quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Empirismo, Evidencialismo, Eu E Deus

Quando a questão é a existência de Deus eu não sou evidencialista, nem empirista. Aliás, quem se diz evidencialista ou empirista neste ponto não sabe nada sobre a questão que envolve a existência de Deus. Quando falamos sobre Deus não estamos falando sobre um ente físico, mas sim metafísico. Não faz sentido ignorar que o próprio princípio de verificabilidade empírica não pode ser verificado empiricamente. Negar a metafísica é algo extremamente tolo.

Não é possível também se evidencializar a existência ou a inexistência de Deus. Nunca seremos capazes de fazermos isso. Simplesmente apelar para uma possível causa para o universo, para a morte dos dinossauros ou evento de difícil explicação não pode abarcar a totalidade dos atributos divinos, nem conferi-los necessariamente à apenas uma fonte. É impossível falar sobre onipotência, moralidade objetiva, onisciência, etc. No máximo, no máximo mesmo, sobre um grande poder, um grande conhecimento ou um grande senso de justiça. Um outro problema sério do evidencialismo é que ausência de evidencia, seja ela qual for, não é necessariamente evidencia de ausência.

Qual seria o meu motivo para crer na existência de Deus? Bem, eu não sei se existe apenas um motivo para isso, nem qual seria o motivo mais importante. A própria possibilidade de eu crer em Deus porque Deus quer que eu creia nele pode ser um motivo. Eu creio em Deus não simplesmente porque quero crer, mas porque sou incapaz de não crer. A própria possibilidade de existir é uma razão para eu crer. Não porque só um Deus pessoal possa trazer sentido objetivo à minha existência, algo que discordo, mas por causa da minha necessidade de relacionamento. Este é o principal motivo de eu crer em um Deus Pessoal: eu sou uma pessoa. Este é o motivo também de eu querer casar com uma mulher e não com uma cobra ou uma pedra, nem com uma mulher que se comporte como uma cobra ou uma pedra.  Este instinto que envolve esta necessidade de relacionamento tem a função de preservar a espécie. É também o motivo de valorizarmos mais a raça humana do que as demais. A lógica é "salvemos a nós mesmos e aos demais, se possível." Os demais são também, em algum sentido, pedaços de nós mesmos. Há um certo "egoísmo" universal inegável. A pergunta a ser feita é: até onde este instinto é verdadeiro?

Os instintos são confiáveis até certo ponto. Até mesmo os que parecem ser obviamente falsos são verdadeiros até certas circunstancias. Sabemos que os mosquitos se equivocam ao se lançarem contra a lâmpada acesa e acabam por morrer. Os mosquitos não sabem muita coisa sobre as lampadas, assim como nós não sabemos muita coisa sobre o mundo.

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