sábado, 17 de setembro de 2011

Craig e os Não Evangelizados II

O Craig faz uma crítica muito mal elaborada do texto bíblico, além de não fornecer nenhuma prova para a sua visão. Ele a apresenta apenas como uma entre tantas visões alternativas que podem ser propostas.

Quando olhamos para o Antigo Testamento "o problema dos não evangelizados" praticamente não existia já que o texto é fruto de um povo com uma visão de um Deus nacionalista. Somente a partir da figura de Jesus e da pregação paulina o Deus judaico-cristão começa um processo de universalização significativa de Sua mensagem.

Craig tem defendido que todos os que morrem sem a capacidade de conhecer o cristianismo estão definitivamente perdidos, mas isto é algo muito questionável. Como poderíamos ter certeza disso? Se ele estiver se baseando em Romanos deve-se lembrar também que o texto em questão afirma que os que adoram imagens de divindades pagãs estão em pecado porque é bem "óbvio" de que não se trata de uma adoração feita ao Único e verdadeiro Deus. Mas isto também é uma outra afirmação muito questionável por parte do autor de Romanos. Esta, segundo Paulo, é a causa do estado de pecaminosidade destas pessoas e o Craig ignora isto. Paulo não diz que seria a não aceitação que poderia ser feita pelo "pagão" ao receber a mensagem, mas sim a rejeição ao Deus tão óbvio apresentado pela natureza.

"Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu."

O texto diz claramente que eles CONHECERAM ao Deus único e verdadeiro através da natureza e o ignoraram para adorar as imagens de deuses pagãos. Mas como é que todas as pessoas podem ser condenadas porque não conseguiram descobrir o verdadeiro Deus simplesmente olhando para o céu azul? Esta certamente não é a coisa mais óbvia do planeta.

Pode-se dizer que Paulo foi o primeiro cristão a considerar seriamente o "problema dos não evangelizados" e a meu ver falhou.

Voltando ao Antigo Testamento, deve-se lembrar que ele já havia criado um ambiente hostil à idéia de "outras divindades" devido a uma influência do patriotismo sobre as visões teológicas dos judeus e dos demais povos e este é possivelmente a causa da aversão paulina a idéia de "outros deuses" dos gentios.

Também creio que a crença de que escolhas significativas não podem ser feitas após a morte é bem questionável e uma vez fazendo este questionamento, penso, podemos resolver muitas coisas sobre o paradoxo com maior facilidade.

Eu tenho dois textos acerca de minha crença sobre os que morrem sem conhecer o Evangelho. Sou inclusivista. Não universalista.

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