Demônios existem? Eu prefiro dizer que não sei, mas acho bem razoável acreditar que eles realmente existem. Digo isto, baseado em vários exorcismos que pude presenciar em minha vida. Eu, particularmente, detesto isso, mas infelizmente (?) não sou eu o dono do mundo. Não acredito que a ciência tenha explicado este fenômeno ainda e que tudo o que ela tem a dizer só fica na teoria. E olha que eu procurei muito material sobre este assunto, mas as respostas são vagas e simplórias muitas vezes. A maior parte dos céticos não vê estas coisas com certa frequência. De qualquer forma, pude presenciar, e até mesmo realizar algumas vezes lá com meus 15 anos, exorcismos impressionantes. Com "impressionantes" não estou falando sobre gritos assustadores, contorções corporais e outras coisas do gênero. Meu ceticismo não iria permitir que eu desse crédito a um argumento tão ingênuo.
Estes são alguns dos motivos que algumas pessoas possuem para negar a existência de demônios:
1. Exorcismos neo-pentecostais;
2. Ausência de evidencia;
3. Contradições Bíblicas;
4. Irrecuperabilidade Moral dos Demônios;
5. Jesus Progressista e Fragilidade do Dogma da Inerrância Bíblica.
Bem, resolvi aceitar o desafio proposto por um amigo que adere a uma teologia ademonista e responder as questões que ele propõe nesta discussão tão acalorada. A aversão dele, pelo que pude perceber, possui basicamente três dificuldades, mas acho que as principais seriam emocionais e não intelectuais.
Ele diz que embora ontologicamente o conceito de "bem" dependa da existência de Deus, o conceito de "mal" não depende do diabo, que há uma tendência ao dualismo em vários sistemas religiosos e isto incluiria o cristianismo. Concordo veementemente com a primeira afirmação, mas mesmo assim, isto não quer dizer nada sobre a existência dos demônios. Os mesmos podem existir independentemente de o "mal" poder existir sem os demônios. Pessoas más também não existiriam, mas existem. Quanto à segunda afirmação não passa de uma falácia genética, não vejo porque me alongar nesta questão. Lembrando que uma vez que não existem evidências da existência de demônios a melhor a posição é a agnóstica, pois, como bem dizia Carl Sagan,
ausência de evidência não é evidência de ausência. Para crer na existência de demônios eu não preciso adotar o sensacionalismo evangélico, a teologia demonista tradicional, me tornar escravo intelectual e emocional dos exorcistas pentecostais e neo-pentecostais, dar crédito às pregações dos possíveis possessos, deixar de abrir mão da possibilidade de algumas pessoas estarem apenas hipnotizadas ou mentalmente doentes, etc.
Assim como existem afirmações bíblicas contraditórias sobre Deus e sobre o homem, e mesmo assim ambos existem, por qual motivo também não poderiam existir os demônios? Simplesmente dizer que o Gênesis apresenta um mito babilônico sobre anjos caídos atraídos por mulheres não prova nada. Dizer que as leituras feitas dos livros de Isaías e Ezequiel, sobre os reis da Babilônia e da Pérsia, são equivocadas também não resolve nada. Não é preciso também crer que os anjos caídos realmente sejam irrecuperáveis e que nenhum tenha se arrependido e voltado ao primeiro estado, mas isto fica na base da alta especulação.
Penso também que uma teologia demonista não precisa necessariamente incluir a crença na realidade, nem da possibilidade de exorcismos. Eu poderia também aderir a uma teologia onde somente os exorcismos de Jesus e dos pioneiros da fé seriam válidos. Mas já que Jesus disse que muitos exorcistas fariam uso dos mesmos e que, apesar disso, não teriam nada de cristãos qual seria o problema?... Principalmente quando sabemos que os demônios são mentirosos e caluniadores. Não deixa de ser um
ad hominem. Seria então a objeção de que os exorcistas são bandidos coerente? É algo para se pensar.
_