir "A Lista de Schindler", meu filme predileto, ler "Noites Brancas" e ouvir "Meditação (Thais)"? O que seria da minha vida sem o choro e o ranger de dentes, sem as tragédias gregas, sem os cantos de lamentação, sem os salmos de desespero e desamparo, sem os poemas e poesias sobre amores não correspondidos, sem a vontade momentânea de cortar os pulsos? Qual é a graça de se ler "O Estrangeiro", "A Peste", "O Mito de Sísifo" e "A Náusea" em um lugar onde não podemos sentir o absurdo respirando em nosso cangote e nos rasgando aos pedaços? Nenhum, certamente nenhum.

É absurdo que as pessoas baseiam a sua moral em um livro que condena homossexuais, ateus e pagãos, mas que sequer cogita punir quem maltrata os animais ou se alimenta deles.

É ridículo ver alguém reclamar de um assalto, um ato arbitrário, e que defende um sistema onde o destino das pessoas está fadado ao seu nascimento.

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