Existem vários humanistas que apegados ao seu secularismo opõem-se fervorosamente ao teismo afirmando que a religião é essencialmente violenta e uma forma de exploração popular. Que a religião é utilizada para a prática violenta e para a exploração não há dúvida alguma. Mas creio que a afirmação de que a religião é necessariamente uma forma de alienação social é muito ousada, pois mesmo que todas as religiões do mundo estimulassem a violência, a exploração e várias outras práticas tidas como negativas ainda assim não teriamos poder para afirmar que a religião não pode em qualquer caso fazer o bem, ou até mesmo que seja provávelmente tendenciosa para algo mal. Isto iria simplesmente significar que a maioria das pessoas a utilizaria para fins não muito corretos. As esferas políticas, famíliares, socias, etc. estão sujeitas ao mesmo problema e não podemos inferir que todas elas são necessariamente negativas. Elas podem ser tanto utilizadas para o bem quanto para o mal.
Lógicamente a objeção destas pessoas não se concentra meramente na afirmação de que a religiosidade leva à violência e à exploração, mas também na crença de que estas coisas são más. A simples alegação de que a religião gera alienação não seria suficiente para revelar a sua negatividade:
a) A religião gera necessariamente a violência e a exploração;
b) Logo, toda religião é má.
Nem todas as formas de religião geram estes desajustes sociais. A primeira premissa é falsa se quiser alegar isto. Além disso, nós damos um grande salto entre ela e a conclusão ao desconsiderar uma premissa oculta, pois elas somente serão coerentes se nós revelarmos uma premissa que nos leva ao argumento moral tanto utilizado pelo teísmo:
a) X gera a violência e a exploração;
b) A violência e a exploração são coisas más;c) Logo, x é mal.
Se o ateísmo é verdadeiro a conclusão a que chegamos é a de que a violência e a exploração não podem ser coisas objetivamente negativas, mas simplesmente práticas desagradáveis ou socialmente impopulares. Seria o mesmo que alguém propor:
a) A religião é amarela;
b) Logo, toda religião é má.
Para que uma coisa possa ser má é necessário que Deus exista. Tal alegação implica no teismo e na realidade da religiosidade. Sou levado então a crer que a religião não é necessariamente má, mas uma forma de se ter ou buscar um contato com este Ser moralmente perfeito.
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